(Piloto) Sopinha de sentimentos de Oparin - I, part

115 7 0
                                    

Inicialmente não havia nada, apenas átomos simples boiando por aí. Eles passaram anos separados, mas logo trataram de se reencontrar. Não, eles não são dependentes uns dos outros, apenas o clima-tempo-espaço que quis ajudar as pobres partículas que apenas tendiam a boiar.

Do simples, fez-se o complexo: Teorias, conversões, exatidões, padrões.Mas ninguém, até hoje, sabe ao certo porquê raios dois átomos sozinhos decidem se juntar. Calma! Eu conheço sim a Teoria do Octeto, mas ainda não a descobrimos, já que estás lendo num futuro, esquece as tuas teorias, definições e exatidões acerca do que seja. 

Afinal, definições não existem (exceto em cálculos matemáticos, mas ainda há o conjunto infinito, o indeterminado etc).Por que átomos tendem a se ligar? Por que simplesmente não se assumem como gases nobres e andam livres por aí? Por que um tende a doar mais de si? Talvez, viver questionando isso seja perigoso. Bem... É apenas uma possibilidade. Contudo, o viver também é uma possibilidade. Já a morte nos é uma obrigação. A morte é a perfeita exatidão da vida. Eu poderia simplesmente ser raso ou tentar me enganar com um "porque sim" ou "porque Deus quis", mas viver é se enganar. Não quero mais isso, pois não poderei enganar a morte.

Eu jurei, até mesmo aos jurados, que eu jamais escreveria novamente sobre o amor. Mas como prosseguir adiante? O enfronte da minha dor é o amor, mesmo que ambos se misturem numa molécula só e me causem uma diferente dor a cada temporada. A alma, entretanto, só quer ser amada.

Enquanto isso, o louco gritava em vias de praças públicas para o Eu e os estranhos: Hoje eu quero gritar o meu amor... O amor que se eu gritar, me chamarão de louco, mesmo eu sendo e tendo ciência disso. Eu quero gritar o indizível nesta sociedade. Não é indizível por não ser dito, mas por conta de ninguém saber o verdadeiro significado da etimologia da frase. É indizível por conta de ser coisa de louco nos dias de hoje mesmo... Me é mais indizível, pois alguém como eu não pode gritar. Fui privado de abrir a boca mesmo antes desse meu pensar. Quero gritar aquilo que só quem alcançou e tocou na realidade pode falar. Quero gritar o que é mais difícil no século XXI, e assim também será até o século do infinito e fins dos tempos ( ...) Mas como?? Alguém como eu pode gritar o amor? O amor não é paradoxo da dor? Como quem se veste da dor pode gritar o amor? Eu não sei... Assim como não sei como chamam de amor os abusos que ocorrem a seres humanos por ai. Se sou eu que me machuco, se sou eu que estou louco, se sou eu que sou tão pouco que me dano, me causo dano, sou eu que me desculparei e gritarei, eis meu grito: EU ME AMO!

Pouco se sabe sobre o louco e a sua loucura, mas a única certeza que temos é de uns escritos que ele carregava em seu bolso. O escrito foi-lhe entregue por um estranho e dizia,

"Em meio a escuridão

Não há perdão 

Nem multidão Que me dê a mão

A rua já não é tua, 

nela ando nua

O que é meu não te interessa

Só que tenho pressa

Se você ficar, será bom à beça

Você não ficará 

Meu olho não chorará

Você não me amará. E, outro irei encontrar,pois, meu bem... a rua do meu coração já não caminha paralela à tua."

A Guerra Fria: O amor x O desapegoWhere stories live. Discover now