Capítulo 21

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Desperto-me e logo sinto meus olhos arderem.

Abro a gaveta do criado-mudo, pego a carta e a coloco entre minhas vestimentas. Abro a porta cautelosamente. Observo a movimentação dos corredores, mas não há ninguém. Todos ainda estão dormindo. Saio andando rapidamente, porém com muito cuidado para que não me notem.

Chego à porta do castelo e observo as sentinelas fazendo a patrulha matinal.

Escondo-me por de trás da grandes esculturas de mármore, para que não me vejam. Eles sentam-se ao chão e ficam conversando entre si.

Tenho que arranjar uma forma de sair sem que me vejam. Se no horário normal eu saio escondido para que eles não me sigam, com toda certeza me barrariam ou contariam para o meu pai se me vissem sair tão cedo.

Ao lado de uma das estátuas há uma árvore cujos alguns galhos secos estão ao chão. Abaixo-me cautelosamente e apanho um dos galhos mais grossos.

As sentinelas estão rindo bastante e vejo que estão distraídos. Lanço o galho nos arbustos que ficam junto ao lago vivo e eles despertam rapidamente e correm em direção ao barulho que ouvem.

Eles começam a procurar rigorosamente o que causou o estrondo.

- Olhem ao redor do lago - ordena o capitão.

Aproveito a distração e voo rapidamente por cima dos muros.

É tão bom estar fora daquele castelo, me sentir livre! Coisa que parece ser impossível naquele lugar, e melhor, hoje não tem como nada dar errado.

Mas essa alegria que sinto, não significa nada perto da dor que eu também sinto, sabendo o que vai acontecer hoje.

O vento suave e refrescante e abraça minha pele. Ao meu lado um bando de aves douradas voam em grande quantidade, fazendo acrobacias magníficas que as deixam ainda mais deslumbrantes.

Ao olhar para o chão, vejo uma manada de cavalos albinos que estão a correr pelo campo, suas longas crinas reluzem ao bater do vento. Alguns anjos já estão acordados e cumprindo seus afazeres.

Cada vez mais me distancio do castelo e me aproximo do portal. Meu coração começa a pulsar mais rápido de tanto nervosismo.

Já consigo ver o portal e dentro de mim há uma confusão de sentimentos muito grande.

Chego ao portal e o que me resta agora é esperar até que dê a hora certa para que ele se abra.

Me encosto à pedra e começo a lembrar de tudo que eu e Tamânda já vivemos, de todos os nossos bons momentos. Não é justo que terminemos assim.

Pego a carta e a leio novamente, mas mesmo assim parece não estar boa o bastante. Nada será bom o bastante.

Guardo a carta, fecho os olhos e tento relaxar. Tenho que ter fé de que tudo ficará bem.

Tamânda

Tudo está tão escuro. Minhas mãos estão ensanguentadas e meu vestido longo e negro está rasgado.

Mas o que está acontecendo? Ouço gritos e tudo está turvo. Vejo feiticeiros no chão.

Olho para frente e vejo uma única luz que aponta para um poço e de lá ouço gemidos me trazem arrepios. Amedrontada, me aproximo cada vez mais do tal poço e ao erguer-me para ver quem ou o que está lá dentro, vejo Galardriel sentado, bastante machucado, com algo que me parece ser uma bola de luz nas mãos.

- Galardriel! - grito desesperada.

Com dificuldades, ele levanta a cabeça e diz com a voz rouca e falha:

Entre Céus E TerraWhere stories live. Discover now