Ismênia - A salvação de Aryala

A salvação

Ismênia sentia o seu corpo dolorido enquanto se virava pelo chão de madeira imundo coberto por palhas e com poças que tinham cheiro de gandube, uma bebida amadeirada, que descia a garganta queimando, mas também era refrescante e mais alcoólica do que o próprio rum, uma verdadeira bebida de pirata. Isso rodeou a sua mente e começou a se sentir mais enjoada que antes e pensava quanto tempo devia ter dormido, pois não estava mais com sua armadura.

Ela olhou em volta e percebeu que estava no navio de Tércio, só podia, pois ele era o único que Akain confiava para proteger Ismênia, mesmo Tércio quase quebrando a aliança de Aryala com Clamet, não por uma guerra e sim por um tratado, no qual rei Ramon e Rei Iwan de Canon planejaram casar seus filhos.

Tércio Duncan, sempre foi um nome muito conhecido por toda Arragoni, ele era dito como o príncipe que largou tudo para viver a tal chamada "aventura" e deixando Ismênia para trás, porém isso não passava rumores, pois Tércio havia convidado Ismênia para partir com ele, porém a mesma se negou a partir de seu reino, além de ter em seu pensamento que aquilo era uma baboseira e que Tércio havia enlouquecido e que a mesma não podia amá-lo se continuasse com aquela sandice.

Ismênia se levantou do chão imundo se limpando das palhas que haviam grudado em sua roupagem escura e ao passar a mão pelo braço sentiu uma dor terrível, levantou a manga da blusa e viu que o dragão, sua marca de nascença, estava ardendo lhe causando uma dor incomparável, mas rapidamente a cobriu quando um homem abriu a portinhola e colocou a cabeça para dentro do porão soltando em voz alta ORA!

- Quem é você? A onde estou?

O homem apenas riu e chamou ela com a mão e a mesma o acompanhou, a luz do sol havia lhe cegado por alguns momentos, mas quando conseguiu enxergar o horizonte, verificou que todos que trabalhavam no navio a encarava, ela olhou mais adiante e avistou Tércio na proa e foi em direção ao mesmo.

Ele estava de costas apoiado com as mãos no navio, seus cabelos negros o levavam até a nuca branca descoberta e suas vestimentas negras davam mais destaque. - Que elegante me jogar no seu porão imundo. Devo-o agradecer?

- Deve agradecer seu irmão, por colocar nos dois nesse pesadelo. – Ele se virou e o Ismênia o fitou seus olhos azuis com tamanho repudio, havia meses que não o via, ela reparava que ele havia deixado a barba por fazer o que lhe caia muito bem, pois destacava o maxilar. – A única coisa que eu não queria era lhe ver.

Aquelas palavras machucaram Ismênia, mas ela sabia que ao deixar Tércio partir com as palavras duras ditas por ela haviam feito a odiar durante esses meses, ela engoliu seco naquele momento e pensava como podia contornar aquele assunto.

- Ele traiu meu reino!

- Ele te salvou Ismênia! – Tércio aumentou o tom de voz se pondo um passo a frente, mas se recompôs se afastando dela. – Talvez você não saiba o que é amor, ele estava com medo de você morrer nesta guerra.

As pernas dela haviam estremecido por um momento, ela se lembrará claramente da última vez que tinha visto Tércio, foi pouco tempo depois que havia voltado das ilhas sagradas, Tércio sabia que ela havia voltado diferente do que havia partido, mas ela jurava que era a mesma e que sua decisão de deixa-lo ir era racional.

- Se guardas rancor pela minha pessoa por uma decisão que não coube somente a mim e sim a você eu não posso fazer nada Tércio! – Ela suspirou torcendo para que suas preocupações não transparecessem em sua face. – Mas eu não devia ter deixado meu reino.

Ele colocou suas mãos nos ombros de Ismênia, fazendo que todo aquele peso que ela carregasse sumisse em um passe de magica e disse com a voz mais doce. – O importante é que você está segura...