CAPÍTULO II - O que você sabe sobre o amor?

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Havia se passado algumas semanas desde que a jovem se hospedou na casa de Luigi. Ela era muito dedicada e realiza suas tarefas com muita competência; ela amava se sentir útil.
A neblina estava bem fechada em uma manhã cuja noite não havia parado de chover um minuto se quer. Luigi se deu o privilégio de dormir algumas horinhas a mais nessa manhã.

CRACK!

Um forte barulho vindo do andar debaixo foi o suficiente para acordá-lo de seu sono profundo. Desceu os degraus apressadamente enquanto ainda bocejava tentando espantar o sono do corpo. Ao chegar na cozinha se depara com uma grande bagunça; um vaso cujo ele havia ganhando de presente da rainha havia se feito em pedaços.

- Eu posso saber o que está acontecendo aqui? Pergunta Luigi com o rosto bem corado.
Isabel se ajoelhou-se e tentou recolher os pedacinhos do delicado vaso de porcelana espelhados pelo chão.
- Eu falei com você, estás surda?!
- Eu tentei mudá-lo, mas acabei de perceber que não foi uma boa ideia. Respondeu Isabel.
- Você por acaso sabe quanto custa isso?
- Me desculpe, pode descontar do meu salário se quiser.
- Tinha valor sentimental, foi a primeira vez que me senti importante.
- Me desculpe senhor, eu não sabia que era herança de família.
- Na verdade, ganhei de presente da rainha. A pessoa mais importante do país.
- Não para mim. Aquela corte apenas se importa com os mais ricos.
- Como ousa questionar-me? Por acaso se quer já teve a chance de passar em frente ao palácio real?
- Eu sei quem é importante de verdade.
- O que uma jovem órfã poderia saber sobre isso?
- Escute aqui senhor, eu posso sim ser pobre, órfã e sozinha, mas eu não sou burra. As pessoas mais importantes são as que se importam com você, as pessoas que te amam.
- O que alguém como você sabe sobre o amor?
- Eu sei que ele não está num vaso de porcelana.

Luigi nunca havia tratado alguém com tanta arrogância e complexo de superioridade, ele sempre de sua inteligência e experiência para ajudar as pessoas. Mas por incrível que pareça, Isabel continuou seu serviço como se nada tivesse acontecido.
- Não te quero mais aqui. Disse Luigi.
- Não se preocupe senhor, não irei mais desrespeitá-lo. Disse Isabel.
- Não estava brava comigo há alguns segundos? O que aconteceu?
- Estou acostumada a lhe dar com pessoas de temperamento forte. E não quero perder meu emprego.
- Eu não costumo ser assim.
- Não tem problema, afinal a casa é sua, foi eu quem se comportou de forma inadequada.
- Me desculpe.
- Já disse que não precisa.
- Como me fez mudar de temperamento tão rápido?
- Se um não quer, dois não brigam. Agora com licença, preciso consertar este vaso para voltar aos meus afazeres.
Luigi se sentiu o pior ser mais desprezível e nojento do planeta naquele momento. Ele apenas se retirou e dirigiu-se à sala de esculturas, onde passou o resto do dia pensando nas besteiras que havia dito.

TOC TOC TOC!

Era Isabel dando leves batidas na porta quando a noite já se aproximara.
- O jantar já está pronto senhor. Disse Isabel.
- Está certo, eu já vou. Respondeu Luigi.

Luigi nunca se deparara com um banquete tão simples e humilde, mas tão atrativo ao mesmo tempo. O cheiro da comida se espalhara por toda casa. Isabel aproveitara todos os recursos que encontrara na cozinha. Havia um bolo de ameixas sobre a mesa; pães recém preparados e peru preparado com a maior delicadeza e cuidado.

- Eu não sabia qual sua comida preferida, então resolvi arriscar fazer algumas coisas com materiais que encontrei na dispensa. Disse Isabel.

- Está ótimo. Respondeu Luigi.

Ele sentou-se à mesa e pôs-se a saborear a deliciosa comida preparada. À cada garfada e à cada mastigada Luigi sentia como se seus pés não tocassem mais o chão. Ele nunca havia provado algo tão delicioso e acolhedor.

- Por que não se junta a mim? Perguntou Luigi.
- Imagina, claro que não.
- Por favor aceite, veja como um pedido de desculpas pelas grosserias que eu a disse hoje mais cedo.
- Já disse que não tem nada do que se desculpar, erro meu ter deixado o vaso escapar de minhas mãos.
- Sentirei-me muito ofendido se voltar a recusar meu convite.
- Sendo assim, eu aceito.
Isabel sentou-se à mesa para acompanhar Luigi na saborosa refeição. Depois de alguns minutos de silêncio, Luigi decide comentar sobre o trabalho bem executado e caprichoso de Isabel.

- Confesso que estou impressionado com seu desempenho - disse Luigi - , onde aprendeu a cozinhar tão bem?
- As garotas do orfanato onde eu vivia desde cedo foram treinadas para os afazeres domésticos. O que eu sempre quis foi aprender a ler e escrever, mas como não pude, me dediquei bastante à culinária.

-  Sinto por isso. Eu amo ler; através dos livros você pode fugir de sua realidade triste e solitária e viajar pelo mundo sem nem se quer sair do lugar. Posso te ensinar a ler e a escrever, se quiser é claro…

- Está falando sério?

- Pode apostar que sim!

A partir daquele momento a conversa entre os dois começou a fluir tão levemente, que fez os dois acharem que já se conheciam há anos.

MADELINEWhere stories live. Discover now