O renascimento, o poder e a missão

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Nenhum lugar era bom e justo, todos eram obrigados a trabalhar em suas respectivas Colônias, a mercê dos desejos de seus governantes. Caio Magnani mora na Colônia Clara controlada pelo Líder Supremo Reinaldo Cunha, um homem poderoso que reina absoluto por vinte e três anos. Todos queriam matá-lo, nunca conseguiram. Não havia humano que o superasse.

Caio, na época com quinze anos, se descobrira.

Em um dia ensolarado acordou, levantou-se do colchão, pegou da estante algumas moedas para comprar suco para seu café da manhã, foi ao mercado.

Sentou-se na cozinha, sozinho, encarava a geladeira, a mesa e cadeira a sua frente, os únicos moveis da pequena cozinha. Odiava o Líder Supremo desde a infância como muitos jovens. E como muitos jovens, seus pais trabalhavam forçados como escravos durante meses. Demoravam para voltarem para casa e poderem revê-lo e abraçá-lo. Não sabia o que era convivência familiar, mas a saudade que sentia era forte, havia noites que deitava em seu velho colchão e não dormia preocupado, poderiam estar mortos, aconteciam notícias nesses moldes com muita frequência, o sofrimento era espalhado rapidamente na vida dos jovens.

A solidão que sentia sem os pais não era preenchida nem com os amigos que ele crescera, o vazio tornara-se muito presente em seu âmago, sua consciência era triste, mesmo quando se divertia.

Queria muito se enganar e pensar que a saudade era superável, contudo, ao entrar em sua vazia e pequena casa e ao deitar-se, a tristeza invadia seu pensamento. Queria matá-lo, sem perceber chorava.

Seu pensamento mudara, focava na sua atual situação, convivia com a fome, a solidão, o crime e o medo, sofria por não ter certeza de como sua vida iria se desenrolar.

Dentro da Colônia Clara haviam poucos caminhos a se seguir, os jovens poderiam ser traficantes, trabalharem com prostituição, assassinarem viciados, delatarem cidadãos que conspiravam ou fazerem favores vis aos homens ligados ao Líder Supremo, testemunhou muitos morrerem ao optarem pelo caminho tortuoso, não queria viver com a presença constante da morte para decepcionar seu pai.

Recobrou-se, estava novamente na realidade, ainda segurava o copo vazio, limpou as lágrimas, encheu o copo e bebeu, mas nada descia.

Assustou-se, encarou o copo congelado em sua mão, não como reagir àquela descoberta, deveria sentir prazer, porém, havia temor por ser diferente.

Talvez fosse o sinal de que estava ungido, ocorrera o renascimento de seu próprio ser.

Se orgulhara do que seria capaz de fazer dali em diante. Poderia reivindicar justiça a si e sua família, descobrira quem realmente era, um novo tipo de sentimento o contagiou, um motivado e poderoso Caio Magnani nasceu.

Se deliciava por ser igual ao Líder Supremo, poderia enfrentá-lo se aprendesse a controlar sua habilidade, desejava desde criança fazer algo. Sonhava acabar com a tirania estabelecida em seu lar, se mostrar ao mundo, provar a todos que era poderoso, o melhor.

Alguns dias depois encontrou um lugar ótimo para treinar, sem arriscar ser descoberto e morto. O esgoto que escolheu havia grande espaço para aperfeiçoar suas habilidades de gelo.

Com o passar dos dias se tornava forte e conhecia melhor seu corpo e sua capacidade. Em quatro semanas conseguia moldar o gelo a sua vontade, a água e o ar eram seus aliados, sentia fluir os dois elementos por suas mãos e interior.

Durante anos de treino intenso, se tornava, pouco a pouco, tudo o que ele sabia que poderia ser.

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