Capítulo 12

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Uma semana se passou desde que fomos no museu, e Loris continua vindo aqui me chamar todos os dias para fazermos alguma coisa, admito que essas férias estão sendo as melhores da minha vida graças a ela.

Minha mãe me liga quase todos os dias. Ela  pergunta se estou bem e se estou gostando de alguém milhares de vezes, ela insiste e insiste, e eu nego e nego quantas vezes for preciso.

A barriga de Lourdes já começou a aparecer, visto que antes ela tinha uma barriga reta. Está extremamente feliz e tendo muitos enjoos, meu pai parece um bobão mas é tão bom vê-lo assim que nem sei explicar.

Terminei três livros, e chorei menos vezes que pensei que choraria, um progresso que alcanço aos poucos. Fazer o que se a arte nos torna sensíveis demais.

Caminho até a minha janela, e vejo Loris parada do outro lado o que não é nenhuma novidade para mim. Ela atravessa correndo por conta dos carros, essa garota é louca.

– Sem condições – eu falei e cruzei os braços.

Ela riu e eu me segurei para não rir também,  já que sua risada é tão contagiante. Loris pediu desculpas como sempre, pois já tivemos essa discussão antes, que atravessar a rua enquanto o sinal está aberto é perigoso.

– Essa foi a última vez, juro de dedinho – ela disse.

– Hmm então ta né – mostrei meu dedinho também, sorrimos.

– Que tal sairmos para dançar hoje?

– Parece uma boa, mas eu não sei dançar – falei.

– Eu também não sei, vamos aprender juntas? – ela pergunta e da aquele sorrisinho, que me pega desprevenida e no final eu sempre digo sim.

– Claro.

– Ok, passo aqui umas sete horas. Até mais tarde Liv – ela disse e pisca para mim.

– Até mais tarde Loris  – eu digo quando a mesma já se virou como de costume.

Saio da janela e ligo som alto. Tento me mexer conforme a música mas percebo a atrocidade que sou fazendo isso. Abro meu guarda-roupa e pego um vestido rodado na parte de baixo, e sei que esse vai servir para a ocasião.

Estou empolgada como sempre. Loris sempre acaba por me surpreender quando me leva para sair. Eu tomo banho nesse fim de tarde e me arrumo dessa vez ficando um pouco mais ousada.

•••

Sua mão está entrelaçada na minha, mas dessa vez é diferente. Eu estou extremamente nervsosa e ansiosa. Loris está usando um vestido preto e botas como sempre. O cabelo preso num coque alto e frouxo.

Quando ela me abraça, eu percebo como gosto de seu toque, ela sorri para mim e encara a minha boca, e por um momento eu me pergunto mentalmente se ela imagina alguma coisa acontecendo entre nós, como eu já imaginei muitas vezes.

Nós vamos de metrô. O lugar não é uma boate mas também não é uma festa para crianças, quando chegamos eu fico admirada com o lugar, e noto a semelhança entre ele e o bar perto de casa.

A maioria das mulheres usam vestidos largos e saltos finos, a música que toca é dos anos sessenta. Loris começa a gritar no meu ouvido mas acabo por não ouvir nada, ela me leva até o bar e eu decido beber um pouco, o álcool me deixa mais solta e elétrica.

Eu tomo dois pequenos copos de uísque puro, e Loris começa a rir quando eu me engasgo. Ela pega na minha mão e me arrasta para pista de dança, começa a dançar de uma maneira estranha e minha barriga dói de tanto rir.

– Liv vamos dançar estranho juntas  – ela grita e eu me junto a ela.

Os próximos três minutos dessa música basicamente é nós duas inventando passos estranhos, e fazendo o passinho do robô. Loris desse até o chão e sobe passando as mãos pelo corpo.

Minha boca se abre e fecha pois as palavras somem subitamente, ela pisca para mim e vira de costas fazendo a mesma coisa, dessa vez com o seu corpo grudado no meu.

Ela começa a dançar contra mim ainda virada de costas, com a minha boca na altura perfeita de seu pescoço. Deixo um beijo delicado e passo minhas mãos em volta de sua cintura e assim a música chega ao final, e eu solto um suspiro.

Uma música lenta começa a tocar e vários casais começam a dançar colados, olho para os meus pés sentindo-me um pouco constrangida. Loris sorri para mim e coloca minhas mãos em volta de seu pescoço, enquanto uma de suas mãos para alguns centímetros da minha bunda.

Se ela descesse apenas um pouquinho.

Está tão próxima de mim e bela, que custa resistir. Sinto meus sentimentos transbordarem do meu peito e só pode ser por causa do álcool tudo isso. A imensa vontade de beija-la mas o medo de estar fazendo a coisa errada persiste.

Ela junta mais nossos corpos e conduz a dança, e eu deixo, a deixo fazer o que quiser. Ela se aproxima de mim e o ar quente de sua respiração bate contra a minha orelha,  fazendo-me arrepiar.

– Você com certeza é a mulher mais linda dessa noite – ela sussurra – E das outras também.

As suas palavras me arrancam um sorriso involuntário como sempre. Uma outra música lenta começa a tocar e por algum motivo meu coração dispara. A luz é diminuída deixando o lugar mais escuro.

Sinto a mão de Loris se movimentar contra as minhas costas, e sinto seus dedos pararem no começo da minha bunda. Seu rosto está próximo do meu o suficiente para sentir o cheiro do uísque, ela passa a língua pelos lábios e depois morde o inferior.

Eu suspiro novamente, dessa vez uma de minhas mãos alcança seu rosto onde deixo meu acariciar, passo meu polegar pelo seus lábios enquanto seu olhar ferve no meu. Eu aproximo minha boca, e antes de fechar os olhos consigo ver o sorriso em seu rosto.

Intensidade é tudo o que sinto.  Uma de suas mãos adentram meus cabelos e eu continuo com a minha em seu rosto. Sua boca na minha é como um quebra-cabeça que acabará  de ser montado perfeitamente.

Sinto sua língua se movimentar com a minha, e um calor profundo surgir rapidamente. Loris desce sua boca para meu pescoço e eu me permito sentir e apenas sentir cada sensação nova.

Sua boca volta para a minha novamente. E eu sinto a urgência mútua de nós duas, ela está sentindo a conexão, eu sei que está. Mordo seu lábio inferior e sua mão finalmente chega em minha bunda. Quando me toca me sinto sua, como se não houvesse proibições entre nós duas apenas carência e lealdade, de sabermos que somos tudo o que precisamos uma para a outra.

Ela me deixa um lento selar, e me abraça.

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Tudo o que o meu coração queria ter dito a você ( Lésbico ) Onde as histórias ganham vida. Descobre agora