🌸 UM 🌸

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Miami, 8 de fevereiro de 2016

- KIMBERLY LEVANTA AGORA - minha mãe grita enquanto bate na porta.

- JÁ TO INDO - pulando pelo quarto, tento colocar a bota em meu pé, e por estar fazendo tal arte, quase caio de cara no chão. - Jesus.

Pego minha mochila, meu casaco, fones e celular, saio do quarto correndo indo até a cozinha.

- Atrasada? - me sentando na mesa, pergunto a mamãe.

- Não, mas seu pai vai ter que sair mais cedo, então você vai com ele - colocando um pão com queijo e presunto. - Já vou indo, bom primeiro dia de aula. -
deposita um beijo estalado em minha testa.

- Bom trabalho mãe - mando um beijo enquanto colocava suco em meu copo.

Ok, não precisa ficar nervosa Kim, é só mais uma escola normal, com adolescentes normais, vai ter muitas pessoas novas, tranquilo. Bom, eu achava que seria tranquilo, não achei que estaria indo para um zoológico ao invés de uma escola.

Deus me defenderay.

O caminho até o colégio foi tranquilo, papai foi comigo até a diretoria, pegou meu horário de aulas e foi embora. Havíamos chegado cedo, então decidi dar uma volta pelo colégio.

Sala;

Sala;

Sala;

O que é isso?

Ah, outra sala.

Um armário, dois armários...

Trinta e seis armários...

Cinquenta e oito armários...

Porta grande e vermelha...

Pera, porta grande e vermelha?

Olho dos dois lado do corredor, vendo se tinha alguém, mas só tinha umas duas pessoas ao longe. Tirando as mãos do bolso da jaqueta, ando até a porta, a empurrando lentamente para não fazer barulho.

- Passa essa bola Jones - uma voz grossa e alta soa perto da onde estou. - Bradley não me faça ir ai e te mostrar como fazer um passe decente.

Reprimo um sorriso e me sento no banco, ao lado do treinador.

- Pirralha, o que faz aqui? - notando minha presença, o treinador pergunta.

- Conhecendo o colégio - digo baixo sem tirar os olhos da quadra. - O garoto loiro ali precisa se exercitar mais - faço uma breve observação.

- O que mais a pequena aprendiz de treinador pode me dizer? - debocha.

- O moreno ali - aponto o garoto alto de costas pra mim. Ombros largos, cabelos castanhos despenteados, pele dourada pelo sol. - Precisa ter mais confiança na hora de fazer um arremesso. - me levantado. - Mas, o que eu sei, não é?! - sorrindo, saio da quadra no momento que bate o sinal.

Bora para a primeira aula do último ano. Deus, me ajude, me faça invisível para todos.

Sabe qual é a pior parte de ser aluna nova? Você é literalmente OBRIGADO a se apresentar para a turma, todos te olham como se fosse um E.T. vindo de outro planeta pra acabar com a humanidade. Mas, você já parou para pensar que na verdade nós somos os E.T's? Pensa comigo, ninguém sabe explicar como o ser humano foi "criado", pela ciência somos uma evolução do macaco, e pelos cristãos fomos feitos por Deus, mas e se a gente tivesse vindo de outro planeta?

To brisando demais já.

Arrumo a jaqueta ao redor dos meus ombros, coloco meus fones, e me dirijo até o refeitório, compro uma barra de chocolate e vou me sentar no canto. Depois de exatas três aulas cansativas, eu mereço esse pedaço de gordura deliciosa.

Observo todas as mesas ocupadas, cada pessoa com seu grupo, líderes de torcida, jogadores de basquete, jogadores de futebol americano, os grupos de literatura, ciências, entre outros. Todos com seus amigos, as pessoas que se sentem confortável, e eu aqui, sozinha, mas não me importo, depois de tanto mudar de escola, aprendi a não me apegar ao local onde vou.

Levanto meus olhos quando um corpo senta na cadeira a minha frente. Tiro meus fones devagar levantando minhas sobrancelhas em uma pergunta silenciosa.

- Oi - o garoto sorri, fazendo seus olhos ficarem pequenos.

- Oi - tiro um pedaço do chocolate e coloco na boca. Levanto una sobrancelha para o garoto. - O que quer? - acabo soando mais grossa do que queria.

- É... - suas bochechas ficam rosadas. - O treinador me deu um conselho, já que uma outra pessoa, no caso, uma garota nova lhe falou uma coisa.

- Talvez uma pequena observação sobre como joga? - cruzo os braços.

Apoia os braços na mesa aproximando o rosto do meu.

- Como uma garota pode entender tão bem de basquete? - seus olhos grudam no meu.

- Meu pai jogava - sorrio. - Meu irmão joga, então cresci jogando.

Sorri para mim.

- Qual seu nome? - volta a se sentar direito. - E me da um pedaço? - aponta o chocolate na mesa

- Kimberly - sorrio. - E não, não divido chocolate.

O sinal do final do intervalo toca.

- Você quer ir no treino depois da aula? - se levanta junto comigo.

- Talvez eu apareça lá - pego o resto do meu chocolate.

O que acabou de acontecer aqui? Una nova amizade talvez? Não, não posso, porque sei que logo irei embora novamente.

Isso é a parte ruim de se mudar tanto, no começo você se esforça ao máximo para se enturmar, fazer amizades, entrar em algum grupo, mas depois desiste, porque simplesmente sabe que não vai ficar muito tempo naquele lugar, mas talvez eu possa abrir uma exceção.

- Você veio - uma voz rouca soa atrás de mim. - Achei que não viria.

Me viro lentamente, observando o garoto a minha frente, tive que levantar um pouco a cabeça por ele ser uns bons centímetros mais alto.

- Eu gosto de basquete, e quero ver vocês errando alguns passos - sorrio minimamente. - Vai ser legal.

- Se você joga tão bem, por que não joga conosco? - suas sobrancelhas escuras levantam.

- Tudo bem - tiro minha jaqueta a deixando no banco, coloco meu celular embaixo. - Vamos jogar seus molengas.

O garoto que ainda não sei o nome, pega a bola e caminha até a quadra, comigo a trás, seguindo até a rodinha de garotos.

A única coisa que falaram, foi dividir os times, e fiquei contra o garoto. Creio que isso vai ser interessante.

Sorrindo de lado, caminho até perto da cesta, ficando longe do alcance dos garotos. Jogando a bola para cima, um garoto loiro correu para fora da quadra, deixando o moreno lutar pela posse de bola com outro garoto.

O garoto de meu time, conseguiu pegar a bola, fazendo um passe estratégico para um loiro, que logo lançou a bola para mim, que havia me movimentado para o centro da quadra. Sendo surpreendida pelos cabelos castanhos do garoto a minha frente, sorrio enquanto quicava a bola no chão.

- Cesta de três? - um garoto do meu time gritou atrás de mim.

- Cesta de três - confirmei.

Faço um passo falso para direta, logo cortando pela esquerda, num impulso para cima, arremesso a bola, que gira, antes de cair no centro da cesta.

- Caramba - o garoto respira fundo ao meu lado.

- Qual seu nome? - observo seus olhos castanhos.

- Dylan, Dylan Bradley - estica sua mão para mim.

- Kimberly Cooper - aperto sua mão sorrindo.

Com certeza, esse é o começo de uma bela amizade.

A Vida de Kim - Sendo ReescritaWhere stories live. Discover now