CAPÍTULO 4: Um novo guia

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  Argdáin se despediu de seus familiares naquele dia. Deu um leve tchau aos três irmãos e disse que voltaria. Ainda sem o Barrigudo, montou atrás de Grielion em seu cavalo. Os dois partiram logo.

  — Para onde vamos, exatamente? - — Mudança de planos. Vamos ao Conselho. - Respondeu o elfo.

  Argdáin ficou sem entender, mas relevou. — Ora, e você já foi lá alguma vez? Acha que o Elthenkai vai estar lá, é? Admiro sua positividade. - — Ele não vai estar lá, mas o restante dos magos estarão. Podemos buscar respostas.

  Os dois enfim saíram pelo portão da Vila. Ainda havia sol e o clima era tranquilo. — Eu quero minha montaria. Já falei isso? - Resmungava o anão. - — Ele está bem, tenha calma, homem.

  Lentamente passavam pelo emaranhado de mato e bosque. Muitas árvores o cercavam. Seguiram reto, abaixo deles, atrás de mais árvores, haviam as montanhas que separavam a Fortaleza Elfica. Mais acima, ficava a Catedral Jafa, local de muita religiosidade e de conhecimento, mas a dupla não estava interessada em nenhum desses locais. Bateram em caminhada e seguiram em frente. A tarde se aproximava e o sol já se retirava calmamente.

  — É melhor pararmos para descansar. - — Está cedo. - — Exato. Vamos cochilar por agora, estou cansado e pouco dormi. Acordamos na madrugada e seguimos. Não haverá riscos. - Afirmou Argdáin com muita certeza.

  Os dois estenderam panos no gramado perto as árvores e dormiram. Já estava escuro, mas ainda eram bem cedo, mas passaram a noite ali, contra a vontade de Grielion, claro. 

  O cochilo foi seco e bom, mas Grielion demorou a engatar no sono devido ao alto ronco do anão.

  Acordaram no início da madrugada. Bocejando a cada segundo, Argdáin deixou seu capacete pendurado pelas costas e montou no cavalo. Grielion ajeitou suas flechas uma última vez e logo subiu. - — Sem mais descansos. - frisou. Argdáin concordou e ambos cavalgaram pela madrugada.

  Pouco mais de trinta minutos de viagem e ambos escutaram sons vindo dos arbustos. Grielion já segurara seu arco e Argdáin levantou sua arma bem atento. Curiosos com o que poderia ser, cogitaram a hipótese de ser apenas mais um animal da região, eis que dos arbustos, levanta-se uma mão. 

  Grielion virou seu olhar desconfiado para Argdáin, que também ficou sem entender. Surgiu-se dos arbustos ele, Tōnpo. O animago esticou os braços e se levantou. Completamente desleixado e sujo com grama agarrada ao corpo.  — Finalmente pude me comunicar. Estou seguindo vocês há tempos! 

  Grielion e Argdáin guardaram suas armas. — Para que nos assustar dessa forma? - reclamava Argdáin e concordava Grielion. - — Não era minha intenção. Estou com vocês. - — Poderia ter se aproximado enquanto estávamos a dormir. Seria mais fácil. - O animago se coçava demais e Argdáin debochava da situação. - — Também não seria adorável acordá-los. Preferi esperar-los.

  — E para onde vai, homem? - — Para o mesmo lugar que vocês. - Tōnpo entrou em acordo e os outros dois ficaram de bom grado com a situação. O trio estava retomado e iria junto ao Conselho para buscar respostas.

  À pé, o animago caminhou ao lado deles por um curto período, bem devagar. Ainda na madrugada, Tōnpo reparou numa figura desconhecida que cavalgava sob um cavalo também de cor branca pelas árvores. Em muita velocidade. — Ei, olhem! - exclamava.

  O trio virou-se e todos notaram aquela coisa. Ficaram alguns segundos encarando aquilo que se aproximava a cada instante. Estavam sem saber o que fazer.

  Tōnpo já curvou sua coluna e arqueou suas mãos em posição para se transfigurar. Argdáin posicionou-se para o ataque e Grielion sacou sua flecha. 

  — Deixem que eu ataco. - pediu Grielion. Os outros dois recuaram e Grielion disparou uma de suas flechas perfeitas. Um rasante em direção ao desconhecido....Nada aconteceu.

  Os três ficaram apavorados, Tōnpo gritou com o suposto erro do amigo e Argdáin logo de a ideia de se esconderem. Grielion prendeu seu cavalo um pouco mais distante e os três caíram atrás das árvores para se esconder.

  Minutos depois, aquele se aproximou. Fisionomia gasta, roupão branco e sob um cavalo robusto e branco. A figura mais clara naquela madrugada. Ele olhou para um lado, olhou para o outro, mas parecia não ter encontrado o que queria.

  Escondidos, Grielion deu o sinal e o trio atacou-o de surpresa, mas o golpe fora bloqueado por uma energia luminosa que saiu do homem. Os três voltaram ao chão num instante. 

  O homem os encarou por alguns segundos e esboçou um leve sorriso. Ao chão, os três rapazes indefesos. - — Quem é você? indagou com muita raiva Argdáin.

  O homem, desceu de seu cavalo, analisou aqueles três rostos e respondeu-os. - — Costumavam me chamar de Prosne.

  O trio não o conhecia, e ficaram ainda mais perdidos com a situação. Grielion, indignado com seu erro de disparo, o questionou. - — Minha flecha. Como pude errá-la? Jamais errei um disparo em minha vida.

  — Ora, mas você não errou. Cá está ela. - Prosne segurara a flecha arremessada por Grielion com suas mãos. - — Incrível. - dizia o trio, estupefatos.

  — O cajado. O cajado, ele tem um! -  gritava aos montes Argdáin, que foi o primeiro a se levantar do chão.

  — É ele. O Caminhante Branco. - comentou Grielion em voz baixa. — A citação do Elthenkai. É verdadeira. - os três se agacharam em um gesto de honra ao Caminhante Branco.

  — Parem com isso, eu não sou nenhum Rei! - em gargalhadas. - — Esperem, Elthenkai? Onde está? Digam-me! - mudou logo sua fisionomia.

  — Nós sentimos muito. Ele nos deixou tem algum tempo. - comentou em tom respeitoso o anão. -

  Prosne coçou a testa, deu um leve suspirou e montou novamente em seu cavalo. — Até quando...até quando, meu amigo. - comentou sozinho e olhando para o céu escuro, que calmamente se retirava para o retorno da manhã.

  O trio tomou postura novamente e embora não conhecessem aquele homem, entenderam que ele era o dito cujo por Elthenkai em suas últimas palavras. - — Ele pediu que nós o seguíssemos. Achávamos que era uma mentira, um falso comentário. - Grielion conversa com Prosne. - — É...De fato vocês têm. Estão a caminho do Conselho, não é? - — Isso mesmo. - respondeu logo Argdáin. 

  — Não será de grande ajuda ir até lá, penso. Mas eu também preciso ir até lá. - respondeu o Caminhante Branco. - — Suba. - aponto e pediu a Tōnpo, que estava sem montaria. O animago subiu ao cavalo e Grielion e Argdáin mantiveram-se no outro, que fora chamado por Grielion.

  — De pressa. Vamos, não temos tempo. - Prosne comandou a viagem dos três.

  O agora quarteto, cavalgou rapidamente em direção ao Conselho e sob a batuta de Prosne, o desconhecido Caminhante Branco, em busca de respostas. 

O Reino e o Vale: O Caminhante Branco [Pausado]Where stories live. Discover now