Estou achando que não foi uma boa ideia perguntar isso. Na verdade foi uma péssima ideia. Quero apenas me levantar e ir embora.

Josh dá um sorrisinho sem graça e permanece calado.

Com isso... Silêncio.

Ninguém tem coragem de pronunciar sequer uma palavra. Muito menos eu.

-Você está sangrando de novo.- Digo, olhando para a gaze encharcada que ainda está enrolada na mão de Josh. Viro-me para os meus amigos.- Alguém tem curativo líquido?

-Com certeza não. Acho aquilo assustador.- Responde Joalin fazendo careta.

Continuo encarando o resto deles, e todos dizem que não também.

Olho para o Josh.

-Depois que comermos dou uma olhada nisso.

Josh assente, mas não olha para mim.

Isso doeu. Mas eu não tinha o direito de reclamar. Não depois do que eu fiz.

Ou tinha? Quer dizer, somos amigos antes de qualquer coisa, não é? 

...

Desligo a luz e vou para a cama, sem saber interpretar aquele dia. Não nos falamos de novo depois do café da manhã. Apesar de eu ter passado uns dez minutos trocando o curativo da sua ferida por várias vezes ao dia.

Não dissemos nada durante todas as vezes, em todo o processo. Nossas pernas não se tocaram. O dedo dele não tocou o meu joelho. Sequer olhou para mim. Ficou somente prestando atenção na mão o tempo inteiro, concentrado, como se ela fosse cair do braço se desviasse o olhar.

Na entrevista nem chegamos perto um do outro, e não dirigimos a palavra um ao outro. E no show, a mesma coisa. Só ficávamos perto um do outro, por causa das coreografias. E mesmo assim, tentávamos ficar o mais afastado possível um do outro.

Foi um longo e péssimo dia.

Não sei o que pensar sobre o Josh, nem sobre o beijo. Mas está na cara que eu correr depois "daquilo", não foi o melhor a se fazer.

Será que ele está com raiva de mim?

Olho para a sua cama, e a mesma se encontra vazia.

Fecho os olhos e tento adormecer pela sexta vez, mas não adianta. Viro para o lado e fico de frente para aporta bem no instante em que a sombra dos pés de alguém se aproxima. Observo a porta, esperando que se abra, pois tenho certeza que era o Josh. Mas as sombras desaparecem, e os passos seguem pelo corredor.

Controlo minha respiração por alguns instantes para me acalmar o suficiente e decidir se quero ou não ir atrás dessa sombra. Estou apenas na terceira respiração quando salto da cama.

Quando dou a volta pelo corredor eu o vejo. Todo ele. Está encostado no elevador, de frente para mim, quase como se estivesse me esperando.

Nossa, odeio isso.

Finjo que foi mera coincidência estarmos aqui na mesma hora, apesar de ser meia-noite.

-Não está conseguindo encontrar o seu quarto?- Pergunto tentando ser divertido.

Tentando, porque falho miseravelmente.

Chego bem perto dele e aperto o botão do elevador. Para quê? Bom, eu não faço a mínima ideia. Mas tinha que mostrar para ele, que eu estava saindo do quarto, porque realmente tinha algo para fazer.

E não porque queria saber dele.

Ele não diz nada. Apenas me observa. Como se eu fosse o melhor atrativo do mundo.

A porta do elevador se abre e nós dois entramos nele. Por que "nós dois" entramos nele?

Agora eu realmente tenho que ir a algum lugar.

Merda.

-Então, para onde está indo?- Josh me pergunta.

Não respondo, fico apenas o encarando.

-Vai me ignorar mesmo?- Pergunta chegando perto.

Sorrio ladino.

-Eu? Ignorar você?- Falo me afastando.- Você tem me ignorado o dia todo.

-Eu não...

A porta se abra e eu saio em disparada.

Vou para a área da piscina e me sento em umas das mesas. Vejo Josh se aproximar, e sentar à minha frente.

-Eu não tenho ignorado você.- Diz calmo.- Não de propósito. Pensei que você quisesse isso.- Olho para ele um pouco confuso.- Eu pensei que... Que não quisesse ficar perto de mim.

Oh...

Era só o que eu queria o dia inteiro.

Ficar perto dele.

-Josh...

-Eu fui um idiota. Eu não pensei em você quando fiz o que fiz. Só em mim e no que eu queria. Na verdade, eu nem pensei no que estava fazendo direito.- Ele ri sem jeito.- Eu só fui tomado por uma incrível vontade de ter você. Mesmo que só por uns minutos.

Ele para de falar como se estivesse buscando por ar. Inspira e expira várias e várias vezes.

-Me desculpe, Noah.

Não, não, não... Não se desculpe Josh. Por favor não faça isso. Não se arrependa de ter me beijado. Não se arrependa de querer isso. Por favor não faça isso. Isso é muito mais do que eu consigo suportar agora. Não se arrependa justo quando eu me resolvi com os meus próprios demônios.

-Não tenho o porquê te desculpar. Você não fez nada de errado.- Digo segurando as lágrimas.- Eu também beijei você. E eu fui um idiota, por ter saído correndo.- Brinco com a barra da minha blusa, enquanto digo.- Eu que devo um pedido de desculpas a você.

Olho para ele e sua feição tá um misto de sentimentos. Confusão. Agradecimento. Felicidade. Nervosismo...

-Então... Você queria me beijar?- Pergunta sorridente.

-Eu sempre quis beijar você.

Digo sorrindo, para então perceber o que acabei de dizer. Sinto minhas bochechas ruborizarem e meu estômago embrulhar.

Merda.

Ele ainda está sorrindo, e eu não tinha percebido o quanto senti falta de ver esse sorriso. Devia sorrir o tempo inteiro. Para sempre. Para mim.

What Are We Waiting For?Where stories live. Discover now