Ele é tudo, menos cristão.

" A força e a dignidade são os seus vestidos" Pv 31:25.

Desde aquela noite, decidi que iria mudar, eu ia me tornar outra pessoa, não seria mais a menina invisível..., porém convenhamos que nesse instante seria uma ótima habilidade sobre humana.

— To pronta!

Eu disse disfarçando a atenção da minha mãe do meu mini short feito de uma calça que cortei vendo um tutorial na internet, com uma regatinha que estrategicamente aperta os meus pequeninos seios para cima.

— Débora aonde você pensa que vai com essa roupa? Disse Joanna me analisando de cima a baixo.

— Ah mãe! Relaxa! Rebati fazendo uma careta.

— Relaxa? RE – LA – XA ?

Neste instante percebi que a coisa tava preta.

— O corpo é meu!!! Respondi enquanto saia da mira e marchava de volta ao quarto. - Feliz era Eva que podia sair por aí peladona e não tinha ninguém pra falar mal, nem mãe ela tinha, só o grande amor da vida dela, coisa que se depender de você, nem isso eu terei né Joana!!! Eu disse ainda aos berros.

— Sim é verdade, ela era muito feliz, e não era por sair desfilando o corpo perfeito, pelo seu amor por Adão, ou sequer por morar no paraíso e sim pelo seu relacionamento com seu Criador, já imaginou isso Débora!! Conversar com o próprio Deus? Ta aí algo que você devia tentar! Respondeu minha mãe sarcasticamente.

O drama sempre foi minha especialidade, e quase sempre eu ganhava, voltei pra cozinha bufando de raiva.

— Débinha... disse ela segundos depois já arrependida pela reação exagerada.

Eu revirei os olhos pra cima, minha marca registrada, reação perfeita para ódio supremo ou qualquer outra emoção que me fosse conveniente.

— Filha se você tivesse tudo isso, o paraíso, um amor correspondido, as melhores comidas, tudo que você já sonhou, exceto uma coisa... Jesus! Ainda assim você gostaria de estar neste lugar?

Eu fiz que tanto faz dando de ombros e disse para minha mãe que só queria sair como eu bem entendesse, até sem roupa se desse na telha, tenho certeza que era mais uma frase pronta que ela recebeu no celular de alguma amiga, ainda assim aquela pergunta ficou ali martelando na minha mente, no fundo eu sabia que minha resposta no momento seria sim, mas eu jamais falaria isso em voz alta, e naquele momento eu tinha algo mais importante com que me preocupar.

Verdade seja dita, o que eu queria muito era seduzir o FELIPE, queria que ele finalmente me notasse, na escola todo mundo sabe que eu sou cristã então dificilmente algum garoto toma a iniciativa de tentar algo comigo, e o Fê vive em um mundo paralelo, já tem uns anos que nos conhecemos e ele nunca tomou atitude nenhuma, provavelmente porque eu acabo sendo muito eu mesma com ele por perto, e eu sou um completo desastre, mas ele é o mais perto que eu já tive de um relacionamento, e nossa, Deeeus! Como eu quero um namorado.

Mas voltando a festa, é aniversário da Mari, e eu nunca vou a festa nenhuma, por causa da minha mãe obvio, como a Mari já veio aqui em casa e tem uma carinha de menininha, com uns olhos castanhos claros e lindos cachinhos que a torna deveras angelical, DEVERAS?... Bom, o aniversario será na casa dela mesmo, e os pais estarão lá, então fui liberada, as vezes tenho inveja da Mariana os pais dela são suuper tranquilos, sabe? Niiiceee? Aposto que eles vão passar o tempo todo no quarto ou vão pedir licença para ir ao "supermercado". Acho que deve ser "cool" ser uma garota "normal".

Ta calma lá, normal, normal eu não sou, mas anormal? meu único problema é a minha mãe, ela é a minha cruz, acho que na verdade o que Jesus quis dizer foi "Débora! Pegue a sua mãe e siga me..."