Cegue-se (poema)

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Vá, abrace uma vez mais a ilusão

Viva com ela, viva dela e fique satisfeita

Viva como se desconhecesse a desolação

Tomando a promessa partida como refeita


Acredite na capacidade de cruzar o abismo

Sem pontes para chegar onde a esperança abandonou

Refutando verdades por inocência, não por egoísmo

Pois agora se cegam os olhos de quem se importou


A mente pode sofrer os maiores horrores e ainda perdoar

Testemunhei quando o santuário de pensamentos virou prisão

Penso, se tudo isso não é por medo de rechaçar

Ainda lembro quando foram obliteradas as barreiras do perdão


Mas essas memórias são irrelevantes ante a ânsia

De reviver com urgência o que parece irrecuperável

Não há como desconsiderar ou perdoar a repugnância

E apesar de toda tortura, entrega-se ao impensável

RandômicosWhere stories live. Discover now