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Quando Arthur acordou, estava sozinho. Ele demorou a se acostumar com a luz que adentrava pela janela do quarto. Olhou ao redor e reconheceu um quarto de hospital. Tudo branco, impessoal e frio.

Ele tentou se levantar, mas não conseguiu. Fios e mais fios estavam conectando-o a aparelhos. E quando ele tentou novamente se levantar, o aparelho começou a apitar. Rapidamente o quarto ficou cheio.

- Arthur, como você se sente? - um homem com um jaleco branco o perguntou. 

Arthur leu seu nome: Dr.Arthur Menezes.

- Eu sou o Dr.  Arthur. Seu  xará. - riu, mas como Arthur não fez o mesmo, ele prosseguiu. - Você sofreu um acidente. Você se lembra? - Arthur assentiu. - Isso faz quase seis dias.

Seis dias? Arthur pensou. Estava desacordado há quase uma semana.

- Você foi operado para conter a hemorragia, mas ainda tem um coágulo significativo entre a L3 e a L4.

- Isso significa que estou paraplégico? - falou por fim.

- Ainda não podemos afirmar se é definitivo, Arthur. - o médico explica e Arthur assente demoradamente, assimilando aquelas palavras. - Você ainda fará outros exames mais minuciosos agora que enfim acordou. - Arthur suspira longamente. - Você quer que eu chame alguém? Seu pai, talvez?

Arthur queria mais que tudo que Maya estivesse ali com ele naquele momento terrível. Mas seu futuro era incerto e ele não iria impor a uma menina de 19 anos o peso de ficar com um deficiente. 

- Não. Eu não quero que chame ninguém.

***

Eu estava me sentindo tão sonolenta. Os meus olhos pesavam tanto que eu não conseguia abri-los. Eu forçava, mas nada. Então passei a ouvir sons. Um bip suave. Sinto alguém acariciando o meu cabelo. É tão bom, tão reconfortante. Ouço o barulho de uma porta se abrindo e um cheiro bom, familiar adentra em minhas narinhas. 

Tio Nikko. Eu tinha certeza que era ele.

- Bom dia, minha florzinha de maracujá. -Ele sussurra em meu ouvido e eu sinto um beijo em minha testa. - Como ela passou a noite?

Um suspirar pesado é dado ao meu lado.

- Do mesmo jeito.

Um silêncio quase que ensurdecedor se apodera por um tempo.

- Vá pra casa, você deve estar muito cansado. 

Mais silêncio. Até que ouço um choro.

- Não fique assim, querido. - meu tio fala e aquele choro é angustiante.

- É minha culpa, Nikko.

- Não é culpa sua coisa nenhuma. - a voz do meu tio é carinhosa apesar da repreensão.

Tentei mais uma vez abrir meus olhos e nada. A porta se abre novamente.

- Bom dia. - é a voz de uma mulher.

Eu odeio meu ex-noivo (finalizado)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora