O idiota do meu namorado - Série idiota - Livro 2

01

Ótimo, as férias chegaram ao fim. Que trágico, não é?
Qual a graça de voltar para a escola após dois meses sem relar em uma folha do caderno.

Henrique está completamente feliz, com o sorriso de sempre do outro lado da tela do computador. É, ele foi para São Paulo a duas semanas atrás e eu me faço de namorada contente enquanto eu choro todas as vezes que a tela fica preta.

Ah não, não me venha com essa que isso é drama, pois desse papo a Letícia já me fez ficar de saco cheio.

A madame se encontra completamente feliz com o meu irmão ao seu lado no banco do motorista, e eles vivem enchendo o saco falando que nem pra vela eu sirvo, no máximo sou um fósforo. É amigos, bullying em meu próprio ambiente familiar.

Meu irmão nos deixa na entrada do colégio e após dar um beijo - extremamente exagerado e totalmente desnecessário, ouso dizer- em Letícia e me mandar um beijinho voando, segue seu rumo para a faculdade de advocacia.
Quem diria que o mané do meu irmão iria cursar advocacia. O menino não consegue falar uma coisa sem ser uma piada, algo sarcástico ou algo que infernize a vida alheia. É perigoso o bocó ser preso em alguma de suas audiências por fazer alguma piadinha com o Juíz.

Letícia enrosca seu braço no meu e seguimos em direção ao pavilhão dos segundos anos do ensino médio.

Por incrível que pareça há vários rostos diferentes por esses corredores e eu sinto que esse ano vai ser incrível! - ou não.

Sabe a sensação de ter perdido tempo e ter passado uma vergonha - aquelas apresentações chatas - desnecessária após ir ao primeiro dia de aula? É esse sentimento que habita em mim após o sinal para o intervalo tocar.

Saio no corredor e procuro por Letícia no meio de um monte de brutamontes que são quase o dobro da minha altura.
Quando escuto a voz totalmente familiar da minha melhor - talvez pior - amiga:

- Ei, por um acaso você viu um toquinho loiro andando por aí? - ela se dirige a uma garota, que era no máximo uns trinta centímetros maior que eu. A garota só balança a cabeça para o lado em sinal de negação e segue o seu rumo. E Letícia logo me encontra. - Achei que nunca mais acharia você nesse monte de gente! Da a mão aqui pra cunhada para irmos ao refeitório.