Flores de inverno

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— Está pensando em me matar? – Sem conseguir conter seu humor ácido, Kihyun, finalmente, soltou aquela frase enquanto observava Changkyun procurar por um lugar discreto para estacionar seu carro. Sua voz subitamente preenchendo o ambiente, ainda mais com uma piada – por mais mórbida que fosse – fez com que Changkyun abrisse um sorriso divertido e negasse com a cabeça veementemente.

— Meu único plano maléfico é te levar para um encontro improvisado. – Changkyun o respondeu sorrindo, sem lhe dar maiores explicações antes de sair do carro e ir buscar por sua cadeira de rodas na mala do carro. Confuso – e, certamente, também ansioso – com aquelas palavras, Kihyun aguardou o mais novo colocar sua cadeira de rodas ao lado do carro e ajudá-lo a sair do automóvel.

— Não lembro de ter aceitado esse convite de encontro. – Ele retrucou, tomando o controle dos seus movimentos e saindo na frente de Changkyun, por mais que não soubesse como se localizar naquele lugar estranho para si. O fisioterapeuta apenas riu atrás de si, vasculhando o carro e trazendo alguns objetos em suas mãos, enquanto corria para alcançar Kihyun. O mais velho apenas ergueu as sobrancelhas, encarando Changkyun e questionando o que era aquilo.

— Minha manta favorita. Para forrarmos o chão e você não morrer de frio. Dois pacotes de salgadinho velhos, que eu estava guardando para um momento especial como esse. E a torta que eu prometi levar para o Sr. Choi na sessão de fisioterapia dele hoje. Parece que o pobre Sr. Choi não aproveitará das delicias de chocolate e avelã hoje. – Changkyun listou o que segurava em mãos de maneira desajeitada, apontando para cada um deles com a cabeça e fazendo Kihyun finalmente abrir um sorrisinho.

— Sr. Choi... Então é esse o nome do homem que você está me trocando? – O fato de Kihyun estar fazendo uma piada era uma surpresa até mesmo para si. Contudo, a presença do seu antigo Changkyun – aquele que ele estava aos poucos se apaixonando – tinha força demais sobre si e sobre seu humor.

Se antes estava querendo voltar para casa, para se esconder em seus cobertores e desabafar com Hoseok, agora Kihyun queria explorar aquele lugar com Im Changkyun sem qualquer medo. Ele sabia que se entregar para alguém daquela forma não era a sua escolha mais sábia, mas, como raramente o fazia, Kihyun estava priorizando o presente e desligando todos os seus alarmes de emergência a respeito daquela decisão, quebrando seus muros e ficando exposto.

— Oh, você também me trocaria pelo Sr. Choi. Ele é dotado de quase cem anos de ossos frágeis, um cheiro marcante e excitante de aveia e leite. Além de não sorrir nunca e reclamar a cada cinco segundos dos filhos e netos. – O mais novo disse, usando um tom de voz carregado de deboche e diversão. — Acho que você será um velhinho parecido.

— Sabemos que eu odeio aveia. – Kihyun retrucou, segurando uma risada diante das palavras idiotas de Changkyun. Um pouco mais calmo e percebendo que estava seguindo em um caminho desconhecido, Kihyun finalmente parou a cadeira de rodas e permitiu que o mais novo os guiasse até onde ele queria. Quando se colocou atrás de si, Changkyun deixou um beijinho caloroso em sua bochecha e deixou a manta, a torta e os salgadinhos em seu colo, enquanto virava a cadeira de rodas e seguia na direção certa.

Enquanto seguiam caminhando em um silêncio confortável, eles passaram por um caminho de pedrinhas. A ação provocando algumas movimentações incômodas da cadeira de rodas, que chacoalhava a cada vez que Changkyun a empurrava para frente. Por mais que Kihyun não tivesse reclamado, Im percebeu seu incômodo e, imediatamente, parou a cadeira de rodas. Não faltava tanto para chegar onde queria, portanto, decidiu que faria aquele caminho de outra maneira.

Pegando a manta, torta e os salgadinhos e colocando-os sobre a grama, ao lado do caminho de pedras, Changkyun posicionou-se em frente a Kihyun. O mais velho demorou cerca de alguns segundos para perceber o que o fisioterapeuta queria e, ao constatar qual era seu plano, Kihyun soltou uma risadinha nervosa. Uma coisa era ser carregado para lá e para cá por Wonho, outra completamente era estar no colo de Changkyun. Além do medo de cair – afinal eles não tinham portes físicos tão diferentes –, Kihyun também se sentiu nervoso com a possibilidade de ter mais contato físico com Changkyun depois de dias de distanciamento por parte do mais novo.

Flores de Inverno ♡ changkiWhere stories live. Discover now