O Borralheiro Anão

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— Não temos o que temer, só entra aqui quem você deixar, não é? — Perguntou Lesmir não conseguindo manter a pose ereta.

— Sim, sim só pode entrar quem eu quiser. — Disse firmemente o Alto Magistrado. — Eu sou praticamente um deus aqui dentro.

Isso era uma meia verdade. Se alguém tivesse as chaves mestras, como eu, poderia entrar em qualquer lugar. E meu finado pai dizia que qualquer um que fosse mais forte que o Alto-Magistrado poderia entrar, mas poucas pessoas sabiam disso.

As portas do elevador, que eram de cor negra ficaram em tons alaranjados e por fim derreteram permitindo entrar a névoa mais densa e espessa que eu já havia visto, o som de madeira sendo rachada era alto e arrepiante, labaredas de fogo dançavam no ar e ao fundo um choramingo de dor que fazia todos os meus pelos se arrepiarem.

— Qu... Qu... Que? — Tentou dizer o Alto Magistrado enquanto se mijava e procurava sua bengala mágica.

O Alto Policial Lesmir sacou seu sabre e apontou para algo no meio da névoa. Um dragão-serpente saiu cuspindo uma rajada alaranjada fazendo-o derrubar a arma e cair de traseiro no chão.

— Como isso é possível. — Gemeu Lesmir se agarrando em Meguera.

— Eu... Sou... — Disse algo atrás do dragão-serpente, era uma voz masculina e familiar. — Muito mais poderosa que toda Espiral.

A névoa estava na cintura dos dois homens, e raízes grossas e negras saiam de dentro do elevador preenchendo o chão do escritório levantando sulco e derrubando móveis. Daria muito trabalho limpar tudo aquilo.

Eu agarrei Dodolo com todas as minhas forças e tampei sua boca.

— Eu ordeno que pare com isso imediatamente. — Berrou Sir Nicolaj Vargo com a calça molhada, seu kappa permanecia desmaiado ao lado da mesa. — EU SOU O ALTO MAGISTRADO E LÍDER DE LIGENCIA, VOCÊ...

Uma raiz puxou a perna esquerda do Alto Magistrado deixando-o de ponta cabeça.

Te... Tenha piedade. — Gemeu Vargo.

— Você não teve quando pedi. — Disse uma voz doce e meiga.

Uma mão em forma de galho rasgou o rosto dele fazendo o berrar e uma raiz grossa penetrou pelo traseiro do Alto Magistrado saindo em seu coração. O dragão-serpente se aproximou do corpo e lançou uma flâmula de fogo tão poderosa que carbonizou Sir Nicolaj em um segundo.

Lesmir caiu de joelhos sobre Meguera chorando e berrando.

— Eu não fiz nada. — Ranho e lágrimas escorriam pelos bigodes altos do Alto Policial. — Eu juro que não fiz nada.

— Eu sei. — A voz estava mais aguda mesmo sendo masculina. — E fazer nada, já é fazer algo.

A mão de galho perfurou os olhos de Lesmir que gritava e se debatia. Uma raiz entrou na boca do Alto Policial arrancando a língua dele.

Dodolo saiu do meu aperto correndo e derrubando todas as coisas de limpeza. O dragão-serpente rastejou parando na minha frente sibilando e soltando fumaça das narinas. Não consegui segurar os meus intestinos e me caguei nas calças. As minhas pernas tortas viraram gelatinas.

Dodolo. — Murmurei para o nada fechando os olhos.

Não sei bem quanto tempo fiquei com os olhos fechados, mas quando abri Dodolo estava do meu lado choramingando e limpando a sujeira da minha calça.

***

— Não sei como sobrevivi nhor, só sei que aquela coisa estava se vingando. — O Nhor Conrado me olhava sério, e ele me dava muito medo. — Espero que acredite em mim.

— Obrigado senhor Lotto, seu depoimento só confirmou o que eu já tinha plena certeza. — Ele me deu as costas olhando para a garotinha que o seguia. — Senhorita Quillua mande todos os depoimentos para os Doze enquanto eu vou visitar o Senhor Noar.

— Desculpe-me nhor Investigador, mas você não pode fazer isso. — Eu disse com medo.

— Quem é você para dizer o que posso fazer? — As veias saltavam de seu pescoço.

— Eu sou o faxineiro, — Respondi erguendo os ombros sem entender a pergunta. — mas você não pode fazer isso, por que ele tá morto.

 —  mas você não pode fazer isso, por que ele tá morto

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