O início de tudo

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O inverno havia chegado as terras rochosas do Reino de Dragon, e era ritual que todas as mulheres da família real viajassem sozinhas as ilhas do norte, terra sagrada para eles, para agradecer e pedir por proteção ao Deus Durian, o deus do fogo dos dragões. Porém Ismênia ao invés de se preparar para tal ritual sagrado de sua família, onde as mulheres já estavam quase partindo das terras de Dragon, treinava com o General da guarda que de tempos e tempos falava: - Seu pai vai cortar minha cabeça se souber que a senhorita esteve aqui este tempo todo.

-Se tem tanto medo de meu pai, deve se abster de seu cargo. -Ismênia disse com convicção ao desarmar o General que ficou pasmo com as habilidades adquiridas por ela no reino de Journ. Ela havia se tornado outra pessoa, depois que o Rei Ramon V, seu pai, assumiu Ianna, a filha bastarda, diante do reino de Dragon, assim tornando a linhagem impura diante de todos.

Mas o general não a julgava e sim olhava para ela com admiração, pois treinará alguém que hoje era melhor que ele em combate quando tinha seus vinte anos, onde já havia participado de missões e viagens pelo reino, além de sentir o mesmo orgulho de carregar o brasão dos Dragon em sua capa, assim como via o orgulho de Ismênia pelo seu reino.

Ismênia dirigiu o seu olhar para as montanhas de Icaia, que ficava longe do castelo, mas que podiam ser avistadas por quase todo reino, e algo lhe chamou atenção, no pico mais alto do norte era possível avistar uma luz incandescente e uma fumaça densa e escura, ela colocou a espada na bainha e olhou para o general, ela já sabia o que estava por vir - Acorde as tropas agora! - A voz da mesma era de uma comandante, a comandante do norte.

A sua estadia no reino de Journ a oeste das terras de Aryala tinham a alertado sobre uma possível guerra entre os Reinos Dragon e Naragon.

Uma vez a qual se pôs a conhecer as vilas mais afastadas do reino de Journ, ela foi parada por um certo velho, que Ismênia julgava conhecer, mas não se lembrará de onde e o mesmo fitando os olhos azuis da jovem com seus olhos castanhos avermelhados como a chama dos dragões, falou: - Cuidado! Terras amigas do sul serão tomadas por ódio e rancor e o seu sangue pagará não pelos pecados cometidos no presente, mas por toda dor causada no passado.

Naquele dia, Ismênia dormiu calmamente, pois por mais que as palavras do senhor de idade tenham ficado em sua cabeça, sabia que nada aconteceria, pois o rei Enrico não ousaria guerrear contra Dragon, mas essa calma acabou na manhã seguinte quando péssimas notícias chegaram ao reino de Journ: O nobre rei Enrico Argon, que era conhecido por ser justo com todos os reinos, povos e raças, havia sido morto misteriosamente durante a noite e um brasão de Dragon havia sido encontrado na mão do mesmo.

A partir daquele dia as terras de Naragon, traziam consigo ódio e rancor aos reis e comandantes das terras de Aryala, sentimento esse que crescia demasiadamente ao comando da rainha Elena, segunda mulher de Enrico.

Ao chegar no castelo, junto com as tropas, Ismênia e Elric, general das tropas de Dragon, se dirigiram para a sala do trono, onde o grande Rei Ramon V se encontrava sentado no trono e ao seu lado em pé seu primogênito, irmão gêmeo de Ismênia, Akain Dragon I.

O rei ao olhar sua filha entrar pela sala ao lado do general mudou a feição rapidamente e se pôs em pé, dizendo em alto e bom tom o como sua filha trazia com ela tamanha decepção ao quebrar tradições e rituais de seu sangue e no momento que general iria dizer algo para defender a jovem princesa, a mesma se pôs um passo à frente encarando seu pai de forma igual e justa. - Agradeça por eu não ser submissa e por eu trazer em meu sangue o poder mais poderoso deste reino! Pois se não fosse por mim, você nunca saberia de uma possível guerra e não estaria preparado para hoje.

O rei levantou sua mão e bateu no rosto de Ismênia que foi acudida por seu irmão - Preferia não saber de guerra e ter apenas Akain como filho do que ter alguém tão insolente com o meu sangue.

-Meu rei! - A voz forte, porém doce de Elric se manifestou na sala do trono, movendo todos olhares ao homem forte com a armadura real do exército de Dragon. - Recebemos sinal, vindo das montanhas de Icaia, as tropas de Naragon já estão em nosso território. As únicas tropas que faltam se posicionar são a do Príncipe Akain e da Princesa Ismênia.

Ramon fechou seus olhos e respirou fundo, sabia que ele não queria dizer tais palavras, mas que elas eram necessárias. - Se Naragon ousar invadir, você deve matá-los. - Elric reverenciou o seu rei e saiu da sala e no momento que Akain e Ismênia iriam se retirar, Ramon chamou seus filhos de volta. - Antes de irem, tem uma última lição que devo ensiná-los: Vocês são gêmeos! O peso da coroa é igual, mesmo que só Akain se torne rei, você Ismênia é herdeira dessas terras e a comandante do reino de Dragon. Então lembre-se que o peso da coroa não são só ouro ou as joias que a adornam e sim as responsabilidades que ela dar a você, aos inimigos que a querem tomar e aos seus medos e fraquezas que ficarão mais fortes e mais expostos. Eu não vou estar aqui para lhe proteger e guiar para sempre minha filha então deve tomar cuidado em suas escolhas.

Akain colocou sua mão no ombro de seu pai e deu um sorriso. - Você ainda estará vivo quando essa batalha acabar e governará este reino por longos anos, antes que eu o assuma e quando assumir eu ajudarei Ismênia como ela vai me ajudar.

Ismênia por sua vez apenas reverenciou o rei e se pôs a sair da sala do trono seguida de seu irmão que ao chegar do lado de fora do castelo abraço-a fortemente e sussurrou. - Você não disse nada a ele, não fique brava, ele não fez aquilo por maldade.

- Você não conhece a maldade Akain! Seu rei fala de fidelidade e responsabilidades com a nossa nação, mas não segue as palavras proclamadas por ele. Eu sou mais fiel ao meu reino do que ao meu rei.

-Você nunca o perdoará? -Neste instante a mente de Ismênia era invadida pelo som das mortes em uma pequena vila de Naragon, onde só restará cinzas e um brinquedo de pano que agora era guardado em um baú na mais alta torre do castelo.

Ela fitou o seu irmão por um instante e subiu em seu cavalo, permaneceu quieta enquanto era seguida pelas tropas até as muralhas do castelo, porém ao chegar as muralhas a mesma não esperava ter que lutar contra seus soldados, pois eles e seu irmão a traíram e por mais que lutasse, eram muitos contra ela, eles a seguraram firme pelo braço e Akain dava ordens para os soldados a levarem para o porto o mais rápido que podiam, Akain passou a mão pelo rosto de Ismênia, afastando seu cabelo negro do rosto e deu um beijo em sua testa. - Eu quero lhe proteger! - Ele tirou um pequeno frasco de seu bolso, o frasco continha um pó reluzente, Ismênia reconhecia aquilo, era pó de fada, o cheiro doce que agora ela inalava a fazia adormecer rapidamente.

Ismênia - A salvação de AryalaWhere stories live. Discover now