Noites Solitárias

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Faltava uma hora para o amanhecer quando Ander voltou para casa. Já era rotina passar a noite inteira observando as pessoas, a forma como interagiam umas com as outras, como elas eram... Felizes. E ele daria tudo para ser como eles, para ter sua liberdade, daria tudo para ser ... Humano.

Queria conviver com os humanos, experimentar sentimentos, que para ele só são possíveis em livros. Ander queria se divertir como os humanos, e até mesmo sofrer como eles. Achava fascinante a forma tão rápida que eles brigam e fazem as pazes. Isso sem falar na paixão.... No amor..., mas o que Ander mais queria era se sentir vivo. E para conseguir isso teria que passar por cima das ordens de seu pai.

O Sr. Van Horst há vinte anos proibiu a família de ter qualquer contato com humanos, quando isso aconteceu Ander ainda estava adormecido, se preparando para nascer para a vida vampira, assim, quando despertou soube das regras e não teve a opção de ir embora por nunca ter tido contato com humanos antes, ao contrário dos outros cinco irmãos. Deles, Ander conhecia apenas Laura e Vincent que decidiram ficar, só que Laura partiu um ano depois do seu despertar; Benjamin, Elisabeth e Dave foram embora. Faziam contato esporadicamente mandando uma foto, ou fazendo uma vídeo- chamada. Ander sabia por alto o que havia acontecido para seu pai ditar essa regra, e sabia que Vincent tinha a ver com isso. O que ele nunca entendeu foi por que ele resolveu ficar.

Ander sempre acatou a regra como sinal de tudo que o seu pai lhe proporcionara ao ter a dar a sua nova vida, mas à medida que os anos foram passando crescia um incômodo dentro dele, que foi crescendo até virar quase uma obsessão. Ele tinha que criar coragem para falar com o pai sem o desafiar, afinal ele merecia ter a chance de viver com os humanos assim como todos os irmãos tiveram.

­­­­­­— Observando os humanos de novo Lazlo? —disse seu pai sentado em uma poltrona de uma forma estratégica de frente para a porta.

— Lhe incomoda? —respondeu Ander tentando sem sucesso, mostrar indiferença. — E eu já pedi para me chamar pelo meu segundo nome.

Achava Lazlo um nome horrível. Como ele era o filho mais novo, seu pai teve a infeliz ideia de lhe presentear com o nome que circunda sua família há muitas gerações.

— Por acaso tens vergonha do teu primeiro nome? O nome do teu pai e o nome de teus ancestrais? — o Sr. Lazlo Estephan Van Horst disse se levantando da poltrona e indo em direção ao filho.

— Não eu só...

— Então o chamarei de Lazlo. —Ander sabia que independente da resposta seu pai lhe diria isso

— Pai, por favor não quero conversar agora. — Ander disse quase suplicando, não queria brigar com o pai e já sentia uma raiva crescendo dentro de si. Vincent descia as escadas com uma das sobrancelhas levantadas, estava intrigado, seu irmão nunca fizera com que o pai aumentasse o tom de voz.

— Pois eu quero conversar. Agora. Sente-se. — Ander respirou fundo e disse o que queria dizer:

— Eu não vou sentar! — Vincent estava indo em direção aos dois, mas a resposta dele fez com que parasse.

­— Como é? — os olhos de Estephan passaram de azul para vermelho.

— É isso mesmo, e também não vou me calar. Estou cansado pai.

— Cansado? Poderia me dizer do quê?

— Cansado de viver preso, de não poder fazer o que eu quero, o que adianta ser vampiro e ficar preso dentro dessa casa? — Vincent já havia entendido onde o irmão queria chegar e o seu pai também, mas Estephan queria ouvi-lo falar.

— O que você quer Lazlo?

— Eu não quero mais ficar preso por uma coisa que não fiz, o que adianta ser vampiro e ficar preso nessa casa? O senhor não vai mais me privar disso.

AmarocWhere stories live. Discover now