Bufou, chamando a atenção de Blaise, que se sentava ao seu lado. O garoto bisbilhotou por cima do ombro de Draco, lendo a carta. Ele soltou uma breve risada, o que tirou Pansy de seu monólogo irritado.

— Parece que o Potter não é tão inútil assim, Pansy. — Disse Blaise, pegando a carta das mãos de Malfoy, que não tentou resistir. — Olhe só.

Pansy passou os olhos pela carta. — Hm... — Disse, meio contrariada. — Parece que o complexo de herói dele finalmente serve para alguma coisa. — Disse ela.

— Vocês não estão surpresos? Vocês sabiam que eu não estava mais indo para a terapia?

— É claro que sabíamos, Draco! — Disse Pansy. — Não somos idiotas, sabemos que você não vai mais na terapia, mas como você nunca contou, achamos que era melhor se deixarmos você fazer o que quisesse. Pensávamos que sua mãe sabia, mas é claro que não. Você sempre quer fazer as coisas sozinho, não é?

Draco se sentia um pouco culpado em ter mantido segredo de seus amigos, em ter mentido para eles. — Desculpa. — Ele murmurou.

Pansy se sentou em uma das poltronas da sala, suspirando. — Eu acho que nunca vou me acostumar com você pedindo desculpas. É estranho demais.

Ele sorriu, triste. É, ele sabia que era estranho. Ele mesmo ainda não havia se acostumado completamente.

— Mas já que a sua mãe não sabe sobre isso, acho que Potter está fazendo um bem. — Disse Pansy.

Draco bufou. — E quando ele não faz? Salvador do mundo bruxo, o Santo Potter. — Ele resmungou.

— Começou de novo... — Blaise disse, suspirando. — Quando você vai deixar isso para trás? Você ainda está tão fissurado naquele aperto de mão? Por Merlin, Draco, já fazem o quê? Sete anos?

Draco fez um bico. Sim, ele ainda estava "fissurado" naquele aperto de mão recusado. Afinal de contas, foi a primeira vez que o disseram não, a primeira vez que ele não conseguia o que queria. Foi um marco e tanto em sua vida, ok?

Mas aquele, obviamente, não era o único motivo para não gostar de Potter. Havia o óbvio favoritismo que Dumbledore tinha por ele, e agora, a idolatria de todo o mundo bruxo. Harry Potter era certinho demais, o garoto de ouro. Ele era perfeito demais aos olhos dos outros, mesmo que fosse um imbecil impulsivo e que acreditava que o mundo era preto no branco. E isso irritava Draco. Todas essas coisas conseguiam dar nos nervos dele.

Revirou os olhos, pensando no menino de ouro do mundo bruxo. Não acreditava que tinha feito um acordo com aquele... aquela coisa.

Suspirou, esfregando o rosto. Blaise riu.

— Já está se arrependendo, Malfoy? — Ele perguntou, arrancando uma risada de Pansy. Até mesmo Goyle, que estava calado até aquele momento, deu uma risadinha devido às más escolhas de Draco.

Sim, ele já se arrependa. Só esperava que a realidade não fosse tão ruim quanto ele imaginava.

Draco ouviu passos apressados atrás de si, e então uma voz irritantemente familiar disse: — Bom dia, Malfoy.

Harry Potter parecia ter acabado de acordar e aparatar ali. Seus cabelos eram a mesma tragédia de sempre e ele parecia animado, sabe-se lá o motivo. O loiro não respondeu o cumprimento, o que fez com que o outro franzisse o cenho depois de alguns segundos, mas nada disse. Provavelmente já esperava.

— Qual o motivo do bom humor, Potter? — Perguntou, depois de algum tempo andando em silêncio. Os dois se dirigiam para a aula de Defesa Contra as Artes das Trevas dos segundanistas.

Cicatrizes e FloresWhere stories live. Discover now