Prefácio

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Prefácio


                                                               O nascimento de uma nova tragédia


"Quem deseja sofre; quem vive deseja; a vida é dor. Quanto mais elevado é o espírito do homem, mais sofre. A vida não é mais do que uma luta pela existência com a certeza de sermos vencidos. Se é certo que um Deus fez este mundo, não queria eu ser esse Deus: as dores do mundo dilacerariam o meu coração. Se quereis saber a diferença entre o prazer e a dor, observai as expressões do animal que devora a outro, com a expressão do animal devorado." Foi com essas palavras que tudo começou. Já faz treze anos que encontrei esses escritos do filósofo alemão Arthur Schopenhauer e a partir desse dia o meu pensamento mudaria para sempre.

No ano de 2006 comecei a ler os escritos daquele filósofo e alguma coisa inexplicável aconteceu dentro de mim. A cada instante que se passava, à medida que aquelas palavras eram lidas, retornavam à minha consciência lembranças antigas das quais não consigo descrevê-las, despertando-me algum tipo de inspiração filosófica. De forma muita estranha era como se eu já o conhecesse de outra época, era como se Schopenhauer já tivesse sido alguém muito importante para mim, embora fosse a primeira vez que tivesse contato com a sua obra. Pior ainda é a sensação de olhar a sua fotografia, é fazer acordar em mim uma força adormecida. Passei os últimos seis anos longe da filosofia, mas alguma coisa inexplicável tem me incomodado recentemente, para a sorte do leitor guardei alguns escritos daquela época (2009-2013), que agora foram revisados e estão reunidos neste livro, O Desespero da Existência (2019).

Durante muito tempo achei que estes pensamentos deveriam ser ignorados, que provavelmente só trariam infelicidade e por isso deveriam ser esquecidos. Deus me deu um fardo no qual consigo suportá-lo, mas não posso pressupor que os outros também o consigam carregá-lo, tem homens que já conhecem o seu destino e não podem recusá-lo. O que os leitores devem esperar deste livro por sua conta e risco? Sinceridade, questionamento, ironia, contradição, senso crítico, sublimidade e pessimismo. E a felicidade? Não posso prometê-la, mas aqui certamente existe um plano superior. Não me importa se vós concordais com as minhas ideias, pelo contrário, o meu objetivo não é o convencimento de ninguém, tão somente proporcionar inquietações psicológicas para o questionamento e a reflexão sobre o que é o homem e o mundo.

Maio de 2019

Caio Brito

O Desespero da Existência: Aforismos, máximas e reflexões de filosofiaWhere stories live. Discover now