Consequências, parte 2

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-Me deixe ajudar. - Afonso disse se aproximando e jogando água nas costas de Catarina. Ela não negou a ajuda, mas se recusou a usar o sabão do local, disse que "deveria ter sido usado em tantos outros corpos" que nunca ousaria encostar nele. Afonso não discordou.

Enquanto Catarina se vestia ele colocou uma barreira na porta, o gesto finalmente fez Catarina falar algo diretamente com ele.

-Acha que corremos perigo aqui?

-Talvez.

-Então porque não ficamos onde estávamos? Seu argumento da chuva não era tão bom.

-Eu sei que não era, mas se alguém estivesse esperando uma oportunidade para nos atacar, eles iriam esperar que nos mantivéssemos ali, com toda a guarda. Esse é um lugar improvável, vir aqui é algo que eu nunca faria.

-Mas você fez.

-Cássio me convenceu. -Afonso respondeu se aproximando da esposa. -Vai me deixar dormir aqui com você?

-Eu tenho escolha?

-Tem. Você sempre tem escolha, Catarina. Eu sinto muito pelo que disse e eu sei que você não acha que é verdade, mas eu me arrependi no momento em que aquelas palavras saíram da minha boca. Eu só estava...

-Frustrado. Traído. Eu sei. - Ela afirmou colocando a mão na de Afonso. -Eu sei que agi errado quando fiz o que fiz pelas suas costas, mas eu não me arrependo de ter feito, e faria novamente, só que dessa vez eu te contaria.

Afonso encostou a testa na de Catarina e acariciou o cabelo da rainha.

-Eu estou tão cansado do quanto brigamos, Catarina. Parece que desde que nos casamos estamos em guerra, uma guerra que eu não sei como lutar. Eu não quero que você deixe de ser você mesma, eu não te amaria de outra forma, mas eu preciso de alguma paz. Amar não deveria ser tão complicado assim, deveria?

-Eu não sei. As grandes histórias de amor são sempre sobre sofrimento, não são?

-Preciso que a nossa não seja assim. Quero uma história de como eu e você reinamos em paz, por muitos e muitos anos.

-O que você acha que vai acontecer no conselho, se eles souberem sobre o que eu fiz? - Catarina perguntou.

-Saber como responder a essa pergunta é uma das razões pelas quais estamos aqui, além de segurança, precisamos conversar e decidir como vamos agir caso o pior aconteça, Catarina. Precisamos estar em consenso.

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Afonso a encara de forma confidente antes que eles atravessem juntos os portões para reunião extraordinária do conselho, todos já estavam lá, o que não podia significar algo de bom e Catarina podia sentir pela linguagem do corpo do marido que ele também não estava nada contente com aquela situação. Os presentes na sala trocaram as devidas reverências e então se sentaram.

-Bem, estamos todos aqui hoje, majestades, porque um assunto de extrema importância chegou ao nosso conhecimento. Uma grave denúncia que pode colocar em risco a harmonia de nossos reinos e que quebra um tratado estabelecido neste mesmo conselho meses atrás. - Rei Emílio afirmou.

-De que acordo estamos falando? - Catarina perguntou. Ela evitou olhar para Afonso, não queria ver o próprio temor refletido nos olhos negros do marido.

-O acordo que vossa majestade e seu marido assumiram aqui meses atrás, de não expandir o exército, recebemos uma denuncia de que a rainha Catarina havia contratado uma força de mercenários para patrulhar Artena.

-Mercenários? - Catarina perguntou. -Onde exatamente vossa majestade acha que eu poderia encontrar mercenários e porque razão colocaria o meu povo sob a proteção de pessoas que obdecem a quem jogar mais moedas de ouro? Essa denúncia é um absurdo e eu espero que vocês tenham alguma evidência, caso contrário, deixei meu reino sem governante por uma perda de tempo.

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