44 - Aquele que entra em trabalho de parto

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Nove meses depois...

Sophia narrando

A tarde de verão estava agradável quando chegamos ao local onde seria o casamento de Theo e Mandy, nossos melhores amigos. Eu sustentava uma barriga em minha última semana de gestação, sentindo-me enorme no vestido de madrinha. Naquele dia em particular, minhas costas doíam e meus pés pareciam do tamanho de dois tijolos.

A cerimônia se iniciou, então, eu e Victor, nos posicionamos em nossos lugares na lateral do altar, cada um de um lado. Meu esposo olhou para mim e sorriu. Eu era grata a Deus pelo homem maravilhoso que ele havia se tornado. Juntos, estávamos crescendo na fé e aprendendo o quanto erámos dependente de Deus e sua graça.

Aquele, sem dúvida, foi o casamento mais emocionante que já tinha visto em toda a minha vida. O amor entre Theo e Mandy era quase palpável. Chorei horrores na troca de votos e depois quando ela cantou para ele.

Tudo estava perfeito, até a hora que o pastor disse:

— Pode beijar a noiva.

Sinto uma fisgada nas minhas costas e levo a mão até lá, curvando-me um pouco.

— Você está bem? — Victor cruzou o tapete vermelho, vindo preocupado ao meu encontro.

— Sim, acho que foi apenas um espasmo. Estou há muito tempo de pé.

— Tem certeza? — Ele franziu o cenho e olhou para baixo. — Porque você acabou de fazer xixi — sussurrou para mais ninguém escutar.

— Não é xixi! Minha bolsa estourou — gritei, interrompendo o primeiro beijo dos recém-casados.

Olho para Victor e ele parecia paralisado, com os olhos esbugalhados.

— Acorda Victor, a Sophia está em trabalho de parto — Mandy se aproximou ao ver que ele não se movia do lugar.

Enfim, Victor voltou em si, mas começou a andar de um lado para o outro.

Ao perceber a falta de reação do meu esposo, Theo me pegou pelo braço e começou a me conduzir em direção ao estacionamento, enquanto gritava ordens para o Victor, totalmente desorientado.

— Quero que o Theo dirija — digo, ao ver meu marido com dificuldade para colocar a chave na ignição. — Preciso de você aqui comigo, amor — acrescento, ao notar um leve aborrecimento surgindo em suas faces.

Então, a primeira contração veio e eu gritei.

Victor desmaiou.

Sem paciência, Theo deu uns três tapas no rosto dele, fazendo-o voltar em sim.

— Isso não é hora de ser um marica, Victor. Você vai ser pai. Vê se fica acordado. A Sophia precisa de você! — Mandy parecia fora de si, falando alto e gesticulando.

— Ai meu Deus, eu acho que vou vomitar. — Victor reclamou, mas logo aprumou a postura com o olhar que recebia da minha melhor amiga.

Já dentro do carro, Theo saiu como louco do estacionamento e começou a dirigir em direção à maternidade. O trânsito estava agitado mais fluía bem. Mandy havia ficado para acalmar os convidados que se agitaram com ocorrido.

— Eu quero chegar viva ao hospital, Theo — digo depois de ele atropelar duas lombadas.

— Perdão. — Deu uma rápida olhada para trás, onde Victor segurava a minha mão e cronometrava o tempo entre as contrações. — Você está bem?

— Não! — gritei com outra contração, apertando a mão do meu marido. Victor gemeu de dor junto comigo.

— Mas o que é isso? — Theo esbravejou, diminuindo a velocidade de repente.

— Desculpe senhor — um homem de jaleco azul se aproximou da janela do carro —, mas tivemos um problema na tubulação do esgoto, terá que dar a volta.

Ao olharmos para trás, vários carros já se amontoavam em uma fila gigantesca depois de nós.

— Ah, não! — exclamo, prevendo o pior.

Outra contração vem. E essa, era mil vezes mais forte que as outras.

— Fica calma Sophia, eu vou tirar a gente daqui. — Theo engatou a ré.

— Por onde você vai passar? — Victor olhou para os carros atrás de nós.

Como em uma cena de filme de ação, meu amigo começa serpentear entre os carros, de ré mesmo, causando o maior caos. Uns motoristas buzinavam. Outros colocavam suas cabeças para fora e o chamavam de maluco.

Escutamos o barulho de uma sirene e me alegrei pensando ser uma ambulância.

— Droga, é a polícia — disse Theo, exasperado.

— O que o senhor pensa que está fazendo dirigindo dessa maneira? — O policial que veio ao nosso encontro, o questionou carrancudo.

— Minha esposa está em trabalho de parto — Victor diz ao policial, que dá uma espiada dentro do carro.

Eu grito com outra contração e o oficial arregala os olhos.

— Eu não aguento mais. Acho que vai nascer agora!

— O que eu posso fazer por vocês? — o policial perguntou, olhando para Theo e depois para Victor, tão apavorado quanto todos no carro.

— Qualquer coisa, mas tira ele de miiim! — suplico chorosa, com a dor latente que sentia.

A Cristã e o Bad Boy Americano: Da Aposta ao ContratoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora