Capítulo cinco

Começar do início
                                    

Apertei os lábios um no outro.

— Acho que sim. - murmurei.

Ela soltou mais um suspiro, logo se despediu de mim dizendo que a mãe a estava chamando para jantar. Depois de encerrar a ligação, fechei o notebook e rolei na cama de barriga para cima, as mãos espalmadas no meu estômago e o cabelo espalhado pela cama.

Fiquei olhando para o teto branco sem saber o que fazer ou o que pensar. Hoje foi o último dia de aula, amanhã a noite seria o baile dos formandos — o qual eu não compareceria — e depois teria acabado oficialmente o ensino médio.

Minha vida adulta iria começar.

Soltei uma risada nervosa. Isso era completamente apavorante.

Toc, toc. - uma voz veio da porta, seguida de duas batidas leves. Me sentei na cama corretamente e abri um sorriso para o meu pai.

— E ai, pai.

— E ai, minha formanda. - gemi, um som de puro desespero.

— Não fale assim, já estou apavorada o suficiente. - ele soltou uma gargalhada, sentando ao meu lado na cama, colocou um braço por cima dos meus ombros e eu deitei minha cabeça em seu ombro.

— Não precise se preocupar, minha querida. Logo você vai se acostumar com a faculdade e nem vai se lembrar de como é ser uma estudante do ensino médio.

— Eu sei, mas eu não gosto de mudanças.

— Mudanças são necessárias e incontroláveis. Devemos aprender com elas ou continuarmos sempre presos a um passado que não vai mais voltar.

Ele passou a mão pelos meus cabelos.

— E sabe... Viver no passado nunca é bom, para ninguém. Devemos saber seguir em frente.

Me afastei, me endireitando e aproveitando minha deixa.

— Então você está seguindo em frente?

— Bem... - papai começou, estava meio constrangido, o que o deixava fofo. — Eu meio que estou namorando.

— Sério?! - praticamente gritei, ficando de joelhos no colchão enquanto pulava e batia palmas, eu tinha um grande sorriso no rosto. Ele assentiu, agora menos constrangido. - E quando vou conhecê-la?

— Hã... Bem... Na verdade você já a conhece.

Parei de pular na cama na mesma hora e de bater palmas. Inclinei a cabeça para o lado.

— Quem é?

— Rachel Martínez. - falou, meio inseguro.

— É O QUÊ? - gritei, saltando da cama. — A mãe do Matthew?!

— Ela mesma. - ele abriu um sorriso inseguro, levantando e colocando as mãos nos meus ombros, e olhando para os meus olhos. — Mudanças são boas as vezes. – beijou a minha testa e saiu, me deixando de boca aberta.

Me joguei na cama na mesma posição que estava antes do meu pai chegar e jogar essa bomba nuclear aos meus pés e sair como se nada tivesse acontecido.

Meu pai com a mãe de Matthew Martínez. Puta merda.

E esse pensamento fez com que Matthew Martínez invadisse a mente. Matthew junto com seu cabelo castanho ondeado, seus olhos castanhos e seu sorriso. Ah, seu sorriso! Eu amava o sorriso daquele desgraçado.

Fosse o dia mais triste da minha vida, mas se Matt chegasse abrindo aquele sorriso, me abraçando e dizendo que tudo iria ficar bem... Eu acreditaria nele. Porque ele me fazia ficar bem.

Ainda é você? | ConcluídoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora