Red Side of the Moon; Trixya.

5.

Brian Michael Firkus

Eu sabia que parte daquilo era minha culpa. Fui eu quem fugiu, quem sempre evitou o assunto — ou até mesmo evitei o Brian.

Eu temia sobre como as coisas poderiam acabar entre nós, e pensando assim, sinto que nunca estive totalmente presente para ele. Fui egoísta com seus sentimentos, o abandonei e corri para outro na primeira oportunidade.

Ele teve todos os motivos para virar a cara para mim ou algo pior, mas ele não fez nada.. Ele simplesmente aceitou minhas desculpas e disse que poderíamos começar de novo.
Por que ele continuava a ser bom comigo? Eu não merecia isso.

De qualquer forma, eu sentia sua falta. Mas agora é tarde demais.

Engoli a seco desviando meu olhar para o chão quando recebi a piscadela de Brian, acho que os encarei o tempo todo.

O gosto amargo da vodka subiu para a minha garganta junto a um leve mal estar, o que me fez caminhar para longe das pessoas, esbarrando em algumas delas, afastando-me do tumulto e instantes estava a retornar para trás do palco, guiando-me ao meu camarim — onde eu poderia ter um pouco de paz.

Adentrei aquela sala abarrotada com minhas coisas novamente. Fechei a porta e me encostei contra a mesma, apertando minhas pálpebras e respirando fundo, automaticamente inalado o cheiro de álcool misturado a maquiagem.

Nem mesmo eu sabia o que estava a sentir naquele momento. Não era raiva, nojo, decepção. Talvez tristeza ou frustração. Okay, talvez um pouco de raiva, mas raiva de mim.

Eu continuava a ver seus rostos, os sorrisos e risos, suas mãos e corpos se movendo um contra o outro.

Merda, isso não deveria ter me incomodado tanto. Simplesmente não deveria.

Eu segui em frente, certo? Por que eu não permitiria Brian a fazer o mesmo?

Era como se um vazio houvesse tomado conta de tudo. Até as coisas simples não tinham mais sentido.

Sentei-me ao sofá, apoiando meus cotovelos em meu colo e escondi o rosto contra as palmas de minhas mãos, agora não dando muita importância para minha maquiagem.

Não era justo com Ryan. Eu era uma péssima pessoa e aquilo martelava em minha cabeça sem parar.

Ouvi batidas na porta e apenas gritei para que entrassem, vendo Fena adentrar a sala e se aproximar com cautela.

— Você precisa de alguma coisa? — Ela pergunta ao arquear uma de suas sobrancelhas.

— Não, eu só.. só quero ir para casa. — Disse bufando fraco e me esparramando naquele sofá.

— Tudo bem, eu vou chamar um uber pra você, ok? Courtney quer passar em outra festa depois daqui. — Ela diz se afastando, terminando de ajeitar algumas coisas para depois ajudar-me com a peruca, a roupa e alguns acessórios.

— Sem problemas. Divirtam-se. — Disse baixo, agora vestindo minhas roupas regulares em silêncio após Fena deixar aquele cômodo.

Eu não via a hora de chegar em casa para poder tomar um banho e me livrar daquela maquiagem e do suor.

Com certeza Brian passaria o resto da noite com Courtney. Mas por que diabos eu continuava a pensar sobre isso?

[...]

— Fena? — Ouvi a voz muito bem conhecida por mim ecoar após a porta ter sido aberta. Brian. — Ah, você.. — O loiro disse com certa decepção. — Onde está Fena?

Estava imóvel, encarando-o em silêncio por alguns instantes. Não esperava o encontrar tão cedo.

— Hm.. Ela acabou de sair. — Disse baixo, desviando meu olhar para o chão em seguida.

— Ah, claro.. Sempre fazendo tudo por você, uh? — Havia algo diferente em seu tom. Eu conseguia sacar quando Brian estava brincando ou não, e aquilo não me parecia muito uma brincadeira.

Alguma coisa estava acontecendo.

Eu quase não percebi quando Brian se aproximou e se colocou a minha frente, fazendo-me dar alguns passos para trás e me encostar contra a parede, tendo o corpo do menor praticamente grudado ao meu. Aquele não era um momento muito confortável.

