Capítulo 1

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Capítulo 1

Julie

— Já dá pra ver?

Simon desvia o olhar do celular para mim.

Estamos no táxi, voltando para casa depois de nossa fabulosa e perfeita lua de mel em Paris.

Quer dizer. Talvez perfeita seja um exagero, se contar a parte que eu fiz streeperno Jardim das Tulherias depois de quase morrer com uma alergia causada por um casaco vagabundo (preciso lembrar de ir lá na Primark fazer valer meus direitos como consumidora e pedir meu dinheiro de volta), vomitei na Torre Elffel depois de me entupir de macarons, quase mijei nas calças no ônibus de turismo (sem contar quase congelar de frio) e ainda descobrir que estava grávida assim, do nada.

— Ver o que? — Simon me encara confuso.

— Minha barriga! — Pouso as mãos sobre a barriga, revestida por meu vestido preto de inverno. — Já dá pra ver que estou grávida?

— Claro que não, Julie — Simon resmunga impaciente, voltando a atenção ao celular.

— Droga! Será que vai demorar pra aparecer?

Só faz vinte e quatro horas que estou lidando com a novidade da gravidez, porém, embora ainda pareça surreal demais para ser verdade, me vejo delirando em expectativas que essa nova condição me traz.

Eu. Estou. Grávida!

Grávida!

Tem um bebezinho dentro de mim. Será que ele se parece com Simon? De repente minha mente é invadida por uma imagem de mim mesma em uma sala de hospital toda descabelada, suada e gemendo, com as pernas arreganhadas, enquanto um médico bonitão estilo doutor Mcdreamy ( eu posso sonhar, né) retira de dentro de mim um bebê de cabelos cor de cobre, vestindo terno preto e berrando em um celular.

— Você não acha que eu tive uma premonição? — Cutuco Simon.

— Que diabo está falando?

— Lá na festa dos seus pais, quando eu disse que estava grávida. Eu imaginei que poderíamos ter uma filha e...

— Filha? — Ele levanta a sobrancelha.

— Pode ser, não é? Ou você acha que é um menino?

— Como eu posso saber?

— Ah, a gente podia criar ele sem gênero! Está super na moda! Podíamos chama-lo por um código, sabe, tipo o Prince quando mudou de nome! E depois que definisse seu sexo, ele mesmo poderia se dar um nome! Ia ser tão moderno! Seríamos exemplos de pais! Acho que a BBC até faria um documentário sobre nós... ou um filme! Ou eu poderia escrever um livro sobre minha fantástica experiência e ficar rica!

Simon não parece impressionado, enquanto volta sua atenção para o celular, mas tem um sorriso em seu rosto.

— Já somos ricos.

— Você é!

Ele acaricia meu cabelo carinhosamente, com a mão que não está digitando.

— O que é meu é seu.

— Sério? Até seus vinis?

— Não, os vinis são meus. — Agora ele me lança um olhar bem sério.

— Então teria que ter feito um daqueles testamentos de separação de bens, porque acho que são meus sim — provoco, encostando minha cabeça em seu ombro e aproveitando para espiar o que ele está digitando. E parece ser uma mensagem para James Potter, um dos diretores da DBS, a empresa na qual Simon é CEO. Por um momento me perco nesta constatação, que sempre me enche de júbilo. Sim, eu estou casada com o CEO da DBS!

Um bebê Inesperado - DegustaçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora