- Eu quase esqueci o mundo a qual pertencemos - comento.

- O que quer dizer? - ele pergunta.

- Os ataques, as perdas, a tensão... as vezes eu esqueço que não estou aqui de férias, mas estou aqui porque minha vida corre perigo.

Ele coloca a mão suavemente na minha.

- Eu morreria antes de deixar qualquer pessoa machucar você.

Sorrio.

- Eu tenho tanto medo...

- Medo do quê?

- De ser feliz, e depois ver isso ser tirado de mim - admito - Eu estou sendo feliz aqui nessas últimas semanas, do que fui todos os meses naquela casa. Se isso for tirado de mim, acho que irei desmoronar. E se eu perder isso?

- Ainda vou estar com você, estarei ao seu lado sempre, mesmo que seja apenas como amigo.

- Obrigada, Dante - coloco uma colher de sorvete na boca - Por que sempre falamos de mim? Eu quero saber sobre você.

- Não há muito o que saber.

- Eu quero saber mesmo assim - insisto.

- Bem... eu sempre cresci como irmão mais novo de Silas, sempre o admirei, o seguia para todos os lados quando pequeno.

Sorrio.

- Éramos muito próximos quando crianças, mas quando ele iniciou na bravta nos afastamos, eu pensei que quando eu iniciasse voltariamos a ser próximos, mas não foi o caso.

- Eu nunca entendi muito bem a iniciação dos garotos na máfia, os italianos os faziam caçar ou beber e atirar sem errar o alvo, coisas assim, normalmente com 14 anos, eu sempre achei bárbaro.

Ele fica em silêncio.

- Os russos fazem isso também?

- Não - ele nega - Nós somos mais perversos.

- O... o que vocês fazem?

- Para um garoto iniciar na bravta, ser aceito entre todos e especialmente o chefe, ele deve...

- Deve...? - insisto.

- Torturar uma pessoa - diz.

Estremeço.

- Todos fazem isso?

- Todos - ele afirma.

Suspiro sem saber o que dizer. Isso é muito pior do que os italianos, e eu já os achava bárbaros.

- Quantos anos Silas tinha quando iniciou na bravta?

- 16 anos.

Balanço a cabeça.

- E você?

- 15 anos - explica - Porque eu pedi para o meu pai adiantar.

Mulher no Poder (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora