Uma Lágrima e a Chuva

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A chuva estava fina e fria, quando George começou a encarar a vastidão da sua cidade ao longo da noite. Na sacada era o único lugar onde ele conseguia se sentir levemente abraçado, um abraço dado pelos pingos da chuva que o alcançavam.Aquele sentimento voltava, junto da cama desarrumada, dos papeis desorganizados em cima da mesa e com seu computador que nunca ficava desligado em razão do trabalho. A sua antiga conhecida havia passado para lhe dar um "Olá! Como tem passado, meu querido? ". Ela não iria se despedir com a mesma facilidade com a qual chegara. George ainda encarava o horizonte iluminado, cheio de prédios e o celular, ao lado do controle remoto, pedia para ser carregado, pois já estava para dar seu último suspiro. Enquanto as horas passavam, a escuridão do céu mergulhava em uma intensa tempestade, a selva de pedra estava lá, e em tudo, com seus sobreviventes, tão solitários quanto uma folha que se desprendia do galho de sua árvore para ser levada pela ventania. George era como essa folha, que não sabia mais para onde ir. Em sua cabeça, a voz da figura que para ele tomava a forma de uma mulher, apenas o chamava para voar. Cansado de recusar, ele não sabia mais o que fazer, aquela situação já o incomodava há muitos anos. As lágrimas se misturavam aos pingos, alguém havia voado, um som ecoou por um breve momento. De repente, um raio cortou a noite; então a chuva perdeu sua força, a cidade amanheceu e começou logo cedo mais um dia de sua rotina tão repetitiva, com trabalhadores pegando o ônibus para o trabalho, ao lado de estudantes do primeiro período, pombos procurando por migalhas em uma praça do centro, pessoas saindo das baladas e bares. O dia começara, mas alguém não iria acordar.George criou asas e se pôs a voar.

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⏰ Last updated: Jul 25, 2019 ⏰

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