.。.:*✧ sᴇᴛᴇ ✧*:.。.

1.6K 76 5
                                    

C A R O L

Estou prestes a chegar à capital portuguesa que, nos últimos meses tem sido a minha casa.

Infelizmente, os dias na minha cidade natal chegaram ao fim e admito que já sinto saudades. Saudades da minha família, dos meus amigos.

Cheguei à Gare do Oriente e comecei a olhar para todo o lado, à procura de Rúben, visto que ele se disponibilizou para me vir buscar à estação.

Sinto alguém a tocar-me no ombro.

- Finalmente Rú... - assim que me viro e encaro a pessoa à minha frente, arqueei a minha sobrancelha. - Ricardo? - pergunto surpresa pois não esperava que ele se encontrasse ali.

- O próprio. - diz e deixa escapar uma gargalhada.

- O que é que fazes aqui?

- Estou aqui para fazer uma coisa que já deveria ter feito à muito tempo.

- E o que é? - pergunto rude.

O rapaz aproxima-se do meu corpo. Fiquei alguns segundos a encará-lo, não sabia como reagir. Ricardo leva os seus lábios aos meus, colocando as suas mãos na minha cintura de modo a ter, ainda mais perto, o meu corpo do seu.

Rapidamente levei as minhas mãos ao seu peito para o impedir de continuar a beijar-me.

- Mas tu tás parvo? - questiono o rapaz depois de nos termos separado.

- Eu... Eu pensei que querias. - disse atrapalhado.

- Pois mas pensaste mal. Não o voltes a fazer, agora, se me dás licença, preciso de ir. - virei-me mas Ricardo agarrou o meu pulso.

- Ainda gostas do João?

- O que é que tu achas?

- Que sim.

- Então porque é que perguntaste? - pergunto já sem paciência.

Voltei a virar-me, peguei nas minhas malas e ia iniciar o meu caminho mas fico estática assim que vejo Rúben e percebo que ele viu tudo.

- Rúben, isto não é o que parece. - digo quando já estou mais próxima do jovem.

- Beijaste-o. - disse ainda a tentar processar tudo o que se tinha passado.

- Sim, mas foi ele que me puxou para o beijo. Nunca na vida eu faria isso. Tu sabes que eu gosto do João.

- Carolina, como é que queres que nós acreditemos nessas coisas?

- Que coisas Rúben? - pergunto sem perceber o que ele me havia dito.

- Tu vais para o Porto e nós não sabemos o que andas lá a fazer. - admite.

- O quê? Se tu pensas que eu sou dessas, tudo bem. Mas eu não sou. Eu fui para lá para matar as saudades da minha família e dos meus amigos. É óbvio que estive com rapazes, porque eu também tenho amigos rapazes. Mas nunca os vi para além da amizade e nunca me envolveria com eles. Nem acredito que me estás a dizer uma coisa dessas. - disse desiludida por Rúben achar que eu era do tipo de me envolver com todos.

- Mas então porque é que chegaste aqui e beijas-te aquele gajo? - voltou a insistir.

- Foi ele que me beijou. - falei num tom mais alto. - Se realmente és meu amigo, então tens de acreditar na minha palavra. Ouve, eu nunca seria capaz de trair o João.

- Eu sei que não Carolina. Mas sabes, nestes dias em que estiveste fora, passei muito tempo com ele, para ver se o animava, e vê-lo assim, tão triste, é horrível. Ver as pessoas de quem gostamos mal e sabes que não podes fazer nada para que fiquem bem, é um sentimento horrível. A única pessoa que é capaz disso, és tu. Tu és a única pessoa que o consegue voltar a pôr um sorriso na cara.

- Eu... Eu... Eu só quero ir para casa.

- E lá vais tu fugir dos problemas. - Rúben constata.

- Podemos ir? - volto a insistir.

- Claro, vamos lá.

NÓS DOIS ; joão félix Onde as histórias ganham vida. Descobre agora