Juliana Valdés, sempre foi uma mulher admirável, não somente por sua beleza hipnotizante, mas também por sua inabalável determinação. Entre linhas suaves e precisas ia revelando-se mais um belo e delicado vestido desenhado por ela, ser estilista sem...
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Valentina
Há dias em que assim que você desperta, percebe que há algo que não está bem. Como se tivesse uma energia ruim no ar. Não sei como, mas você sente que algo vai dar errado, algumas pessoas poderiam achar que é pessimismo. Ou então pode ser entendido como "levantarcomopé esquerdo".
O fato é que sinto que hoje é um daqueles dias. No mal sentido.
Primeiro eu havia despertado com muita fome, o que era estranho, já que raramente sinto vontade de comer pelas manhãs. Então decidi cozinhar algo para comer. Ou pelo menos tentar. Optei por fazer um bolo de chocolate, separei os ingredientes, preparei a massa, fiz todo o processo necessário para fazer o bolo. Após colocar no forno, esperei um certo tempo, enquanto tomava um pouco de café, assistindo ao jornal.
Tudo estava aparentemente ótimo, sempre ia ver como o bolo estava ficando, ele aparentava estar delicioso. Mas não parecia estar crescendo, resolvi esperar mais um pouco.
Mas por um momento de descuido, me esqueci completamente do bolo, fui me lembrar quando comecei a sentir o cheiro de queimado pelo ar. Com delicadeza o retirei do forno. Estava horrível, havia praticamente se transformado em carvão. Não havia condições de comer aquilo. Teria que ir ao café que havia no hotel mesmo.
Quando abri a porta encontrei um homem que trabalha no hotel, ele perguntou-me um pouco assustado o que havia acontecido. E eu tive que contar vergonhosamente o que ocorreu com o que era para ser um bolo de chocolate. Notei em sua expressão um certo alívio ao terminar de lhe contar. Ele certamente havia pensado que eu havia procado o início de um incêndio. Mas não duvidaria que isso acontecessem caso eu não saísse da cozinha.
Caminhei em direção ao balcão, com a intenção de fazer o meu pedido, e assim por fim poder comer algo. Mas algo me impediu.
Havia recebido uma inesperada mensagem.
Nela estava contida a seguinte frase:
"Precisoconversarcom você, Valentina. Poderiamosnosencontrarno Star Coffe, por favor?"
Era Eva, minha irmã.
Passei alguns minutos olhando para aquela inquietante mensagem. Pisquei algumas vezes, como quem não acredita no que acabara de ler.
Não sei dizer o quê era mais estranho, se o fato de minha irmã querer conversar comigo, depois de praticamente dois meses sem me dirigir a palavra ou o inusitado fato dela pedir por favor. Ela não é o tipo de pessoa que pede algo gentilmente para alguém, muito pelo contrário. Mandar sempre foi algo que ama fazer.
