***E ao amanhecer em outra cidade, não muito distante ali...***
Devon olhou em sua volta e se viu no quarto fedido como chiqueiro e empurrou um cara do time desmaiado, muito próximo a ele.
Apesar de tudo que havia aprontado na vida, até então nunca teria ficado atrás das grades vendo o sol nascer quadrado.
Ele ficou de pé com dificuldade e a sua cabeça latejava. Ele quase caiu outra vez pisando nos rapazes espalhados pelo chão da cela.
Todos estavam destruídos e Devon não se lembrava de muita coisa da confusão que armaram, mas pelas roupas sujas e com pés descalços, dava para se ter uma ideia.
Um agente penitenciário chegou naquele instante e chamou por Devon, pois o delegado precisava vê-lo. Ele o acompanhou e quando viu a claridade dos corredores adiante, exclamou:
- Putz, quantas horas são? - disse ele fechando os olhos.
- Pergunta para seu pai - o agente quis tirar com a cara de Devon, pois já conhecia bem o tipo filhinho do papai e Devon travou o queixo de nervoso.
Antes, o rapaz iria até rir da situação diante do pai, mas desta vez ele ficou preocupado ao ver no rosto de Alex a expressão de desapontamento, diferente dos dias anteriores em que estavam se dando bem.
O delegado liberou os rapazes por serem réus primários. Mas caso o ministério público queira entrar com processo, eles podem receber uma pena mínima como serviços comunitários pela desordem que causaram.
Alex dirigia calado. Devon não quis fazer sua defesa e depois de pensar um pouco pediu:
- Só preciso que saiba que não foi minha intenção lhe causar mais transtornos - Alex ainda magoado não olhou para o filho - nada justifica o que fiz – Devon abaixou a cabeça.
Ele pediu para o pai deixá-los na em uma cafeteria próxima a casa de Sam. Alex disse com a voz fraca que mais tarde daquele dia, eles conversariam.
O rapaz ficou olhando o carro do pai descer a rua e Andrew o tocou no ombro:
– Seu velho ficou grilado, mas vocês vão conversar melhor- disse o amigo em consolo - Matt e eu somos a prova viva que você mudou e ele vai ver isso.
- Assim espero - Devon sussurrou e depois chamou os amigos para a casa de Sam.
Ao longe avistaram o jardim com papel higiênico jogado nas plantas, descartáveis, garrafas jogadas, gente dormindo na grama, ...
- Parece que um furacão passou aqui - Matt comentou.
Devon engoliu seco e quando se aproximaram viram cartazes mau impressos com sua foto ainda no ensino médio e ele exclamou:
- Mas que porra é essa? - ele pegou uma de suas fotos toda "zoada" com bigodinho e tudo.
- Eu falei que essas minas são loucas - Andrew deixou escapar.
Devon chegou até a porta da casa e quando foi bater acabou a empurrando, pois já estava aberta. O cenário interno, não estava diferente do que viram do lado de fora ou até pior. Sam e Dara dormiam no sofá uma para cada direção.
Matt ria muito e tirou fotos das garotas de roupas fluorescentes desmaiadas e focou também no cenário apocalíptico. Ele até pensou em desenhar coisas obscenas no rosto delas.
Devon bateu a mão no celular de Matt e se ajoelhou próximo a Sam para acordá-la:
– Ei, Sam– ele tocou de leve no rosto dela a despertando – Eu cheguei.
Ela primeiro sorriu vendo o seu príncipe e depois acordou para a realidade, se envergonhou da baba seca do lado direito da boca e dando um salto do sofá olhou ao seu redor e acordou a Dara que fechou a cara de ressaca quando viu os rapazes.
Sam queria se desesperar diante dos rapazes e ficou tensa pensando na volta de seus pais e na expressão no rosto deles ao ver a casa deles toda destruída. Devon a abraçou e tentou amenizar a situação:
– Calma, vamos pensar algo para deixar tudo como estava – disse ao se desequilibrar no lixo que estava pelo chão – Vamos começar pela limpeza, certo?
Matt, Andrew e Dara queriam fugir da faxina e Devon os fizeram ficar na casa.
– Acho que estou morrendo – Dara disse diante da olhada de rabo de olho para Sam.
A imagem de Devon e outros dois "bad boys" dando faxina, não daria para se esquecer nunca na vida. E eles ficaram ali agarrados no serviço por horas, seguindo as ordens de Devon.
O loiro vez ou outra passava os cabelos bagunçados de Sam por detrás da orelha dela e ficavam sorrindo um para o outro, com cochichos afeituosos.
Do outro lado da sala, Matt deu um grito:
– Eu sabia – ele veio na direção dos demais com algumas pulseiras na mão – era para você ter matado a barata marrom no metrô – ele disse ao se referir a Sâmara.
– É o quê? – Dara armou um punho ao lado do corpo e esperou pelo comentário de Andrew, que disse:
– Elas não são baratas – Andrew encarou a Dara e a surpreendeu, fazendo-a pensar em não mais querer agredi-lo – elas são muito lindas _ Dara ficou sem palavras olhando a Andrew desarmada.
Devon ainda não estava entendendo, até que leu as descrições das pulseiras junto com sua foto antiga.
– Vocês me usaram para ganhar dinheiro? – ele olhou para Sam querendo respostas.
Enquanto Dara e Andrew se olhavam, os demais entraram em uma discussão. E Sam tentou explicar onde o dinheiro foi aplicado e que esperavam a Devon para uma participação na festa, enquanto isso o loiro se irritou ao levar as mãos na face.
Matt continuou a insultar as garotas, Sam ainda se explicando e Devon os interrompeu:
– Por quanto tempo seus pais vão ficar fora? – ele voltou- se para a jovem quase chorando pelo confronto.
– Por um mês, foi o que me disseram – ela respondeu mais calma e soluçando.
– Como vocês me devem pelos meus direitos de imagem, vamos ter festas aqui por um mês inteiro para me ressarcirem – ele disse sem meias palavras.
– Não podemos fazer isso, devemos a gráfica, a distribuidora, e aos meus pais devemos dinheiro, os prejuízos dos móveis, reforma da casa... – Sam desabafou chorosa.
– Certo. E não se esqueçam que me devem também – Devon não quis pegar leve com a garota e chamou Matt para saírem da casa – organize tudo e passem a minha parte, pois vou ficar esperando.
Sam ficou acuada e se lembrou de Dara, que a deixou levar ferro sozinha:
– Onde está a Dara? – ela não viu mais a Poney e Matt apontou para as escadas:
– Ela levou Andrew para o quarto – Matt ficou rindo zombeteiro e puxou a Devon antes que ele ficasse com pena da garota e desfizessem o acordo.
Sam olhou para os rapazes saírem da casa e pensou que estava mais ferrada do que imaginava.
Quanto a Devon encontrou a solução para seu financeiro estourado com a despedida inesquecível do time de basquete.
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No Mesmo Barco
RandomTudo que ela queria era ele e tudo que ele mais queria era deixar de ser quem ele era. Sâmara com ajuda de Dara, sua louca amiga, sonhava em um dia se aproximar de Devon. O crush jogava em um time de basquete que já teve seus tempos de conquistas e...