32 - Aquele que está quase falido

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Cheguei em casa depois de um dia intenso de trabalho sentindo a cabeça latejando por conta de tantos problemas acontecendo ao mesmo tempo.

Ao entrar na sala, deixei minha maleta sobre a bancada da cozinha e procurei inutilmente por sinais de Sophia por lá. Ela costumava tentar fritar ovo e deixava a cozinha uma bagunça. Porém, com sua partida, tudo ficou limpo e em perfeita ordem, isso era muito entediante.

Eu ainda tinha esperança da minha esposa voltar pra casa, mesmo após o fiasco do meu aniversário. Desde aquela maldita festa, eu caçei incansavelmente pelo culpado de ter infiltrado aquelas dançarinas seminuas, e principalmente por ter passado a filmagem comprometedora de uns tempos atrás para me deixar em péssimos lençóis com Soph. Eu sequer sabia onde a criatura havia se metido e confiava em Deus para ao menos protegê-la.

— Vera? — chamei pela empregada e ela logo apareceu segurando uma vassoura em mãos.

— Sim, senhor Victor?

— Ela entrou em contato enquanto eu estive fora? — perguntei sem disfarçar o quanto me sentia culpado por tudo aquilo.

— Não, sinto muito — respondeu e percebi algo esquisito em sua expressão.

— Há algo errado? Você está agindo estranho, Vera — comentei, fui até a geladeira e tirei de lá uma garrafa de água.

— Não, senhor. — Ela uniu os lábios e eu franzi as sobrancelhas.

— Eu pedi ao Theo para vir aqui hoje — informei sem me importar com as caras e bocas da empregada. — Vou ficar no escritório trabalhando e tentando ligar pra Sophia. Caso Theo chegue, por favor, mande-o entrar.

— Sim, senhor. — Ela umedeceu os lábios e parecia estranhamente nervosa.

— Sério, Vera. Qual o problema? — questionei, mas ela se recusou a dizer qualquer coisa. — Tudo bem, se é assim, com licença.

Fiz o trajeto até o andar superior, retirando meu terno e afrouxando a gravata durante o caminho. Cheguei a porta do escritório e estranhei ao encontrar a porta entreaberta e as luzes acesas, diferente de como eu o havia deixado quando saí pela manhã.

Abri a porta com cuidado e levei um baita susto quando contemplei Hanna sentada em minha cadeira giratória, apoiando suas pernas sobre a mesa de vidro e finalmente compreendi o comportamento estranho de minha empregada.

Hanna, além de ser a outra pessoa comigo no vídeo responsável pela minha ruína, era filha do advogado de meu pai e mais uma de minhas aventuras nos tempos de burrice.

— Quem deixou você entrar, garota? — inquiri sem disfarçar a ira. — Tire suas escamas da minha mesa e vai embora daqui antes que eu chame a polícia.

— Ora, Victinho, não seja tão ignorante comigo. — Ela levantou-se da cadeira e não pude deixar de reparar em seu vestido vermelho, extremamente justo. — Voltei da Europa e estava com saudades do meu gatinho. Aliás, gostou do meu presente de aniversário?

— Você já fez um estrago grande o suficiente e agora pode voltar para a Europa ou qualquer matagal onde as cobras vivem — ataquei irritado.

Hanna deu alguns passos em minha direção e eu precisei engolir em seco quando ela parou diante de mim e segurou na gola de minha camisa. — Não está com saudades?

— Estou casado agora, se não percebeu. — Mostrei meu dedo com a aliança dourada. — E você deveria ter me procurado antes de humilhar minha esposa publicamente!

Ela revirou os olhos. — Ora, e aonde estaria a graça da surpresa, querido? — reclamou com tédio. — Você não deveria ter me dispensado daquela maneira, e muito menos ter se casado. Pelas minhas fontes você se deu muito bem financeiramente.

— Suas fontes? — Ergui a sobrancelha e aproveitei o momento para me afastar daquela naja. — Quem te contou?

— Use esse seu cérebro lindo para pensar, querido — Hanna voltou a se aproximar. — Aliás, eu vim aqui justamente para te dar um recadinho.

— Eu não quero saber. Vá embora daqui! — Abri a porta do escritório a fim de dar passagem para ela.

— Ou você deposita a metade do dinheiro da tosca da sua esposa nessa conta — Ela colocou um cartão em meu bolso. — Ou as coisas ficarão feias pra você e sim, caso tenha dúvidas, isso é uma ameaça. — Deixou um beijo em minha bochecha.

Hanna, então passou por mim andando toda poderosa em direção a saída. Fiquei com muita raiva de ver o mundo desabando sobre a minha cabeça e até quis quebrar um dos vasos caros decorando o ambiente do escritório, mas tendo em vista como eu estava prestes a falir completamente, decidi poupar gastos e apenas rasgar uma folha de caderno.

Depois de pensar um pouco, eu finalmente concluí que meu pai devia estar aliado à  Hanna e desci as escadas rapidamente para ver se conseguia alcança-la para confrontá-la. Porém quase tive um treco quando a vi saindo pela porta passando e até cumprimentando Theo que certamente deve ter interpretado tudo errado, pois me olhou com decepção e balançando a cabeça, refez seu caminho e não entrou em minha casa.

.....

Desculpem nossa enrolação. Não há desculpas, apesar do pedido de desculpa. Amamos vocês!

A Cristã e o Bad Boy Americano: Da Aposta ao ContratoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora