Capítulo 6

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Enquanto isso, em um lugar distante de toda aquela movimentação no castelo...

Nas montanhas, no meio das árvores daquela floresta densa, onde se escondiam todos os tipos de bestas e animais mágicos, um grupo de ladrões conhecidos sossegavam planejando seu próximo alvo.

— Não acha que é loucura demais? — Abel empurrou Oliver com os dois braços.

Ambos eram homens enormes e assustadores, Oliver com seus músculos protuberantes e seus olhos esbugalhados, Abel com sua pele repleta de cicatrizes, músculos definidos e um olhar feroz. Eles se encararam por alguns minutos. Bem perto um do outro. O resto do bando apenas os assistia. Geralmente era assim que aqueles dois brutamontes definiam algo.

— Desculpe se sou ganancioso, irmão — respondeu Oliver, empurrando-o de volta.

Abel trincou o maxilar. Eles não eram irmãos de verdade, mas se consideravam assim. Oliver tinha a pele bem negra e era careca enquanto Abel tinha a pele clara e os cabelos extremamente loiros e lisos, que ele deixava amarrados em um rabo de cavalo. Seus olhos eram de um dourado diferente enquanto os de Oliver eram castanho-claros, puxados para o verde. Ambos tinham muito sucesso com as mulheres.

Abel riu, debochando do irmão. Era mais que inacreditável sua ideia. Era um absurdo.

— Nós não nos igualamos em força — falou Abel — nem em poder. — Arrastou o olhar sobre o seu bando. Alguns concordavam com ele; outros, no entanto, estavam tão feridos com o massacre que apenas queriam vingança.

— Merecemos uma vingança! — gritou Oliver. — Eles mataram metade do nosso bando! Vamos mostrar a eles que somos mais poderosos! — Oliver levantou o braço, e um grupo de homens fez o mesmo, dando um grito de guerra.

Abel respirou fundo, fechando os olhos. Oliver veio até o irmão e mostrou algo que tirou do bolso.

—Temos isso...

Abel arregalou os olhos na direção daquela pedra brilhante antes de voltar seu olhar incrédulo para o irmão. Nunca tinha sentido isso por Oliver, mas pela primeira vez ele teve repulsa de seu aliado. Já vira muitas pessoas morrerem de diversas formas. As guerras e batalhas por sobrevivência tinham-no transformado em um homem frio, mas pelo visto Oliver havia subido um patamar a mais. Ele se tornara desumano.

— Você a matou? — perguntou Abel com a voz trêmula sem tirar os olhos do irmão.

Oliver riu como se fosse uma besteira.

— Criança ou não, era nossa inimiga — respondeu ele, sério. — O importante é que agora temos poder! — Gargalhou. — Poder suficiente para destruir aquela aldeia! — Ele virou para o bando. — Homens! — Oliver levantou a pedra e um raio veio do céu, iluminando todo o local e energizando seu entorno. Abel podia ver as linhas irregulares dos raios ao redor daquela pedra. — Somos invencíveis!

Abel ainda não podia acreditar. Ele deu alguns passos para trás, chamando a atenção de Oliver. Seus olhos estavam sem brilho. Trevas o dominavam. Mesmo vindo de alguém aparentemente inocente, aquela pedra apresentava um poder anormal que podia ser usado para o bem ou para o mal, dependendo de quem a usasse.

Os homens olhavam para Abel com estranheza e até pareciam ter perdido um pouco do respeito por ele.

— Não diga que vai nos abandonar nessa, irmão? — perguntou Oliver, guardando a pedra com um sorriso no rosto.

Abel engoliu em seco e levou as mãos aos bolsos. Depois sorriu, tentando se convencer de que Isabela era realmente uma inimiga. Uma menina de dois anos de idade, muito sapeca, que eles, por acaso, encontraram um dia. Porventura, essa menina vinha de uma descendência de bruxas poderosas que habitavam uma aldeia afastada.

A FILHA ESCOLHIDAOù les histoires vivent. Découvrez maintenant