five

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― Espera... O Harry fez o quê? ― Niall me olha como se ele não pudesse entender o que eu disse.

― Ele me chamou para ir a Paris com ele. ― Meu amigo aparenta estar tão impressionado quanto eu estava quando Harry fez o pedido.
― E o que você respondeu?

― Eu disse a ele que iria pensar sobre. ― Respondo, ganhando um olhar julgador do loiro. ― O quê? Eu não posso dizer sim de uma vez. Eu não sou tão fácil assim. ― Ele cai na gargalhada, chamando a atenção de algumas pessoas ao nosso redor. Niall sempre é muito escandaloso, então já nem me incomodo mais com situações assim.

― Tomlinson, aprecio muito a forma como você gosta de se iludir. ― Ele comenta, tomando um gole de seu café.

― Eu não estou me iludindo, realmente vou pensar sobre. ― Rebato, podendo sentir um traço de indignação em minha voz, já que não tenho a confiança do meu próprio amigo. ― Não posso deixar Harry achar que um vinho e filmes alugados vão fazer eu aceitar qualquer coisa que ele me propõe.

― É, como se não tivesse sido assim nos últimos onze meses... ― Semicerro os olhos para Niall, o traidor.

― Do lado de quem você está, afinal? ― Questiono, enquanto faço minha melhor expressão de indignação para ele.

― Eu estou do lado da verdade, como o futuro advogado que eu serei deve estar. ― Um sorriso convencido estampa sua cara.

― Então você deveria estar contra o Harry. ― Eu argumento.

― Louis, eu não estou escolhendo lados. Eu nem conheço Harry direito e você é meu amigo, justamente por isso eu estou te dizendo, ele usa a mesma fórmula com você desde que começaram a transar escondido, e você sempre cai.

Sua fala me deixa pensativo por um momento, até que eu reviro os olhos para o que ele está dizendo.

― Cala a boca. ― É a minha resposta.

― Você está negando isso agora, mas aposto que de noite vai remoer o que eu falei e perceber que é a mais pura verdade. ― Niall me encara de forma séria, até mesmo segurando minhas mãos entre as suas para demonstrar que ele não está brincando sobre isso, o que é assustador.

Eu forço uma risada

― Até parece.

...

Niall sabia que ele estava certo, assim como eu sabia que eu estava errado.

Passo boa parte de minha madrugada acordado, revisando na memória todos os momentos em que Harry me magoou de alguma forma e todos os momentos em que ele me pediu desculpas nas entrelinhas... com vinhos e filmes alugados.

Acredito que esse seja o nosso clichê, afinal.

Vinhos e filmes, como um casal dos anos 80 ou 90. Não é ao todo ruim.

É claro que tudo faria mais sentido se nós de fato fossemos um casal, mas... se ele faz esse tipo de coisa, significa que ele se importa, certo?

Eu prefiro torcer para que a resposta seja sim.

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É uma quarta-feira a noite e eu me encontro preguiçosamente espalhado pelos lençóis macios da cama de Harry, que se encontra deitado em cima do meu peitoral enquanto eu faço carinho em seus cabelos ao que assistimos algum seriado bobo na TV, sem prestar atenção de fato.

Desvio meus olhos por um instante para o relógio que fica ao lado da televisão, ficando impressionado em como o tempo passou rápido demais, já são quase onze da noite, e amanhã eu preciso acordar cedo para ir trabalhar.

― Harry... eu tenho que ir. ― Anuncio, mas soa tão preguiçoso que ele nem se move. ― Harry?

Eu movo minha cabeça para o lado, tentando ver seu rosto. Harry está adormecido, o que me faz encará-lo com um sorriso pequeno nos lábios ao observar suas feições tão bonitas e tranquilas. Eu deixo um último carinho em seu cabelo e aos poucos vou me movendo para fora da cama, erguendo sua cabeça e colocando um travesseiro no local em que eu estava antes.

Visto minhas roupas em silêncio, tentando não acordá-lo, mas assim que pego minha carteira e a chave do carro que estão na cabeceira da cama, Harry desperta, seus olhos fechando de forma manhosa enquanto ele me encara.

― Saindo sem se despedir, Tomlinson? Quanta consideração. ― Ele provoca, e eu lanço um sorriso de lado e uma piscadela para ele.

― Sabe como é... Devassos não dizem adeus. Elas podem se apegar. ― Brinco, e ele franze o cenho para mim.

― Tenho quase certeza que esse comentário foi machista. ― Sua voz tem muita convicção, o que me faz revirar os olhos.

― E eu aprecio muito você ser tão entendido das causas sociais, mas infelizmente não tenho saco para isso.

― Deveria. ― Me adverte.

― Provavelmente sim. ― Eu assumo.

― Por que você já está indo? ― Ele se move na cama quando faz a pergunta, esticando seus braços e pernas por todo o espaço.

― Porque amanhã eu trabalho. ― Respondo, já na porta de seu quarto.

― Ah, é. Eu esqueci que você é todo... maduro. ― Eu dou risada do comentário.

― Maduro?

― É, você sabe. Trabalhar e essas coisas de adulto. Quando crescer quero ser igual a você. ― Ele me encara com um sorriso travesso tomando seus lábios, e tudo o que eu posso fazer é gargalhar e revirar os olhos para ele.

― Um dia você chega lá.

― Eu aposto que não. ― Sua resposta é um pouco mais amarga do que eu esperava.

― Você ainda é jovem, Harry. Vai chegar lá um dia, não se preocupe.

― Você falou igual o meu pai agora. ― É a única coisa que ele fala.

― Credo. Então... tchau, au revoir, adiós. ― Digo, já abrindo a porta.

― Ei, Louis. ― Ele chama e eu me viro para encará-lo de novo. ― Falando em au revoir... Você pensou na minha proposta?

― Que propost- Ah, Paris?

Oui. Antes que você me responda, eu só queria dizer que seria bom para nós dois... sair de Londres um pouco, sabe? Faria bem. ― Eu analiso bem o que Harry falou, e um gosto azedo toma conta da minha boca quando eu entendo o que ele disse.

― Faria bem no sentindo de que lá nós não precisaríamos fingir que não falamos um com outro? Ou faria bem no sentindo de que eu posso me iludir um pouco e fingir que temos um relacionamento?

― Louis... ― Ele me adverte, seu olhar se tornando mais sério ao me encarar. Respiro fundo, não é hora para isso e já está tarde, eu preciso ir para casa.

― Eu sei. Esquece o que eu disse. ― Ele assente, não olhando mais em minha direção. Eu me viro de novo, pronto para ir embora, até que ouço sua voz mais uma vez.

― E então... nós vamos? ― Ele soa receoso, provavelmente com medo de que eu o ataque mais uma vez.

― Vamos. ― Lhe lanço um sorriso, e a última coisa que eu vejo antes defechar a porta é ele ainda esparramado pela cama, assentindo, parecendocontente. 



[n/a]: olá meus beloveds 

finalmente voltei e até que foi mais rápido do que eu esperava...

como de praxe, quero agradecer bastante pelos votos e comentários que vocês tem deixado, eu fico muito feliz 

uma perguntinha: vocês conseguem perceber o rumo que a fic está tomando? 

he's so afraid of falling in love  » l.s.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora