⸺ Sim. ⸺ Me avalia, mantenho o olhar. Por fim tira a algema, mas saca uma pistola que estava atrás de sua calça jeans justa.

⸺ Vai. ⸺ Usa a arma para indicar a direção. Tiro a camisa rasgada e entro no box.

Ligo a água e está fria como gelo. Entro embaixo dela, aproveito e tomo vários grandes goles da água, minha garganta agradece, engasgo, mas continuo bebendo.

Meu corpo está pegajoso devido ao calor e tem alguns pontos com sangue. Levo uma eternidade para tirar o sangue do meu cabelo, sangue gruda de um jeito que não é de Deus, me esfrego muito com uma esponja que ela me deu, tanto que minha pele fica vermelha, por tentar tirar resquícios do toque daquele homem.

Desligo a água e ela me estende uma toalha branca e fofinha, a arma ainda em punho, mas abaixada, no entanto seu olhar de poucos amigos ainda permanece.

O banheiro é bem organizado, e vejo coisas pessoais feminina e masculina sobre a pia.

⸺ Perdeu alguma coisa? ⸺ Desvio o olhar da pia para ela. Termino de me secar e me cubro com a toalha. ⸺ Coloque as algemas. ⸺ Joga no chão aos meus pés.

⸺ É sério? ⸺ Aponta a arma, certo. Olha, eu nunca briguei na minha vida, morro de medo de apanhar, por isso me inclino e pego a algema, colocando-a em meus pulsos. ⸺ Satisfeita? ⸺ Ter medo de apanhar não significa que eu fique calada aguentando tudo, afinal, minha vó sempre me disse que não queimou minha língua, então eu tinha que falar mesmo.

⸺ Não, mas não posso te matar, ainda, quem sabe ele não me permita depois, vou adorar. ⸺ Sinto um frio percorrer minha espinha. ⸺ Vamos. ⸺ Segura meu braço, já roxo e solto um gemido de dor. ⸺ Baixe o rosto, não olhe pra nada, não quero que veja as minhas coisas.

Obedeço, subimos uma escada, entramos em um quarto, não tem nada que indique que ela tem família ou marido, não há fotos, e tudo é bem organizado. Sobre a cama de casal há um vestido rosinha e um conjunto de lingerie bem delicado.

⸺ Seus seios são maiores, mas acho que vai servir. ⸺ Ela tem um peitinho pequeno, meu sonho de consumo, já que os meus saltam e me irritam. Tira as algemas e me visto, ao colocar o vestido ela me entrega uma escova de cabelo. O vestido chega ao meu joelho e coube perfeitamente, é soltinho e com o tecido bem gostoso. ⸺ Tá bom, vai com o rosto assim mesmo. ⸺ Não entendo o que ela quer dizer com isso, deve tá bem vermelho, pois o cara da estrada me acertou e depois ela, mas não há espelhos, acho que é até melhor. ⸺ Espere aqui.

⸺ Eu estou com fome. ⸺ Digo assim que ela alcança a porta.

⸺ Quem se importa? ⸺ Sai batendo a porta.

Puta.

Aproveito e começo a vasculhar tudo, dentro da cômoda há algumas roupas femininas. Não há banheiro, não tem nada que eu possa esconder e usar como arma, tento abrir a janela, mas é alto e a queda com certeza não me mataria, só me deixaria paralítica, tenho certeza. Sou doida, mas nem tanto.

Dá pra ver a rua tranquila, parece ser um daqueles condomínios fechados, pois as casas são lindas e não há muros para impedir que as pessoas invadam. É do Brasil que estamos falando, então só pode ser um condomínio fechado e bem protegido.

A próxima casa fica muito distante, mesmo que eu grite ninguém vai me ouvir, mas fico olhando para fora e esperando que alguém passe para que eu possa pedir ajuda ou algo do tipo.

Mas já está quase noite e nada, minha barriga dói de fome, pois a última refeição que fiz foi uma barrinha de cereal no ônibus no dia anterior. Isso é bom também, por que desvia meu foco. Por que eu não quero pensar em nada. Limpo meu rosto com raiva. Odeio essa dor, odeio tudo que me consome aos poucos.

Volto a vasculhar as gavetas, encontro um frasco de perfume, encaro o vidro, eu sei que isso pode me fazer mal de alguma forma, mas eu preciso, preciso desesperadamente apagar minha mente. Abro, e não penso, o primeiro gole me faz vomitar, caio de joelho e apoio minha mão no chão enquanto os espasmos continuam, tomei um gole de nada e sinto que estou morrendo.

O gosto é horrível e minha garganta queima devido a bile, pois não há nada em meu estômago, só a água que bebi durante o banho, isso é a pior sensação do mundo, mas desvia a dor e eu preciso disso, mas que tudo.

Assim que ouço os passos, pego uma das camisas da gaveta e limpo o chão de qualquer jeito, jogo a camisa embaixo da cômoda, junto com o perfume, uso as costas da minha mão para limpar minha boca, que tá com gosto de perfume adocicado, que mau gosto, podia muito bem ser um amadeirado. Eca.

Giovani abre a porta e eu paraliso, por que o infeliz está lindo de morrer. Como assim Brasil? Não tem como uma pessoa ficar mais linda do que já é, isso é muito injusto. Não disfarço minha cara de idiota, até por que ele já tá careca de saber que eu tenho uma quedinha por ele, coisa pouca.

Me olha de alto a baixo e depois olha ao redor, sabe, sabe que eu fiz algo, mas não sabe o que. Escondo minhas mãos atrás das minhas costas. Porque? Sei lá.

⸺ Venha, chegou a hora. ⸺ Sei não, aquele tom de voz não me agrada.

⸺ Hora de que? ⸺ Pergunto relutante, mas tá na cara, eu com esse vestido, ele com aquele terno maravilhoso.

Tá foda.

⸺ Nosso casamento.

***

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[DEGUSTAÇÃO] Um Italiano Pra Chamar de Meu (Spin-off Perigo)Where stories live. Discover now