Eu ainda posso te amar?...

Você também chegou a sentir isso? Sabe... aquelas sensações, se eu falasse sobre um novo amigo pra você também ficaria incomodado?

Dois finais de semana tinham se passado quando eu resolvi voltar para te encontrar novamente, porém dessa vez não seria um bom encontro, chegando lá eu te vi sentado em um dos bancos enquanto olhava as nuvens, assim que escutou passos se aproximando seu olhar heterocromático foi direcionado ao meu, logo depois você correu para me abraçar falando que ficou com saudades e perguntando se tinha feito algo de errado, eu retribui o abraço e falei que não tinha acontecendo nada e que eu só tinha ficado com ciúmes da garota, você começou a dar uma leve risada que provavelmente iria aumentar mas parou assim que sentiu algo quente molhar sua camisa, me afastando rapidamente olhou para meus olhos para ver grossas lágrimas desenhadas pelo meu rosto, acabou por entrar em desespero e perguntou o que tinha acontecido, te abraçando apertado eu falei que dali a três dias eu estaria voltando para meu país de origem e que fui me despedir, no momento você tinha ficado estático, segundos depois eu senti você me abraçando e logo algo quente molhar meu ombro esquerdo, nós choramos por causa da tristeza e do medo de ficarmos só.

Um precisava do outro para ser feliz, certo?

Assim como falado, três dias após o encontro eu estava prestes a embarcar no carro para ir embora e correr o risco de nunca mais te ver, foi quando eu escutei uma voz me chamando, reconheci imediatamente, assim que virei para trás eu senti braços quentes me rodearem enquanto você pedia choroso para que eu ficasse, mesmo sabendo que não seria possível, eu retribui o abraço e comecei a chorar sem conseguir pronunciar uma única palavra, meus pais olhavam todo o momento com pena e tristeza, sussurrando um desculpas minha mãe avisou que era a hora de ir pois poderíamos perder o embarque no avião, nos abraçamos mais forte e antes de nos separarmos você disse que eu era sua melhor amiga, sempre seria sua preferida e que me esperaria, assim que entrei no banco traseiro do carro eu olhei para trás, você estava chorando, quando o carro começou a andar eu senti meu coração apertar, pelo vidro quase transparente nossos olhares se encontraram e você acenou para mim com um mini sorriso de despedida no rosto, eu acenei de volta e sussurrei aquelas três fortes palavras - Eu te amo - você olhou confuso por um tempo mas logo parou de acenar e deu as costas, eu vi você passar o braço em frente ao rosto para enxugar as lágrimas creio eu, depois eu me sentei corretamente no banco, coloquei o sinto de segurança e abracei minhas pernas enquanto voltava a chorar de cabeça baixa.

Você tinha entendido o que eu falei? Eu disse para você o que eu sentia, você sentia o mesmo?

Alguns anos tinham se passado desde a minha partida do país, eu estava prestes a embarcar em outro avião com destino a minha felicidade: você, finalmente eu estava voltando para você, será que tinha me esperado ou me esquecido? Eu tinha certeza que ainda me esperava, afinal, nos tínhamos uma ligação especial certo? Depois de horas naquele ambiente fechado finalmente desembarcamos e fomos para nossa nova casa, essa ficava mais longe da antiga e era próximo a minha nova escola, eu tinha a esperança de te encontrar no nosso parquinho novamente, será que você estava lá me esperando? Nessas duas semanas antes que eu começasse a ir para as aulas eu visitei o parque todos os dias, no mesmo horário que marcamos, mas eu não te encontrei.

Você havia mesmo me esquecido?

Estava ansiosa, eu iria para a melhor escola da cidade, a escola especial, sabia que você era inteligente e forte para entrar nela também, tinha grandes chances de te encontrar. Minha chegada no meio do primeiro semestre foi uma surpresa para toda a escola, todos se perguntavam quem seria o aluno que consegui entrar sem precisar fazer a prova de admissão, eu estava atrasada para a primeira aula, não tinha conseguido dormir direito e acordei mais trade que o esperado, tinha falado com o diretor e ele permitiu minha entrada para a aula, passei alguns minutos procurando a minha nova sala, assim que cheguei na frente da grande porta eu dei três batidas na mesma, estava nervosa, depois da permissão para entrar eu logo a abri, encarando um homem que parecia não dormir a anos e com a aparência bagunçada - o que me levou a questionar se era mesmo um professor - eu avancei para frente da turma de cabeça baixa e sem olhar para a multidão de olhares que sentia me encarando, o professor mandou eu me apresentar, estava prestes a levantar a cabeça quando escutei um barulho de cadeira sendo arrastada rapidamente, quando estava ameaçando olhar na direção senti braços me envolverem e um sussurro em minha orelha esquerda: senti tanto a sua falta, foi a frase formulada, rapidamente reconheci sua voz, retribui o abraço enquanto sentia lágrimas escorrerem pelo meu rosto, com um sorriso radiante se formando em meus lábios sussurrei o quanto sentia sua falta também, enquanto isso, todos da sala encaravam a cena em choque.