🍁 Capítulo 3

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Gaélico estava concentrado limpado a lente da sua Câmera profissional. A câmera, era o bem mais valioso que Gaélico tinha, aliás era seu único patrimônio. Gaélico ainda se lembrava da sensação que sentiu ao obtê-la.

Ele teve que ralar muito, ainda na faculdade, ele fazia pequenos bicos de garçom, serviços gerais. O irlandês topava quase todo tipo de emprego que surgisse naquela época. Depois que saiu da faculdade, a câmera não caiu de paraquedas em seu colo, não! Gaélico teve que ralar em dobro.

Foram muitas noites mal dormidas, muitas  noites de fome, pois o irlandês trabalhava  como garçom naquele época. Porém ele economizava cada moeda que recebia. Muitas vezes sobrevivia só com a refeição diária que cada funcionário tinha direito no serviço. Outras vezes, catava o resto de comida dos pratos dos clientes, uma vez que  boa parte dos  clientes deixavam os pratos praticamente intocáveis, assim Gaélico levava as sobras para casa e se  alimentava .

Assim, depois de muitas batalhas, sua tão amada câmera foi comprada. Gaélico se lembrava  claramente do  dia que a comprou. O mesmo chegou na loja e pediu uma Connon EOS.

Essa era a Câmera do  sonho de Gaélico , embora  o preço estivesse longe do orçamento do irlandês

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Essa era a Câmera do  sonho de Gaélico , embora  o preço estivesse longe do orçamento do irlandês . Nada  diminuía sua euforia  , Gaélico  nem ligou pra a cara de espanto do vendedor quando tirou da mochila algumas  sacola cheias de moedas de 1, 5, 10, 25 e 50 cents, e notas pequenas de 1 dólar. Nada naquele dia estragaria seu humor. O irlandês saiu da loja todo orgulhoso,  e com olhos brilhantes com sua Canon EOS 450D nos braços .

Eram tempos de luta e dificuldades. Tanto ele como Jacob não tinham um teto, nem emprego fixo. Porém os dois eram conscientes da vida. Eles sabiam que pelo fato de terem feito uma faculdade, não significava que ao sair dela já tivessem um emprego garantido . E foi isso que os dois rapazes fizeram. Eles lutaram ao invés de reclamar. No fim tudo valeu a pena para os dois rapazes. E Gaélico pôde realizar seu sonho.

O sonho de viajar pelo mundo e viver de suas fotografias. Gaélico sempre teve um espírito livre, ele sempre foi desapegado das coisas materiais do mundo. Os acontecimentos em sua infância e a vida de miséria depois de se ver sozinho no mundo, o fizeram repelir as coisas materiais. Sim, ele tinha um singelo apartamento junto com seu amigo. Mas Gaélico ajudou Jacob a comprar por pura insistência do amigo, e mesmo assim, foi Jacob que deu a maior parte.

Jacob não entendia o significado da liberdade do amigo. Porém Gaélico sim entendia. Ele se sentia liberto de toda sujeira da sociedade. Quando o irlandês estava viajando, caminhando horas infindáveis nas trilhas, chegando a passar meses sem contato com nenhum ser humano. Eram nesses momentos que Gaélico colocava suas dores pra fora. Ele amava registrar imagens de trilhas. Guardá-las pra sempre através de sua lente. Era como uma tatuagem pra ele. Eram imagens que ficariam pra sempre em sua mente e em sua câmera.

Olhando pra sua câmera, Gaélico sorriu com carinho. Ele a amava tanto. Ela era sua verdadeira casa. Ela, sua mochila e a barraca de camping. Ele não precisava de mais nada no mundo pra ser feliz. Ele era realizado.

Retratos De Um Outono Intenso ( AMAZON#)Where stories live. Discover now