— Você não consegue fazer nada por conta própria, uh? — Ele riu de forma sarcástica. — Olhe para mim, querido. — Sua mão segurou meu queixo e fui obrigado a encarar seu rosto quando ergueu o meu.

Seus olhos agora me davam medo. Suas pupilas pareciam estar dilatadas e sua fala era alterada. Que merda você fez, Brian?

Remexi meu rosto para afastar sua mão do mesmo e o empurrei levemente pelos ombros, conseguindo me esquivar de seu corpo.

— Por que você está fazendo isso? — Encarei-o com a testa franzida. Eu não conseguia acreditar nas palavras que saiam de sua boca.

— O que? Você não aguenta ouvir a verdade, não é? — Ele me olhava de forma fria, desprezando meus dizeres com uma das sobrancelhas arqueadas.

— Por que você está falando essas coisas? O que eu fiz pra você? — Perguntei sentindo o choro subir a minha garganta, fazendo-me engolir a seco. Eu não queria chorar ali.

O riso debochado e aquele olhar estavam me matando. Aquilo não era ele.

— Own, você vai chorar? Jura, Brian? Eu fui descartado e usado, mas quem chora é você? — Ele praticamente gritou avançando em minha direção, o que me fez dar passos apressados para trás e fechar meus olhos, apertando minhas pálpebras que insistiam em marejar. Abri-os para o olhar, sua respiração estava acelerada, de modo que seu peito subia e descia em uma velocidade excessiva. Ele estava com raiva.

— Você nunca foi usado, Brian.. Por favor, para com isso. — Eu lhe pedi, dessa vez não conseguindo evitar com que uma lágrima escorresse por minha bochecha.

— Quanto tempo demorou para você encontrar outro que te comesse tão vem quanto eu? Hum? Uma semana? Duas? — Arqueou uma de suas sobrancelhas tendo seu olhar preso ao meu rosto com um sorriso quase irado em seus lábios.

— Cala a boca, Brian! Você não faz ideia do quanto foi difícil te deixar. — Eu não conseguia acreditar que aquela merda estava mesmo acontecendo.

— Difícil? Você faz ideia do que fez comigo? Sabe como é ser deixado pela pessoa que ama quando você mais precisa dela? Você é tão covarde, Brian.. Fez isso por medo, ou até mesmo por vergonha de estar comigo. O melhor é que semanas depois você aparece para anunciar o novo amor da sua vida, fazendo questão de espalhar por toda a mídia.
Eu tentei, Firkus.. Eu tentei engolir tudo isso por você, por não suportar ficar longe de você.. Mas eu percebi que nada nunca vai voltar a ser como antes, não desse jeito. — Ele balançou a cabeça em negação, andando de um lado para o outro completamente inquieto, com a respiração ainda acelerada e aqueles olhos assustadores. — Não com você me beijando e cantando aquela porra de música naquele palco! — Ele gritou, fazendo-me engolir a seco e abaixar um tanto da cabeça quando apontou o dedo para meu rosto.

Eu sou um verdadeiro filho da puta. Aquilo era culpa minha e isso eu não podia negar. Tudo, tudo aquilo. As nossas brigas, o término, as recaídas de Brian.. Eu causei tudo.

As lágrimas escorriam em disparada por meu rosto, eu não conseguia mais as controlar, e ele parecia estar na mesma situação, soluçando uma vez ou outra.

Ele tinha razão. Eu tinha medo do que as pessoas falariam, do rumo que nossas carreiras poderiam tomar.. Mas eu nunca senti vergonha de estar com ele. Estar com ele sempre foi um dos meus maiores desejos, mesmo que Brian não acredite nisso.

Dei um passo a frente e segurei seu punho com delicadeza, tentando o trazer para perto de mim e o envolver com meus braços por menos de um instante, sentindo-o se esquivar e me empurrar com força, fazendo-me cambalear um tanto e dar alguns passos para trás, apoiando-me mais uma vez contra a parede.

— Nunca mais encoste em mim. — O loiro praticamente rosnou entre dentes, batendo a porta com força ao deixar aquele camarim.