One Summer Can Change Everything ~ Fillie • Joah • Cadie

CHAPER TWENTY FOUR

Pov. Finn

Já passou um dia desde que falei com eles.
Falar com eles fez-me sentir melhor.
Falar com ela fez-me sentir melhor.

Estes dias têm sido mais ou menos calmos. Desde aquele dia que o meu pai não aparece em casa e isso é demasiado estranho. A minha mãe já está a trabalhar e eu tenho ficado em casa. Fico feliz por estar tudo bem com eles também.

Tenho saudades dos dias que passei com eles. Tenho saudades dela. Muitas. Demasiadas. Muitas mais do que devia. Pergunto-me se ela também estará assim. Provavelmente não.

A Iris não sabe que estou de volta e isso deixa-me aliviado. É da maneira que não me chateia.

Ouço alguém a bater à porta, com força. Estou sozinho em casa e não pode ser a minha mãe, já que está a trabalhar. Voltam a bater. Só consigo pensar numa pessoa: o meu pai.

Vou até lá devagar. Espreito pelo óculo e vejo o Nick. Desta não estava à espera.

-Finn! Abre a porta, meu! Abre a merda da porta.- diz ele, do outro lado. -Por favor.

Faço o que ele pede e, depois de entrar, ele fecha a porta rápido e tranca-a.

-O que estás aqui fazer?- pergunto.

-Não te interessa.- diz ele.

Levanto as sombrancelhas.

-Interessa-me a partir do momento em que não me quiseste ajudar naquele dia e agora queres que te deixe entrar aqui dessa maneira. Vou-te voltar a perguntar. O que estás aqui fazer?

Ele agarra-me pela gola da camisola e encosta-me à parede.

-Não te interessa. Já disse.- diz ele, perto da minha cara.

Está com os olhos vermelhos e não consigo distinguir se é do álcool ou da droga.

Empurro-o.

-Larga-me.- digo e ajeito a minha roupa. -Ou me dizes o que estás aqui a fazer ou sais.

-Estás muito corajoso, maninho.- diz ele, irónico.

-Não te atrevas a chamar-me isso.

-Ou...?

Cerro os maxilares.

-Não te volto a perguntar. O que estás aqui a fazer?- pergunto.

-Já te disse que não é da tua conta.

-Então acho que vais ter de sair.- digo, dirigindo-me à porta.

Ele olha para mim.

-Sai.- repito.

-Okay! Já ando a dever dinheiro há algum tempo e não consigo pagar, por isso andam atrás de mim.- diz ele, rápido.

-E vens-te esconder aqui? Estás maluco. Sai. Sai daqui, Nick. Não estou para problemas.- digo, começando a destrancar a porta.

-Finn, vá lá, meu.- ele pede, pondo a mão em cima, impedindo-me.

-Quem são?- pergunto, referindo-me às pessoas a quem ele devia dinheiro.

-Nem sei. Encontrei-os uma vez à entrada de um bar aqui perto.

-Foda-se, Nick! Estás a brincar? Queres droga, vais ao George. Já te disse.- digo, passando a mão pelo cabelo.

-O George disse-me que não me dava até tu lhe pagares o que deves.- diz o Nick.

-Foda-se. Estou farto. Estou farto de estar ligado aos vossos problemas. Teus e do Eric.

-Porque é que não o chamas de pai?- pergunta ele, olhando para mim com as sombrancelhas franzidas.

-Porque ele não é propriamente meu pai. Nunca me educou nem esteve presente. Mas isso não interessa agora. O que interessa é que estou farto, Nick. Por causa do Eric, fico a dever dinheiro ao George. Agora, ele não te vende porque eu não paguei o dinheiro que devia ser o Eric a pagar, fazendo com que tu tenhas de ir a outro fornecedor e te venhas esconder em minha casa, para não levares um enxerto de porrada.

-Não percebi muito bem, porque estou chapado, mas sim. Basicamente é isso.- diz ele, como se fosse normal.

-E achas isso normal? Foda-se, meu, eu tenho a minha vida. E a mãe também. Não temos de levar com os vossos problemas. Vai-te embora, Nick. A sério, vai-te embora. Sai daqui.- digo, apontando para a porta.

-Finn, caralho. Eu sou teu irmão. Ela é minha mãe. Vocês são a minha família.

-Ah, agora já somos a tua família. No dia em que era para tu ajudares a mãe ficaste quietinho. Porque haveria de te querer ajudar?- pergunto, com nojo.

-Porque és melhor do que eu.

Olho para ele.

-O quê?- pergunto.

-Porque és melhor que eu, e vais agir melhor. Por favor.- ele pede. -Deixa-me tomar um banho, pelo menos. Para pensares.

Penso durante um bocado.

-Okay. Vai lá. Rápido.- acabo por ceder.

-Obrigado.- ele responde e vai para a casa de banho.

Preciso de pensar no que vou fazer com ele. Não quero deixá-lo ficar aqui, porque só vai trazer problemas.

Por outro lado, não quero deixá-lo sozinho. Quero fazer melhor do que ele fez comigo.

Não consigo pensar direito. Pego no telemóvel e acabo por clicar no nome dela sem pensar no que estou a fazer.
Ia desligar, mas ouço a voz dela.

-Finn?

-Sim. Olá.

-Olá. Está tudo bem?

-Hum, não propriamente.

-Porquê? O que se passou?- ela parece preocupada.

-Preciso da tua ajuda, Mills. Não sei porque é que te liguei a ti, mas achas que me podes ajudar?

-Claro. O que se passa?

-O Nick apareceu aqui agora, em minha casa, porque está a fugir de uns traficantes a quem deve dinheiro que lhe querem bater e quer ficar por aqui. Mas não quero ter problemas. Não sei o que fazer.

-Quanto dinheiro deve?

-Nem quero saber.

-Ele não deixa de ser teu irmão, Finn. Se não o quiseres ajudar, eu entendo. Totalmente. Até porque ele também não te ajudou quando precisaste. Mas é a tua oportunidade de lhe mostrares o que querias que ele tivesse feito.

Penso um pouco nas palavras dela.

-Tens razão.- digo, finalmente.

-De resto, está tudo bem?

-Sim, e contigo?

-Também.

-Hummm...- quero dizê-lo, mas tenho uma certa vergonha. -Tenho... Tenho saudades tuas, Mills. Muitas.

Ouço-a a engolir em seco. Foda-se.

-Também tenho saudades tuas, Finn.

Faço um sorriso bobo com as palavras dela.

Ouço uma voz a chamar por ela. Não consigo perceber quem é.

-Hammm, Finn, eu tenho de ir. Foi bom falar contigo. Fica bem, tchau.

E desliga a chamada rapidamente. Fico confuso.

Rapidamente o Nick sai do banho e eu digo-lhe que pode ficar.

A minha mãe chega pouco antes de eu acabar o jantar e fica confusa, mas feliz, por ver o Nick em casa. Explicamos tudo direitinho e sentamo-nos a comer.

-Tenho uma novidade. Não sei se é boa ou má.- diz a minha mãe, durante o jantar.

Olho para ela, a mastigar, à espera que ela continue.

-Provavelmente vou trabalhar para fora da cidade o resto do verão.