Capítulo 1

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Amo sentir o sol batendo no meu rosto, é aconchegante, além de esquentar o corpo esquenta a alma. Minha mão passeia na grama verde em que eu estou sentada, deixo o vento bater em meus cabelos sem preocupação até que ouço o sino da escola de balé e vou buscar minha irmã.

-Olivia! - vejo a cara de surpresa de Lily, é raro eu vir buscar ela no balé.

Vamos caminhando até em casa, resolvemos passar por um atalho. No meio do caminho ouço um som e sinto algo se aproximar, olho para trás e vejo que é apenas um esquilo.

-Olha Lily, um esquilo. – Minha irmãzinha se vira e se encanta com o que vê, ela ama animais. Tentamos até chegar perto dele, mas ele fugiu, assim continuamos nosso caminho.

Ao chegar em casa subo para meu quarto, verifico se tenho alguma tarefa para casa e chego à conclusão que já fiz tudo que precisava, então resolvo ir brincar com a minha irmã, como estou no último ano do ensino médio mal tenho tempo de ficar com ela e sinto falta dos momentos que passamos juntas e sei que ela também sente.

A noite chega e minha mãe chama para jantarmos, sentamos a mesa e conversamos sobre o nosso dia, todos os dias são assim. Depois do jantar ficamos assistindo TV até escutarmos um miado, Lily na hora sai correndo para ver de onde vem, minha mãe pede que eu vá com ela e assim faço, enxergo o pequeno gato branco do outro lado da rua, levo Lily até lá e começamos a fazer carinho e conversar com o gato, ouço um som de carro vindo, vejo Lily desmaiar e quando eu menos espero apago.

Sinto a luz invadir meus olhos, dores preenchem o meu corpo, tento me levantar, mas não consigo. Olho em volta, com a visão um pouco turva e tento identificar onde estou. Vejo que o que me prende é cinto de segurança. Atordoada, começo a lembrar da noite passada, flashes se passam na minha cabeça e me desespero.

-Não adianta se desesperar, gritamos e ninguém pode escutar e sim, fomos sequestrados. – Fala o garoto que está sentado ao meu lado. Assim tomo a consciência que estou dentro de um avião.

Ao ouvir isso sinto meu peito rasgar como se um estilete cego estivesse tentando penetrar em meu coração. Tiro cinto e começo a andar pelo avião, passo observando as pessoas que estão sentadas e só tem adolescentes. Vou andando até trombar com alguém, olho para a frente e vejo um garoto negro e alto.

-Menina, senta! Se te veem aqui em pé vão te dopar e te levar pra Deus sabe onde dentro desse avião. - Fico olhando pra ele sem saber o que fazer, olho para os lados e vejo as pessoas me olhando com olhares apavorados e assim resolvo me sentar. Volto para o meu lugar e choro de desespero, choro por lembrar da minha irmã e não saber onde ela estar, choro por lembrar dos meus pais, choro por estar aqui e não poder fazer nada.

-Não chora, eles virão aqui se você fizer isso, eles não gostam. – Fala uma menina que está do outro lado com a cabeça baixa. Tento me segurar e com muita dificuldade eu consigo.

-Minha irmã. – Sussurro.

-O que você disse? – pergunta o garoto ao meu lado.

-Minha irmã, ela estava comigo. – Falo um pouco mais alto.

-Ela tem que idade?

-4 anos.

- Ela deve estar no avião das crianças, um garoto lá atrás viu eles levando as crianças para outro avião.

Sinto meu coração acelerar ao pensar em minha irmãzinha sozinha em um avião, me sinto impotente por não estar com ela e a proteger. Fico nervosa e começo a apertar os nós dos meus dedos até ficarem brancos, sei que meus pais irão nos procurar, espero que nos encontre seja lá aonde estamos indo.

Depois de horas sentimos o avião aterrissar, a nossa frente aparece um homem de máscara e começa a falar.

-Andem, levantem-se, retirem seus cintos e me sigam formando uma fila única. E melhor não tentarem nenhuma gracinha.

Nos levantamos e começamos a nos enfileirar, neste momento o medo me consome, esse desconhecido no qual estamos destrói meu psicológico, preciso me acalmar e focar em achar minha irmã.

Fomos colocados em vários caminhões. Observo o caminho e cada vez mais a mata fica fechada a nossa volta, não entendo o porquê estão fazendo isso, estou me sentindo em um Jogos Vorazes, só espero que realmente não seja assim.

O carro para e vejo o enorme prédio mal-acabado, pintura descascando e alguns vidros das janelas quebrados. Somos levados para um pátio em frente ao prédio, começo a ouvir choros, olho para trás e vejo várias crianças, procuro a cabeça ruiva da minha irmã, mas não acho, começo a me dirigir até lá, mas sou barrada por um mascarado.

Em um pequeno palanque uma mulher mascarada bate no microfone e começa a falar.

-Bem-vindos crianças, vocês foram honrados de participarem do Experimento Z, foram escolhidos para melhorarem suas habilidades e testarem seus conhecimentos. Vocês ficarão nessa ilha por tempo indeterminado e terão que sobreviver com o que aqui é oferecido, e não se preocupem esta é uma ilha muito grande, vocês poderão escolher ficar aqui na base ou explorar por aí, irão receber conjuntos de roupas e calçados. Quero lembrá-los que não serão permitidos matar uns aos outros ou tentar matar a si mesmos, qualquer gracinha que queiram fazer como fugir serão friamente punidos. Aqui nesse prédio temos mantimentos iniciais, vocês terão que se organizar e prepará-los, quando acabar começarão a ter que caçar a própria comida, banho vocês terão que achar o rio e pegar a água. Agradeço a atenção e divirtam-se!

Do nada todos os mascarados foram se retirando e ficamos sozinhos, fui até as crianças e comecei a procurar minha irmã com 10 minutos de procura consigo achá-la, não há tantas crianças ruivas por aqui.

Abraço minha irmã, vejo seu rostinho vermelho em sinal que havia chorado, nesse momento não quero me desgrudar dela.

-Oli por que estamos aqui? Cadê mamãe e papai? - quando ela termina de falar ela volta a chorar, fico nervosa, como explicar para uma menininha de 4 anos que fomos sequestradas e sabe lá Deus quando iremos voltar para casa.

-Não sei Lily, mas eles virão nos buscar. - Ela olha pra mim com um olhar amedrontado e fala:

-Quero ir para casa. - "Eu também", penso. Percebo que estou chorando, nossa vida a partir de agora é uma incógnita, só Deus sabe o que pode acontecer agora. 

IsoladosWhere stories live. Discover now