Harry posicionou-se no banco que o homem sempre escolhia quando entrava no vagão. Assim que ele viu Harry, ele parou bruscamente com olhos ligeiramente alargados.

"Oh, me desculpe." Harry sorriu. "Eu acho que peguei seu lugar."

"Não, não. Tudo bem. Meu nome não está nele."

Harry se virou em sua cadeira, como se verificasse. "Poderia estar. Qual é o seu nome?"

"Louis. Louis Tomlinson."

"Não, nenhum Louis Tomlinson. Mas vou me mudar de qualquer maneira."

"Você não precisa fazer isto," Louis protestou.

"Eu não me importo." Harry deslizou para o lugar vazio à esquerda. "Eu vi você por aqui antes."

"Você quer dizer, você me viu todas as manhãs?" Louis perguntou suavemente enquanto se sentava. O trem balançou, os motores fazendo uma familiar lamentação, muito alta.

"Isso é o que eu quis dizer. Eu quis me apresentar antes, mas você sempre pareceu tão ocupado."

"Ocupado?"

Harry movimentou a cabeça para o The New York Times dobrado. "Lendo."

"Na verdade, eu apenas finjo ler isto."

Harry arqueou a sobrancelha. "Por que você fingiria ler isto? Você está tentando impressionar alguém?"

"Eu estou tentando esconder o fato de que eu leio isto." Louis ergueu a ponta do jornal, revelando uma capa de livro surpreendentemente explícita e ainda assim caprichosa. Um homem de cabelo escuro segurava outro homem contra o seu corpo, enquanto um incêndio enfurecido acontecia atrás deles. Parecia uma versão gay de E o Vento Levou. Um texto branco na frente informava a Harry que o livro era realmente intitulado Indo ao Cinema.

"O que é isto? Pornô gay?"

Louis riu. "Não, não é."

"O que é?"

"Arte."

"Geralmente é assim que as pessoas justificam pornô."

"Verdade, mas isto é realmente arte. Bem, paródia. Todas são paródias homoeróticas de cartazes de filme."

"Homoerótica?"

"Principalmente."

"Eu não ouço muito essa palavra numa conversação diária."

"As pessoas não usam o bastante. Mas eu posso evitar usá-la novamente, se você quiser."

Harry balançou a cabeça. "Não, eu não me importo com isto. Você olha fotos homoeróticas todas as manhãs a caminho do trabalho?"

"Não todas as manhãs. Às vezes eu realmente olho pornografia gay."

Harry riu. O som o surpreendeu. Era rouco e irreconhecível, e machucava um pouco sua garganta. Mas ele não se importou. Na verdade, ele não se importaria com mais nada.

"Isso quer dizer que você não lê pornô gay no trem da manhã?" Louis perguntou.

"Não, mas..." Harry olhou para o relógio. Sete e trinta e um. Em menos de vinte e quatro horas, esta conversa não teria importância. A raiva de Connie não teria importância. A infinita guerra psicológica que tinha caracterizado a cada momento de todo dia não teria importância. O fato que ele não tinha nenhuma habilidade negociável e nenhum futuro não importaria. Ele já sentia o alívio palpável, e ele ainda estava a quase vinte e quatro horas longe dessa libertação. "Eu realmente não preciso ler isto. Eu tenho minha própria bobina de pornô passando toda manhã."

Starting Over (l.s.)Where stories live. Discover now