#1 - Capítulo 6 🍨

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Meu coração estava partido por Carlos. Agora eu entendia por que ele se manteve todo esse tempo sem querer se envolver com ninguém.

— Acha que ela fez isso por interesse?

— Ah... certeza! Aquela ali só enxerga a cor do dinheiro. Quando Carlos comprou o apartamento onde ele mora hoje, ela torceu o nariz, dizendo que era minúsculo e que ele deveria pensar mais alto. Quando ele disse que não usaria o dinheiro da família e que viveria dos rendimentos da M&M, ela surtou. Acho que só não o deixou antes porque descobriu, justamente nessa época, sobre a gravidez.

Meu queixo estava caído com aquelas revelações. Nem conhecia a mulher e já tinha um ódio mortal dela.

— E o que você acha que ela veio fazer aqui?

— Ela e Márcia são amigas, acho que ela só está aqui para acompanhá-la.

Dei uma outra olhada discreta em direção à sala envidraçada e vi que eles ainda permaneciam conversando. Carlos não parecia nada contente, seu cenho estava franzido e ele mantinha uma postura afastada da mesa. Já a tal Suellen fazia umas expressões de dor e tristeza que pareciam mais falsas do que a minha bolsa "Louis Vuitton" comprada em uma loja chinesa.

Fechei meu semblante também. O que ela queria com ele? Estaria dizendo que estava arrependida ou algo assim? Um sentimento de revolta me consumia por dentro. Andei pisando duro de volta à minha mesa, e antes de me sentar, voltei a olhar para os dois. Suellen tinha se inclinado em direção à mesa e estava com a mão sobre a mão de Carlos.

Minha vontade era de entrar lá e jogar o conteúdo daquela garrafinha de água na cabeça da megera, mas respirei fundo e voltei minha atenção para o computador, embora minha mente não conseguisse se desligar do que poderia estar acontecendo atrás de mim.

Escutei quando a porta se abriu e a voz da sonsa chegou aos meus ouvidos. Ela parecia estar mais alegre. Olhei pelo canto do olho e vi ela saindo com Carlos. Passaram na sala do Henrique, falaram qualquer coisa e deixaram o escritório da M&M. Ainda vi quando ela, sorridente, pegou no braço de Carlos ao passarem pela recepção, mas não vi o rosto dele.

Aonde eles estavam indo? Outro sentimento tomou conta de meu coração. Ciúme, medo, raiva... Não sabia... Olhei no relógio, já estava próximo das 17 h. Naquele momento eu só queria ir embora. O escritório estava me sufocando.

Lentamente, os minutos finais de trabalho se passaram. Quando deu exatamente 17h30, peguei minhas coisas e saí. Mas não fui para o meu apartamento, eu precisava descontar a minha frustração em algo e decidi que seria sorvete.

Passei na sorveteria e peguei quatro bolas de sorvete cremoso, enchi de calda de morango e castanhas e me sentei em uma mesinha do lado de fora do estabelecimento. Não sei se senti o gosto daquele sorvete, meus pensamentos estavam no meu chefe e na megera. O que eles estavam fazendo? Onde tinham ido? Carlos ainda gostava dela? Ele voltaria com ela se ela pedisse?

De repente me dei conta de que aquilo não me dizia respeito. Embora eu estivesse tendo um caso com ele, embora ele tivesse dito que queria ficar comigo, a verdade é que não estávamos namorando. No fundo, não era uma relação séria.

Meu coração se apertou e meus olhos marejaram. Mas que merda! Por que eu estava prestes a chorar? Eu não tinha que chorar! Eu já devia estar preparada para um término. Crispei minhas mãos. Término de quê, se nunca havíamos começado nada?

Com uma dor profunda, percebi que havia me deixado iludir. No fim, o que tínhamos era só sexo. Um bom sexo. Talvez eu tivesse me confundido e tivesse visto paixão nos olhos dele, quando na realidade era apenas carência afetiva. Talvez eu tivesse visto apenas aquilo que eu desejava ver... Senti uma lágrima rolar pelo meu rosto.

Vizinhos:  contos eróticos - DEGUSTAÇÃO Donde viven las historias. Descúbrelo ahora