Amigos

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Atualmente

O som do despertador se fez presente retirando a garota de seu sono pesado. Seu corpo estava muito melhor que antes, havia engordado depois de ter sido salva e isto era muito bom, afinal quando foi encontrada seu corpo estava praticamente sem carne, com a maior parte de seus ossos visíveis sem esforço algum em sua pele. Isso sem contar todas as marcas que serviram de testemunha para a tortura que a mesma vivia que, graças a sua dupla individualidade, não deixaram cicatriz.

Suas individualidades foram avaliadas e consideradas fortes o suficiente para serem de grande ajuda para a humanidade. Afinal, quem não quer uma garota que se cura e que tem a habilidade psíquica?

Individualidade

• Regeneração;
Seu corpo se cura sem a necessidade de ajuda alguma, o que dificulta a possibilidade da garota ter algum tipo de resfriado ou doença. Entretanto, se não estiver se alimentando adequadamente, isso se torna um empecilho, já que a mesma não tem controle de sua habilidade, então ela está sempre ativa e tentando regenerar suas feridas, causando exaustão, desmaios e às vezes convulsões por não estar aguentando a mesma.

• Controle Mental;
Não se sabe muito sobre esta individualidade, até porque a menina só a utilizou de maneira ofensiva, entretanto, depois de alguns treinos com seu herói acabou descobrindo outras coisas a respeito, como a capacidade de criar uma barreira invisível que funciona como um escudo, consegue controlar seres vivos e objetos, tem a capacidade de ler mentes, controlar mentes, vasculhar memórias e criar ilusões para alterar suas memórias. Se contrapondo a isto, a garota ainda não tem experiência o suficiente com a própria individualidade, não sendo capaz de realizar metade do vasto leque de possibilidades da mesma.

- Por quanto tempo pretende fitar estes ovos? · a voz monótona de Aizawa soou trazendo a menina de volta a realidade, que tratou de ignorar qualquer coisa que se passava em sua mente e se concentrar apenas em seu café da manhã. - Sabe, você mora comigo tem quase dois meses e ainda não me disse o seu nome verdadeiro. Antes de eu te dar um.

- Oh... · sussurrou um tanto surpresa, afinal o homem nunca tinha demonstrado algum interesse em tal coisa, a não ser quando se conheceram. - Eu não tenho um, por isso não te falei. Eu deveria ter? · virou a cabeça um pouco para o lado como se estivesse confusa e viu o moreno suspirar cansado.

Era sempre assim, Aizawa Shōta nunca conseguia conversar adequadamente com a garota. Ela se parecia mais com algum objeto do que com um ser humano. Não tem expressão, seus olhos são opacos, nunca a ouviu rindo e tão pouco a viu sorrindo. Em seus treinamentos, nunca se importou com os machucados, mesmo já tendo algumas lesões "sérias".

- Todos têm um nome, Yumeko. Sua mãe ou seu pai não te deram um? · como se fosse a coisa mais óbvia o mais velho perguntou, se sentindo nervoso pela maneira como a garota não expressava nada.

- O que é uma mãe e um pai? · pronto, aquilo foi o suficiente para deixar Aizawa cansado daquela conversa.

- Termine seu café e vamos. · suspirou pesado se levantando preguiçosamente da cadeira em que estava sentado. - Hoje você vai conhecer sua nova sala de aula. E não me pergunte o que é uma sala de aula.

[...]

- Bom, como todos vocês sabiam... Uma pessoa nova iria entrar na escola por motivos urgentes e ela acabou por ficar nessa classe. Você pode vir se apresentar agora. · com sua maneira habitual de falar, fez a deixa para que a garota fosse a frente da turma.

Em passos pequenos e silenciosos, a garota se moveu até a frente de todos que, sentados em suas respectivas cadeiras, se sentiam um tanto deslocados em relação a menina. Ela não fazia som nem mesmo andando, parecia que flutuava pelo chão, sua respiração era tão baixa que poderiam facilmente achar que estava na verdade morta.

- Meu nome é... · olhou disfarçadamente para a caligrafia anotada em seu dedo e voltou a atenção para seus colegas de classe. - Aizawa Yumeko. · o sobrenome Aizawa poderia ter deixado os alunos surpresos, isto se eles não soubessem das circunstâncias. - De acordo com meu livro para interações sociais, vocês podem me chamar de Yume-san...? · como se estivesse confusa em relação ao sufixo se virou para Aizawa que apenas balançou a cabeça negativamente.

- Apelidos normalmente são usados entre pessoas próximas, Aizawa-san. · Iida, o bom aluno de sempre lhe respondeu de maneira gentil.

- O que são pessoas próximas? · a pergunta fez com que boa parte dos alunos se questionasse em que tipo de mundo ela vivia.

- Bom, acho que perguntas assim podem ser deixadas para mais tarde. Vamos nos concentrar em nossa aula de hoje, já perdemos muito tempo.

[...]

A aula se seguia normalmente, apenas testes novos com as individualidades para saber o potencial de cada um ali. Yumeko se esforçava ao máximo, assim como todos ali, mas certamente surpreendia os colegas com sua individualidade peculiar.

Como pode uma garota tão alheia ao mundo ser tão poderosa? Bem, não só isso, mas a capacidade de não expressar nem mesmo dor quando é atacada em alguns dos duelos. Ela é realmente humana? Tá aí uma questão difícil de ser respondida.

- Ufa... Ainda bem que os testes acabaram. · comentou Uraraka, enquanto trocava seu traje de herói pelo uniforme da escola.

- Sim, fazia tempo que o sensei não pegava pesado conosco assim. · Momo a respondeu soltando um suspiro em seguida, já vestida com o uniforme.

- Tenho pena de você, Yumeko-san, deve ser dureza morar com ele. · disse Mina, chamando a atenção da morena de olhos carmesim.

- Deveria ser? Normalmente, ele só me faz perguntas ou coisas do tipo, mas ele seria considerado... Como é mesmo a palavra? · se questionou coçando o queixo. - Ah! Agradável
A palavra é agradável. · deu um leve soco em sua própria mão, totalmente empolgada por estar conseguindo associar palavras à realidade.

As meninas se entre-olharam com a ação da nova colega de classe e se puseram a rir, descontraídas. Mina deu uns tapinhas nas costas de Yumeko logo a puxando para um abraço apertado - a rosada era naturalmente grudenta.

- Você é engraçada, Yumeko-san, ainda bem que somos amigas agora, não é? · a menina alien perguntou, sem esperar uma resposta se dirigindo para fora do vestiário e sendo seguida pelas outras garotas.

Amigas... Já tinha lido sobre isso em algum livro que Aizawa lhe deu de presente, mas o que era realmente isso? Será que era digna de tal coisa? Não sabia a resposta e nem queria saber, gostava de acreditar que estava tudo bem agora.

Pelo menos por enquanto.

Empty Soul. Where stories live. Discover now