Encontro inesperado

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"A humanidade tem de acabar com a guerra antes que a guerra acabe com a humanidade."

MARK 

Acordar mais um dia em um chão completamente molhado e sujo não é uma das melhores e mais confortáveis coisas da vida, mas desde de que tudo começou é assim que passo todas as minhas noites, escondido, fugindo e sempre cheio de adrenalina, com o medo constante de ser pego ou na pior das hipóteses, morto. Na maioria das vezes passo horas em bueiros, já que ninguém em sã consciência consideraria entrar em um.  Quando tenho sorte eles são secos e o cheiro não é tão desagradável, mas não foi o caso dessa noite. Ao ouvir as bombas e rifles sendo disparados, rapidamente me escondi no primeiro que encontrei, as paredes úmidas e cheias de lodo dificultavam a locomoção,e o cheiro fazia minha cabeça doer.

Eu me chamo Mark Tuan, e já faz um bom tempo que não tomo um banho decente e visto roupas limpas e confortáveis, o cheiro que impregnou em minhas roupas é tao insuportável que ja nem sei o que me diferenciaria de um rato. Já faz seis meses desde que fugi do estatuto que os guardas criaram para deixar a salvo aqueles que sobreviveram da guerra, mas pra mim aquele lugar não deixava as pessoas a salvo e sim em perigo. As transformando em máquinas, obedecendo regras fúteis para servir de armas humanas. Fugi para ir atrás dos rebeldes, já que nos estatuto sempre falavam deles. E particularmente os temiam. Diziam que eles lutavam pela liberdade, e era isso que eu sonhava em ser,  livre, e poder ver a luz do sol que há tanto tempo não via, afinal eu vivia como um verme andando por bueiros em baixo da cidade caída. 

Havia alguns meses que eu estava a procura deles e não tive sucesso algum, e nem mesmo um vestígio, havia perdido as esperanças e passei a acreditar que isso não passava de histórias para as pessoas dormirem achando que em algum dia sua vida medíocre iria melhorar, mas sempreeram histórias, em tempos de guerra a esperança é uma jogada de sorte.

Já estava andando a um bom tempo pelos túneis de esgoto que rodeavam por baixo da cidade, e não percebi que a noite havia chegado, so me dei conta disso ao chegar no final dele que dava para o rio de BayHarbor. Procurei então lugar seguro para passar a noite,  e encontrei um galpão abandonado longe do estatuto e que dava de frente para o rio,  fui em direção a ele, mas antes mesmo de chegar até lá sinto minhas palpebras pesarem e meu corpo fraquejar me fazendo cair sonolento. E antes de apagar por inteiro sinto uma dor insuportável em meu braço, então olho para o local que doía e vejo um dardo, procuro rapidamente achar quem atirou, mas antes que isso fosse possível eu adormeço.

...

Abri os olhos lentamente e senti minha cabeça martelar e girar, me sentei devagar e olhei em minha volta e não reconheci o local, não havia  ninguém comigo, então dei um observada no lugar e reparei que havia ali uma mesa e em cima dela havia mapas e livros diversos, e em outra mesa havia mais livros mas dessa vez algo relacionado a remédios naturais e uma garrafa de água, fui até a mesa que havia água e peguei a garrafa para beber um gole, mas antes mesmo de concluir o ato escuto passos de pessoas se aproximando, então deixo a garrafa onde encontrei e deito rapidamente na cama improvisada que eu estava minutos antes e finjo que estou dormindo. 

Três pessoas entram no local, um havia cabelo loiro platinado e era bem forte, o outro havia cabelos negros e um olhar penetrante, e o terceiro não consegui identificar, pois ele estava escondido do meu campo de visão. Estavam em silêncio até que o garoto loiro começa a falar. 

- E se o garoto for um deles? 

Então o garoto dos cabelos negros olha para mim como se estivesse me analisando e responde.

- Aí nos daremos um jeito nele, mas enquanto ele não acorda, fica aqui de vigia.

o loiro Bufa mas não retruca e então os outros dois saem deixando apenas o loiro no local.

Após os dois que acompanhavam o loiro sair abri os olhos sem hesitar e perguntei.

- Um deles? Aliás quem são eles ? 

pelo modo que o garoto se assustou constatei que estivesse distraído, então ele me olhou e saiu do local me ignorando completamente. Fiquei um pouco confuso mas dei de ombros me levantando novamente, e em menos de dois minutos o loiro volta com o garoto dos cabelos negros que estava com ele minutos antes.

- Vejo que acordou e está disposto - ele sorriu gentilmente e passou a impressão de que era uma pessoa legal, mas eu estava assustado, afinal ele falou que me mataria se eu fosse sei lá quem. Então suspiro mas não respondo e também não o olho - Sabia que dormiu durante dois dias? Você parecia cansado. 

- Me desculpe. - falo baixo sem fazer contato visual com o mesmo

- Sem problemas. Qual é seu nome? 

- Mark. Mark Tuan. ... 

- Okay Tuan, tenho que sair para resolver algumas coisas agora, mas quando eu voltar teremos uma  conversa, enquanto isso, Wang ficará de olho em você!

o loiro então franziu a sobrancelha e perguntou. 

- Por que  sempre eu fico com a parte mais chata ? - o loiro falou revirando os olhos, parecendo nada satisfeito com o que foi pedido 

- Simples, porque eu estou mandando! 

o garoto dos cabelos negros respondeu em tom de autoridade e o loiro, ou melhor, "Wang" saiu bufando do local enquanto o que parecia ser o líder permaneceu. 

- Wang já já irá voltar, não saia daqui, a não ser que ele mande, e a propósito, me chame de JB. 

o garoto sai e me deixa ali esperando o tal Wang, afinal quem diabos colocaria o nome de Wang ? Fico ali rindo dos meus próprios pensamentos.

Beyond Feeling Where stories live. Discover now