O som da música aumentando tranquilizava meu medo. Quando estávamos na varanda da casa eu olhei para trás. Encarei a escuridão no horizonte. Não havia ninguém ali. Um súbito alívio desabrochou do meu peito. Abri a porta da casa.— Gente! Temos que dar o fora daqui!
Eu gritei o mais alto que pude. Mas a música abafava minha voz.
— Tem alguém lá fora! Ele vai vim atrás de nós!
— Cala a boca, garota — disse um bêbado passando agarrado a uma garrafa de Vodka.
— Eu vi! Ele está lá, temos que cancelar a festa! — Disse parando um garoto que passava ali.
— Vai dar, garota e me deixe em paz!
Era inútil. Ninguém ali estava preocupado, nem se ligava do que estava acontecendo a sua volta. A droga e o álcool os dominavam. Aquele homem poderia entrar aqui e eles não perceberiam. E se vissem algo de estranho, não lembrariam de nada no dia seguinte.
Mas em meio de todas aquelas pessoas, havia uma que acreditaria em mim. Eu e Luan começamos a procurar por Ingrid. Encontrei-a na parede do corredor no andar de cima agarrada a Breno, um colega da nossa classe.
— Ingrid! Ingrid! Finalmente encontrei você! Temos que sair daqui!
— Por quê? O que aconteceu?
Ela encarava os meus olhos lagrimejados.
— Paulo, ele está... morto — disse com um peso na voz, ainda tentando me acalmar.
— Então a brincadeira já começou?
— Não é uma brincadeira — disse Luan.
— É sim, gente.
— Nós vimos o pescoço dele cortado.
— Já ouviram falar do sangue feito com ketchup? Então!
— Ele estava amarrado em uma árvore. Seu sangue escorria. E não era ketchup! — Gritei apavorada.
O sorriso que a meio segundo estava no rosto de Ingrid havia desaparecido completamente.
— Isso é sério mesmo?
— E tem mais... um homem nos perseguiu lá fora — disse observando a janela no fim do corredor.
— Paty? Paty? — Disse Ingrid passando a mão na frente do meu rosto para tentar recuperar a minha atenção.
Algo se movia entre os galhos da grande árvore lá fora.
— É ele — disse em um sussurro apavorante e rígido ao mesmo tempo.
As luzes se apagaram de repente. A escuridão era a única coisa que nos separava da janela. A silhueta marcada pela sombra da luz do luar mostrava o cara da máscara retalhada e o grande machado que ele segurava.
Gritos se estabeleceram lá em baixo. Mas eram gritos de farra. Eles estavam curtindo a escuridão enquanto aqui em cima estávamos em pânico. O silêncio entre a gente aqui me abominava. Eu escutava a galera lá em baixo, mas não era o suficiente para me acalmar. Eu e Ingrid demos um grito agudo quando o celular de Breno tocou.
Ele estremeceu quando viu o monte de zero na tela.
— É ele, ele está me ligando!
Olhei para a janela novamente. A silhueta havia desaparecido. Eu não sei se isso era um bom sinal ou não. O medo me consumia completamente.
— Fique calmo, Breno — disse Ingrid.
Era um comando impossível.
— O que eu faço agora?
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Chamada Perdida
Horror(Livro 1) "Vencedor do Concurso Leitura Nacional 2018 em 1º Lugar na Categoria Terror." O que você faria se recebesse uma ligação a qual a vida de alguém está em jogo? Atenderia ou não? Você morreria ou iria deixar que matassem alguém em seu lugar...