III - Discípula da Violência

503 147 1.7K
                                    

Cidadãos de vários reinos e culturas distintas perambulavam pelas ruas de pedra de Altagrave na manhã do dia seguinte ao anúncio do Rei Allegro

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

Cidadãos de vários reinos e culturas distintas perambulavam pelas ruas de pedra de Altagrave na manhã do dia seguinte ao anúncio do Rei Allegro. As vias do distrito comercial estavam repletas de estrangeiros movimentando o comércio da capital, enquanto se preparavam para a abertura oficial do evento que ocorreria no dia seguinte.

— Um espetinho de carne bem passada saindo! — exclamou o senhor simpático por trás de uma das muitas barraquinhas de comida.

— Há quanto tempo não como um desses — respondeu Nuit com água na boca, lançando uma moeda de prata para o velho atendente.

— Veio participar do torneio. Acertei? — perguntou o senhor observando Nuit dos pés à cabeça. — Ouvi dizer que até mesmo os famosos Cerberus já estão em Altagrave! Imagina só enfrentar os magos mais poderosos do continente? A maioria dos participantes não vai ter chance!

— Não perguntei — retrucou Nuit desinteressada, dando as costas ao homem tagarela e se afastando da banca de espetinhos.

A mercenária havia chegado há pouco tempo em Altagrave, trazido consigo apenas uma muda de roupas e poucas economias. Em sua concepção, isso seria o suficiente para a estadia na cidade no período do torneio.

Nuit abocanhou o último pedaço de carne salgada e teve a atenção fisgada por uma cena estranha que se desenrolava na praça do lado oposto da rua.

— Ouviram essa? A donzela aqui quer aprender a lutar! — exclamou um homem sentado na beirada de concreto do chafariz que enfeitava o centro da praça.

— Ora essa, Gastor, por que não ensina um truque ou dois pra ela? — debochou o homem magro e mal encarado, piscando um olho para Gastor. — Se é que me entende.

A dupla riu da situação, acompanhada de um terceiro homem que mantinha preso o braço de uma jovem de aparência fidalga.

— É sério! — choramingou a garota com a face retorcida pela dor e pela humilhação. — Posso pagar bem! Realmente preciso de ajuda!

— É cada um por si nesse torneio, princesa — respondeu o líder do trio sentado na borda do chafariz, um aristocrata falido e arrogante chamado Gastor. — Eu quero vencer tanto quanto você, compreende?

O capanga que segurava o braço da jovem a aproximou para que Gastor pudesse a examinar de perto. O homem de aparência sebosa trajando vestes nobres agarrou o queixo da jovem, admirando os belos olhos verdes e sentindo o aroma doce exalado pelo cabelo loiro acobreado, decorado por delicadas tranças na lateral da cabeça.

— Que situação! — debochou Gastor, lambendo os próprios lábios de maneira nojenta. — Uma menina rica e mimada querendo participar de um torneio de gente grande. O dinheiro do papai não é o suficiente? Precisa vir aqui tentar acabar com o sonho de vitória de quem realmente precisa?

A jovem tentava se soltar, mas quanto mais se mexia, mais forte o capanga de Gastor a segurava.

— Você não me conhece pra dizer isso! — esbravejou a jovem com um nó na garganta, acostumada a ser julgada pela aparência. — Não vim até aqui por dinheiro! Preciso vencer e salvar o que restou da minha família!

A Última Conjuração | Vol. I [DEGUSTAÇÃO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora