Caramba, enquanto eu estava pensando que ele poderia se um juiz de futebol ou coisa assim, ele me diz que é uma autoridade. O cara despojado e safado, era uma Vossa Senhoria. E eu estava transando com ele por uma semana seguida.
— Você tá brincando comigo? — Foi à única coisa que consegui dizer, não acreditava que um cara como ele, nada engomado, com um espírito aventureiro e totalmente desregrado com horário, comida e rotinas poderia ser um juiz.
Ele tinha o dom de disfarçar sua realidade e camuflá-la em seus jeitos.
— Não estou. — Ele se sentou na cama como eu fiz, só que puxou o lençol para cobrir seu sexo. Ele podia esconder tudo de mim, porém, eu já percebi que era um pouco tímido quando o assunto era seu corpo.
— Eu juro que achei que era algum artista, cantor, ou até alguém que trabalhasse com marketing, mas juiz?
Pela forma insegura que ele me olhava, eu podia adivinhar que estava inseguro, deduzindo que eu não gostei desse fato.
— Algum problema por transar com um juiz?
Tentei me segurar, mas ao olhar naqueles olhos azuis, eu não consegui comandar o meu corpo em me jogar em cima dele, envolvendo minhas pernas em sua cintura e meus braços em seu pescoço.
Seus olhos penetraram nos meus e ele obteve ali sua resposta. Era excitante transar com o poder supremo da lei.
Meus lábios encostaram os dele e eu sussurrei em sua boca.
— Não há problema algum, desde que você seja bem feroz em sua sentença.
Aquelas palavras foram o bastante para que Pedro me jogasse de costas na cama e me penetrasse, apenas com uma estocada brusca e deliciosa. Então, isso foi o motivo para não sairmos mais daquela cama pelo resto do dia.
Digamos que passávamos mais tempo sem roupas do que com elas,
até o dia em que viemos embora.

Nossos voos eram separamos e, essa separação só serviu para nos mostrar que não queríamos mais viver longe um do outro. Então, em pouco tempo eu já estava me casando, com direto a despedida de solteiro em boate e casamento na igreja mais famosa de São Paulo.
Era quase impossível conseguir datas naquela igreja, mas a influência dos pais de Pedro na sociedade paulistana, fez com que se tornasse fácil um casamento de princesa em pouquíssimo tempo.
No ano seguinte, Pedro se mostrou ser uma pessoa discreta, calada e introspectiva, bem diferente do Pedro que conheci em Amsterdam. Eu achei que era o tanto de trabalho que ele carregava nas costas, e por causa desse trabalho, ele não estava mais dormindo todas as noites ao meu lado ou transando com a mesma frequência. Mas o meu achismo foi para o espaço, depois de ontem à noite, quando ele jogou o motivo no qual ele viveu sufocado por esse tempo casado.
E eu não sei o que faço para resolver esta situação.
— Dani, o telefone.
Eu vi o meu telefone vibrando em cima da mesa, enquanto eu trabalhava nos últimos ajustes do casamento de Bia.
— Dani, seu telefone está vibrando.
O berro de Camila me fez perceber de fato onde eu estava, e me fez olhar para o visor do celular, que mostrava uma mensagem de WhatsApp de Pedro piscando na tela.

"Mor, esquece todas as besteira que te disse ontem .. me desculpa, vamos resolver as coisas de uma outra forma.
Te amo. doidinha! "

Tenho medo de imaginar como poderemos resolver aquilo, mas o bom de trabalhar com duas amigas histéricas, é que não tenho a chance de refletir por muito tempo.
— É o mor? — Camila zomba, fazendo um fusquinha, que realça seu piercing no lábio superior.
— É. — Não me importei com a sua desdenha com o meu apelido romântico a Pedro, isso não é importante agora.
— Qual é, Daniela, dormiu de calça jeans?
Ela se aproxima com um vaso de crisântemo nas mãos.
— Se dormi, não é da sua conta, você deveria se preocupar com as entregas nos dois funerais e os preparativos do casamento da nossa amiga ali — apontei o lápis na direção de Bia, que estava entretida em uma coroa de flores — e não com que calças eu dormi.
Cami não me olhou, ela virou rapidamente e me deu às costas.
— Ainda bem que você foi primeiro, minha amiga, porque se tivesse sido primeiro a minha chefe, não existiria amizade.
— Trabalhe, Camila.
Voltei para as contas e afazeres do casamento, já está tudo pronto só precisamos da chave do local.
— Está tudo bem? — A voz calma de Bia sempre me fez bem, e por mais que não estivesse nada bem, quando a escuto, tenho a impressão que vai ficar.
Levantei o meu rosto a ela, a examinando atrás da bancada, ela fez o mesmo comigo.
— Está bem. — Sorri revelando o "nada bem".
— Eu te conheço.
Bia parou o que fazia e caminhou até minha mesa, enxugou suas mãos em seu avental branco.
Lá vem!
Eu sei, era para eu estar feliz com seu casamento, essa foi a melhor notícia que Bia me deu por meses. Mas eu não estava, não que não estivesse feliz por minha amiga, era com o meu casamento, e olhar para ela, me faz lembrar de que irá se casar em três dias, isso me traz toda a realidade à tona. — Está — minto.
Ela não acreditou muito, mas entendeu meu recado e mudou de assunto.
— Ok. Como é a vida, ? Se não fosse você, nada disso teria acontecido. — Bia voltou a trabalhar no arranjo enorme de tulipas.
— Eu não tenho nada com isso. É o seu casamento, é o seu noivo, não me meta nesta história.
— Mas se você não tivesse escolhido aquele lugar, ou aquela boate, nada disso estaria acontecendo
Ela deu um grande suspiro, relembrando, atrás das flores
— Então, isso é graças a Rubens, porque se não fosse ele, eu não teria aquela despedida, naquele inferninho.

Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Aug 16, 2019 ⏰

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