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Ter nascido rico sempre me trouxe diversas vantagens, já que o dinheiro sempre pôde comprar todos os brinquedos que eu queria, pagou as melhores escolas, a melhor faculdade... Mas no momento a maior vantagem que eu já possuí na vida foi a de nunca ter precisado fazer as malas quando morava com os meus pais. Era incrível simplesmente acordar no dia da viagem e encontrar duas mochilas de rodinha perto da minha cama com tudo feito e bem dobrado, como se fosse mágica.
O que é completamente diferente da situação que eu me encontro agora tentando fazer minhas roupas e outros itens caberem apenas em uma mala simples e de mão.

Completamente impossível.

Bufo ao tentar mais uma vez fazer os sapatos encaixarem no espaço lateral da mala, desistindo e jogando-os para o chão. Me deito na cama ao lado da mala, encarando-a sem saber o que fazer. Não quero levar mais roupas para poder comprar algumas peças em Paris, além de que passarei apenas o final de semana lá, então não faz sentido uma mala grande, mas a matemática não estava funcionando nesse momento, já que não conseguia colocar tudo o que eu queria de uma forma compacta em uma mala menor. Geometria? Completamente inútil na vida adulta, os professores mentem quando dizem que em algum momento vamos usar ela depois da escola, já que não funciona para resolver problemas.

Enquanto eu permaneço encarando minhas coisas espalhadas pela cama, me lembro da única pessoa que poderia me ajudar nesse momento. Levanto rapidamente à procura do meu celular, e assim que eu o encontro, disco para o número no final da lista de contatos, esperando ser atendido.

― Alô?

― Er... Eu falo com Zayn Malik?

― Sim, quem é? ― O grande babaca nem sequer tem mais meu número salvo.

― Sou eu, Louis. ― Anuncio.

― Louis?

― Sim, da faculdade.

― Eu sei que é o Louis da faculdade, só estou na dúvida do por quê você está me ligando, ainda mais tarde da noite.

― Preciso da sua ajuda, é urgente.

...

― Então o seu significado de urgente é uma mala estupidamente pequena para um excesso de bagagem?

Sorrio sem-graça pois Zayn, mesmo sendo tão rico quanto eu, sempre gostou de ser do tipo good vibes, despreocupado até o último fio de cabelo e, o melhor de tudo, nunca foi o típico burguês que grita com o garçom que errou o pedido ou com alguém que sujou seu sapato. A própria personificação da plenitude.

― Você pode me ajudar com isso? ― Peço, tentando uma cara de dó que faça ele ceder. Zayn me encara com uma expressão neutra, eu o sinto analisando até mesmo minha alma, o que me assusta, mas ainda quero sua ajuda.

― Tá bom. ― Ele concorda, me fazendo assentir em felicidade. ― Mas eu preciso saber o que você vai fazer em Paris.

Congelo com sua fala, porque não posso dizer a verdade sobre o que estou indo fazer em outro país. Harry aceitou numa boa quando eu disse que Niall sabia sobre nós, mas Niall é meu melhor amigo, Zayn...  Harry não tem nem ideia de quem ele seja. Não posso apenas soltar um “Ah, é que eu transo com um cara escondido há onze meses e mês passado ele decidiu que nós deveríamos fazer isso em Paris, para ser romântico, sabe?”. O problema é que Zayn me conhece bem o suficiente para saber quando eu estou mentindo. Moramos juntos por quase quatro anos durante a faculdade, ele teve que aprender a ler minha linguagem corporal porque eu sempre mentia quando ele perguntava onde estava seus cigarros, e a verdade é que eles estavam debaixo do meu travesseiro pois eu tinha preguiça de ir compra-los (o que acabou sendo benéfico para ele, que deixou de fumar por estar cansado de gastar dinheiro demais comprando cigarros para mim e para ele também, já que eu nunca comprava).

he's so afraid of falling in love  » l.s.Where stories live. Discover now