Capítulo 2

31 6 2
                                    


-E agora Mauricio, o que faremos?-escuto minha mãe perguntar.

-Não sei amor, não sei.-meu pai responde, suas vozes se tornam mais próximas, mais claras. A discussão vai se tornando mais baixa e mais acalorada, meu pai tenta acalmar minha mãe, e ela simplesmente pira mais a cada segundo.

-Mãe?-chamo em um sussurro.

-Você acordo querida, que susto! –ele fala se aproximando e me observa preocupada.-Está doida garota?-ela pergunta voltando a sua figura fria de sempre.

-Está com dor filha?-meu pai pergunta.

-Estou bem, eu acho. O que aconteceu?-pergunto.

-Você causou um acidente, não pensou no que isso pode causar na sua carreira? Dirigir bêbada? Está louca? Demorei anos criando você e faz isso? E a sua fama?-minha mãe metralha, como sempre, ela voltou ao normal.

-Calma Aline!-meu pai pede.

-Eu não estava bêbada! –contraponho.

-Ah, não estava. Eu é que estou. –minha mãe responde com ironia.

-Eu perdi o controle, só isso, bebi pouco.-tento novamente.

-Não adianta mentir, os exames de sangue provam isso, você bebeu e bebeu muito, agora a mídia está toda na minha cabeça, ligando sem parar!-minha mãe conta irritada.

-Como pode?-pergunto pasma.

-Isso é vida real, como você vai sair dessa?-minha mãe reclama.

-Aline, para! Já chega a menina mal acordou e você já está enchendo.-meu pai manda irritado.

-Sua irmã está chegando.-meu pai conta.

-Por que?-pergunto com desdém.

-Porque ela está preocupada com você.-ele responde.

-Sei.-respondo com ironia.

-Os jornalistas não param de ligar, o que você foi fazer!-minha mãe reclama com o seu smartphone na mão.

-E o outro carro?-pergunto.

-Sua irmã chegou.-meu pai me corta saindo do quarto animado. Sua favorita chegou.

-Oi Mellanny.-minha irmã sorri quando entra. Seus cabelos castanhos escuros e enrolados estão nitidamente bagunçados, ela usa um sobretudo verde escuro que contrasta com seus olhos pequenos e redondos azuis da cor do céu calmo e sem nuvens. Ela usa botas pretas casuais.

-Chegou rápido.-comento.

-Existem aviões hoje em dia, sabia?-ela responde sorrindo.

-O que eu vou responder? Você só causa problemas Mellanny!-minha mãe continua com seu discurso comum.

-Por que você e o papai não vão tomar um café? Eu fico com a Mellanny enquanto isso.-ela pergunta para a mamãe.

-Boa ideia Mellyzinha, já voltamos. –meu pai beija sua testa e faz um carinho em minha perna, depois pega minha mãe pelos ombros e a guia para longe.

-Você me deve uma.-Amelly comenta.

-Você que quis fazer, não pedi nada.-rebato desdenhosa.

-Faz tempo que estivemos aqui, mas ainda continua a mesma coisa.-ela comenta andando pelo quarto.

-E o outro carro, ninguém me falou nada.-pergunto.

-Ah, o motorista está bem, teve alguns hematomas, a namorada também. Você teve sorte, vão voltar hoje mesmo para o filho deles.-ela conta, isso me alivia.

-Parece que sempre tenho sorte. –comento amarga, porque não morri?

-Sorte, sorte. Não gosto de falar sobre sorte. Penso que você que deve construir seu caminhos, não deixar com a sorte.-ela comenta se sentando na cama.

-Então não foi sorte que me salvou do acidente anos atrás e tirou você dá ginastica? O que eu tive naquela noite? Eu estou bem, tenho uma ótima carreira, não me vejo sem o esporte. Já você... –deixo no ar.

-Eu estou bem, quando você cresce descobre que existe muito mais do que regras, dietas e coreografias, sou feliz com a vida que tenho, o acidente me mostrou que, para onde eu estava indo era o caminho errado, ele me levou para o certo.-ela conta tranquila.

-Ele foi bem informativo e não deixou muito espaço para as dúvidas não é mesmo?-pergunto com ironia.

-Ah Mellanny, você não entende, quem sabe quando mudar um pouquinho.-ela sugere com paciência.

-Não vou crescer mais! Sou assim e pronto!-grito irritada com sua calma.

-Entendo.-ela sorri e me afaga as pernas com carinho.

-E a Pricilla? O Jonny?-pergunto.

-Nenhum dos dois apareceram ainda, sinto muito.-ela responde.

-Que horas são?-pergunto.

-Já passam das 11 da manhã.-ela informa.

-Eles devem estar dormindo ainda.-falo comigo mesma.

- Sinceramente não acho que ela seja uma boa amizade para você, ou ele um bom namorado.-Amelly comenta.

-Não tenho que ter a sua aprovação para nada! Não sou sua filha! –rebato.

-Não é mesmo, a Vic está impossível. Ela se parece com você, destemida e elétrica.-ela sorri lembrando da filha adotiva.

-Como ela pode se parecer comigo se nem da família ela é? A garota não tem nosso sangue! Não tem nada meu! E tira esse maldito sobretudo! Esta calor! Está me irritando!-falo irritada.

-Claro.-Amelly tira seu sobretudo e vejo seu pijama infantil, ela usa uma calça preta, a blusa tem patinhas e a foto dos dálmatas sorridentes com seus filhotes e donos, Amelly não usa sutiã.

-Que infantil, como se casou usando isso? Espanta qualquer homem!-comento com desdém.

-Meu marido se casou comigo porque me ama. James ama mais do que minhas roupas de luxo, meu dinheiro ou minha aparência, ele me ama pelo que sou. Me ama pelo que faço. Estou assim porque nosso pai ligou aos prantos, porque a minha irmã mais nova decidiu beber e dirigir, nossa mãe estava tendo um ataque, saltei da cama na madrugada, fretei um avião até aqui, deixei meu marido e meus filhos para vir ver você Mellanny, da próxima vez eu coloco um vestido de gala, faço as unhas e o cabelo e marco hora na sua agenda.-ela rebate friamente, essa é a Amelly que gosto.

-Quero sair daqui, eu não bebi.-conto.

-Não é isso que os exames dizem, eles provam, não sei por que você se arriscou tanto, não consigo entender você Mellanny... Logo você poderá sair.-ela fala finalmente depois de suspirar.

-Quero ir agora.-faço birra.

-Vou procurar o médico.-ela suspira se dando por vencida.

-Irmã?-chamo.

-O que?-ela pergunta na porta do quarto.

-Você está usando apenas um pijama ridículo.-friso o apenas.

-Obrigada.-ela ri vestindo o sobretudo novamente.

-Mellanny, quero que fique ciente que a partir de agora será complicado para você, o que aconteceu ontem virou manchete em todos as revistas. A situação está ruim, não quero preocupar você, mas pode piorar se eles quiserem apresentar queixa formal.-ela conta.

-Eu me viro.-respondo.

-Você que sabe, se quiser estou aqui para ajudar.-ela informa.

-Tá.- Amelly sai do quarto me deixando sozinha.

Estou sozinha no final, minha melhor amiga não veio me ver, deve estar dormindo depois de beber, Jonny não estará diferente, duvido que venha hoje me ver, quando acordar estará com uma tremenda ressaca. Já o conheço bem. Estou só, há apenas eu por mim mesma...

----

Oi!

Espero que estejam gostando e que me digam o que estão achando, por favor!

Até.

Salvando um destinoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora