Mente destrutiva (18/04)

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as palavras se tornam tão pequenas quando escrevo sobre ela
sinto que ela sempre estará aqui
em algum lugar no mundo
a doçura de sua existência
sempre florescerá no inverno do coração de alguém
são trocadilhos bem inusitados
admito
mas avisei que palavras eram insuficientes para descrever sua luz
ainda brilhava aos oitenta e quatro anos quando voltara a ser criança
quando Deus decidira apagar todas a quietude que as cicatrizes do seu passado causaram
não lembro mais quando a mulher deixou de existir
o tanto que me acostumei ao seu novo ser
por um lado agradeço
se esse feito tirou dela todas as preocupações que a vida lhe deu
por outro
sinto sua falta
e às vezes penso
que tudo que viveu e quem ela era ficou preso ali dentro dela
e isso me corrói
não costumo visitá-la
é difícil olhá-la e a reconhecer sem que ela consiga fazer o mesmo
seu olhar vago através de tudo e de todos
a faz parecer tão vazia e ao mesmo tempo tão só
só me fazem lembrar de como queria poder libertá-la
vê-la presa em si
faz ser doloroso lembrar o fato de que ela não consegue lembrar de nada
e é assim que vejo que pensamentos
podem destruir tanto quanto a falta deles
vejo que meus pensamentos são como o reflexo dos que agora faltam nela
nós duas estamos destruídas
pela mesma coisas
de forma contrária
cada uma à sua maneira
estamos vazias.

- Yas Silva.

Tudo o Que Eu Não DisseWhere stories live. Discover now