CAPÍTULO 1: Os homens

10 6 0
                                    


  Poucos dias se passaram desde o fatídico ocorrido no Vale. Caos e destruição tomaram o antigo local dos homens. Muitos inocentes mortos em troco da fama e da notoriedade alavancada de Fal, que agora já havia se tornando um dos nomes mais populares do Reino. Temido por uns e agraciado por outros.

  Grielion e Argdáin conseguiram resgatar uma parcela dos sobreviventes. A maioria, homens. Poucas mulheres e nenhuma crianças. Alguns, foram para a Fortaleza dos Elfos e outra parte para a Vila dos Anões. Tōnpo prosseguiu para as florestas, onde era seu habitat comum.

  — Vocês ficaram bem por aqui. Há espaço e os Elfos acolherão-os com toda boa vontade do mundo. - Disse Grielion, ao levar consigo uma parte do povoado.

  Os Elfos aceitaram ajudá-los. Havia espaço no local e com certeza Eärdel ficaria feliz de ajudar os desabrigados.

  Desceria das escadas Quenae, trajando outra roupa. Uma veste longa, na cor branca. — Melhorou! Enfim! - Exclamou Grielion, com um sorriso estampado no rosto. — Não puderam evitar o pior, não é? Vejo pela quantidade de sobreviventes que trouxe...

  Grielion acenou positivamente com a cabeça, mas adotara uma postura um tanto delicada e receosa. Viu seu guia desaparecer e inocentes perderam suas vidas frente a ele. De glória, destruiu um Troll e deixou Gazel ferido. Mas era pouco.

  — Nós perdemos, irmão. Nós definitivamente perdemos. - — Não fique assim, ora pois, agora terão meu reforço! Lembre-se de que meu braço já está recuperado. - Os dois riram da situação frente as pedras enormes da Fortaleza.

  Um grupo de elfos levaram os sobreviventes ao abrigo. Uma extensa sala cinza que ficava abaixo da Fortaleza, quase como um subsolo. Mulheres e homens agradeceram fortemente a ajuda.

  Se na Fortaleza, eles apenas ficaram com os abrigos, não podemos dizer o mesmo dos sobreviventes que foram a a Vila dos Anões. Assim que chegaram ao vilarejo, foram bem recebidos. — São refugiados. - Disse Argdáin à entrada. — E o que faremos com os refugiados? - indagou seriamente um dos guardas anões.

  Argdáin não exitou. — Nós ajudamos os refugiados. Abram os portões.

  Argdáin adentrou a seu vilarejo com o restante do homens. Muitos anões olharam desconfiados, mas não com falta de respeito. Ao fim do dia, eles caíram nas graças dos anões e ambos já estavam unidos no vilarejo. — Traga mais bebida! Nos dê mais!!! - gritava um dos anões, que enchia a cara com os homens.

  Numa espécie de bar da Vila, onde eles se enturmavam com os homens, um deles tomou frente. — Olha, não queremos ser um peso para vocês. Queremos ajudar, de alguma forma. - — E como vocês poderiam nos ajudar, ora? - Disse Argdáin, sentado num banco de madeira com sua barba toda molhada de bebida. — Nós podemos ajudar vocês...Talvez forjando armas. Nós fazíamos isso no Vale. - Respondeu o homem da espada de madeira que confrontou Gazel. Ele era Sam, um dos três irmãos.

  — Vocês sabem lutar? - questionou um dos anões bêbados. - — É claro que sim, companheiro. Eu e meus dois irmãos vivíamos de batalhas no Vale. Nós somos bons com espadas. - Respondeu com muita satisfação.

  — Onde estão? - Argdáin queria conhecer os outros dois. - Segundos após o comentário, levantam-se dois homens, um à esquerda de Sam e outro a direita. - — Eu sou Boghos. O mais novo. Media pouco mais de 1,76, era bem magro, cabelos loiros até os ombros e repartido ao meio. Sem barba e de olhos claros. À direita, era Tharos. O irmão do meio. Cerca de 1,80, cabelo negro, curto e com entradas, um pouco grosso e em meia altura. Os três vestiam roupas marrons com um colete branco simples. - — Hum...Sabem mesmo utilizar espadas? - Argdáin não estava muito convencido dos três irmãos. 

  — Sim, senhor. Quando nos encontramos pela primeira vez... - Oh, mas disse que eram irmãos! - interrompeu Argdáin, que se levantou na hora. Achou que fosse uma grande mentira dos três. - — Não, senhor. Nós somos, mas não de sangue. Fomos criados pelo mesmo homem. Ele nos abrigou quando éramos crianças e crescemos juntos.

  Argdáin segurou sua caneca de novo e sentou-se calmamente. - — Nós estamos preparados para vingarmos nossos amigos, senhor. - Comentou friamente o loiro Boghos. Deixe-nos ajudá-los. 

  Argdáin virou a caneca de vez, levantou-se do banco e decidiu. - — Fale com o restante dos homens que ajudem na reconstrução do vilarejo. Será de bom grado. Depois, sigam-me. 

  Os três avisaram ao povo e minutos depois seguiram Argdáin. Entraram numa pequena espécie de masmorra na Vila, onde eram forjadas as armas. Seja o menor martelo até a maior espada. Da adaga mais fina, até a clava mais resistente. O ambiente era muito fechado, muito fogo sendo utilizado para forjar as preciosas armas dos anões. Naquele momento, haviam cerca de dezoito anões lá dentro. Argdáin entrou, cumprimentou-os e seguiu em frente com o trio, que observava bastante aquele estranho lugar.

  O filho do Rei se aproximou de um dos anões que batiam intensamente num grande martelo. — Olá, Thor. - Iniciou-se a conversa. - — Quanto tempo, camarada. - Thor era um pouco mais baixo que Argdáin, detinha uma grande barba loira, bem suja e um vasto cabelo cor de ouro pendurado pelos seus ombros. Vestia um roupão marrom bem gasto e além disso, levava consigo uma ferida na vista, que o fazia utilizar um tapa-olho.

  — É o melhor dos nossos ferreiros, garotos. - disse Argdáin, deixando o trio contente. - — Thor, forje três espadas espetaculares para esses três. Quero ver se eles são isso tudo, mesmo! - riu alto.

  Thor seguiu batendo forte na arma que produzia e brincou. -  — Adotou esses três? - O trio ficou envergonhado, mas os anões caíram nas gargalhadas.

  — Meu amigo, são sobreviventes do Vale. Vão nos ajudar junto aos outros homens! - respondeu Argdáin.

  Thor ergueu o martelo que estava forjando. Olhou atentamente aos detalhes. — Está belo. Mas esse fica para mim. - O trio esperava que o anão loiro fosse dar o martelo à um deles.

  Argdáin cumprimentou seu amigo e se retirou do local. O trio seguiu logo atrás, e não paravam de olhar o trabalho dos anões. Todos eles estavam focados em forjar armas.

  — Não se assustem. Nenhum deles vai fazer mal a vocês. - — Tantas armas... - comentou Tharos.

  — Nós anões gostamos muito de três coisas: Armas, tesouro e bebida. - Em seguida, Argdáin piscou em direção a eles, tirando sarro da situação.

  O quarteto se retirou pois o sol já se escondia no céu. A jornada só estava começando.

O Reino e o Vale: O Caminhante Branco [Pausado]Where stories live. Discover now