Cidadãos de vários reinos e culturas distintas perambulavam pelas ruas de pedra de Altagrave na manhã do dia seguinte ao anúncio do Rei Allegro. As vias do distrito comercial estavam repletas de estrangeiros movimentando o comércio da capital, enquanto se preparavam para a abertura oficial do evento que ocorreria no dia seguinte.
— Um espetinho de carne bem passada saindo! — exclamou o senhor simpático por trás de uma das muitas barraquinhas de comida.
— Há quanto tempo não como um desses — respondeu Nuit com água na boca, lançando uma moeda de prata para o velho atendente.
— Veio participar do torneio. Acertei? — perguntou o senhor observando Nuit dos pés à cabeça. — Ouvi dizer que até mesmo os famosos Cerberus já estão em Altagrave! Imagina só enfrentar os magos mais poderosos do continente? A maioria dos participantes não vai ter chance!
— Não perguntei — retrucou Nuit desinteressada, dando as costas ao homem tagarela e se afastando da banca de espetinhos.
A mercenária havia chegado há pouco tempo em Altagrave, trazido consigo apenas uma muda de roupas e poucas economias. Em sua concepção, isso seria o suficiente para a estadia na cidade no período do torneio.
Nuit abocanhou o último pedaço de carne salgada e teve a atenção fisgada por uma cena estranha que se desenrolava na praça do lado oposto da rua.
— Ouviram essa? A donzela aqui quer aprender a lutar! — exclamou um homem sentado na beirada de concreto do chafariz que enfeitava o centro da praça.
— Ora essa, Gastor, por que não ensina um truque ou dois pra ela? — debochou o homem magro e mal encarado, piscando um olho para Gastor. — Se é que me entende.
A dupla riu da situação, acompanhada de um terceiro homem que mantinha preso o braço de uma jovem de aparência fidalga.
— É sério! — choramingou a garota com a face retorcida pela dor e pela humilhação. — Posso pagar bem! Realmente preciso de ajuda!
— É cada um por si nesse torneio, princesa — respondeu o líder do trio sentado na borda do chafariz, um aristocrata falido e arrogante chamado Gastor. — Eu quero vencer tanto quanto você, compreende?
O capanga que segurava o braço da jovem a aproximou para que Gastor pudesse a examinar de perto. O homem de aparência sebosa trajando vestes nobres agarrou o queixo da jovem, admirando os belos olhos verdes e sentindo o aroma doce exalado pelo cabelo loiro acobreado, decorado por delicadas tranças na lateral da cabeça.
— Que situação! — debochou Gastor, lambendo os próprios lábios de maneira nojenta. — Uma menina rica e mimada querendo participar de um torneio de gente grande. O dinheiro do papai não é o suficiente? Precisa vir aqui tentar acabar com o sonho de vitória de quem realmente precisa?
A jovem tentava se soltar, mas quanto mais se mexia, mais forte o capanga de Gastor a segurava.
— Você não me conhece pra dizer isso! — esbravejou a jovem com um nó na garganta, acostumada a ser julgada pela aparência. — Não vim até aqui por dinheiro! Preciso vencer e salvar o que restou da minha família!
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A Última Conjuração | Vol. I [DEGUSTAÇÃO]
FantasyPré-venda de AUC já disponível no site da Editora Flyve (link na bio)! Em um reino onde a ciência e a magia andam de mãos dadas, a sociedade avança e prospera sob o comando do carismático Rei Tecnomante, Allegro Obernik. Sem herdeiros para assumir o...