Ó, vento das lamentações.
Venha e leve embora toda a poeira.
Vire as páginas do meu livro dos segredos.
Arranque as folhas que ainda restam na árvore da vida.
Ó, vento tão frio.
Fique e habite em meu redor.
Arrepie cada centímetro do meu corpo.
Afaste todos os fantasmas que teimam em crucificar-me.
Ó, vento de ventania.
Derrube as paredes em forma de gaiola.
Ensine ao pássaro voar na imensidão do céu.
Escape pelos meus dedos que planejam te prender.
Ó, vento da solidão.
Vá e nunca mais volte aqui.
Faça-me cair no jardim das flores adormecidas.
Deixa-me dormir enquanto as estrelas se apagam uma a uma.
