Capítulo 01 - Piloto

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Na cama, um celular desperta às 07:00 da manhã. Uma mão feminina desliza o dedo várias vezes sob a tela tentando desligar o despertador, porém não consegue, por fim, a moça arremessa o celular na parede, quebrando-o. Ela retira a venda florida que está em seu rosto, revelando ser a jovem Cindy, uma mulher aparentemente linda se não fosse acordar com a cara amassada, cabelos arrepiados e a baba no canto esquerdo de sua boca. Ela sai da cama e vai direto para o banheiro, onde toma seu banho na banheira de formato oval, com direito até a uma hidromassagem; Cindy sempre precisa começar e terminar o dia nessa banheira, afinal, não é fácil para ela acordar cedo e passar o dia administrando a sua rede de fast-food que faz o maior sucesso em Ohio, e por conta disso ela sempre se sente cansada mas nem se quer pensa em tirar férias, como a sua mãe Mariah sempre aconselhou, alegando que trabalho demais não faz bem a ninguém. Cindy nunca deu ouvidos a mãe, nem ao amigos, quer dizer, nem a eles ela estava dando atenção, talvez a recente morte de seu filho tenha contribuído para essa maior atenção de Cindy pelo trabalho, lá ela não pensava muito na morte do pequeno Billy, que teve a vida ceifada após desenvolver uma leucemia. Ao sair do banheiro, já vestida com o roupão, Cindy se senta à mesa, no quarto mesmo, onde duas empregadas servem o café da manhã dela.

-Ah não, gente, pelo amor de Deus, esse jornal aqui é de ontem! Cadê o de hoje? - Pergunta Cindy arremessando o jornal em cima de uma das empregadas que o segura.

-Me desculpe senhora, eu devo ter me confundido, eu estava com o de ontem nas mãos, eu iria guardá-lo.

-Pois é, e você o guardou, bem aqui, na minha mesa. Olha querida, deixa eu te falar uma coisa, o lugar de empregada incompetente não é aqui na minha casa, debaixo do meu teto, do meu lado, não...não lugar de empregada incompetente é na rua.

-Senhora, por favor, me desculpe, eu lhe garanto que isso não vai se repetir.

Clear, a empregada mais velha da casa tenta intervir - senhora, ela apenas se confundiu, foi só isso não é necessário que a senhora a demita.

-Virou santa agora? Vai ser a intercessora dos empregados, é isso? Por que se for isso pode me falar que assim que você morrer, eu mando uma carta pro Vaticano, pedindo pra te transformarem na santa dos empregados oprimidos - Cindy levanta - O Brad dormiu em casa?

As empregadas que se entreolham e Clear diz - Não senhora, não dormiu.

-Ok.... bom, ele deve ter dormido em algum desses lugares xexelentos que frequenta, é um bêbado sem nenhum senso prático, todo esse tempo eu precisando dele e ele nem aí pra mim. Enfim, podem se retirar, eu preciso me arrumar.

-Sim senhora - as empregadas saem do quarto.

Cindy caminha até a janela, ela olha para o céu com um olhar distante, tentando imaginar seu filho como um anjo lá em cima. Imaginar isso era o único alento dela, era uma evasão rápida de todos os problemas que ela sentia. Até o pensamento de suicídio era uma forma de amenizar a angustia de saber que seu filho está morto, e que depois da morte ela poderia encontra-lo, o abraçar, beijar. Nenhuma mãe merece perder seu filho e nenhum filho merece perder a sua mãe, nesse caso ambos haviam perdido, porque para Cindy, era como se ela estivesse morta por dentro e por fora, ela já podia se ver a frente de um abismo sem que ninguém pudesse a salvar do que já estava sendo planejado, o salto para um mergulho sem fim naquele oceano de lágrimas.

Com seus olhos cheios de lágrimas, Cindy continua a olhar para o céu

-Oh meu Billy, que saudades meu filho, que saudades... mamãe fez o possível pra você ficar aqui, do lado dela, do lado do seu papai, mas eu não consegui, eu perdi você meu bebê, te perdi. Mas um dia a gente vai se ver, e a mamãe vai te abraçar tão forte e não vai querer te soltar nunca mais, meu filho - ela cai de joelhos ao chão, chorando muito.

Ao Meu RedorWhere stories live. Discover now